Diário de Classe
Vamos ler jornais
Quais serão minhas manchetes?
Além das possibilidades da TV, dos filmes, das histórias em quadrinhos e das artes em geral, há espaço também para trabalhar em aulas com jornais e revistas. Diga-se de passagem que estamos nos referindo nesse caso a um tipo de recurso que está ao alcance de muitos professores e estudantes, seja pelo fato de alguns comprarem ou assinarem ou até pela prática muito comum das escolas disponibilizarem esse material em suas bibliotecas.
Temos que inclusive alertar os educadores para o fato de que o jornal de ontem pode ser muito bem aproveitado no dia seguinte ou mesmo muito tempo depois. O que é considerado velho pela maioria das pessoas é um valioso manancial de textos, imagens, anúncios, quadrinhos, charges, gráficos e tabelas para o uso de professores das mais diversas matérias.
O primeiro, e mais importante, passo para a realização de qualquer atividade relacionada a esses recursos é ler jornais e revistas regularmente e, na medida do possível, sempre que encontrar notícias relacionadas a sua área de atuação específica, guardar o artigo, criar um arquivo, reservar o material para uso futuro.
Essa prática deve, inclusive, ser cotidiana na vida de todo e qualquer profissional da educação que queira estar atualizado com as notícias e sintonizado nas mais variadas possibilidades de recursos e aulas que podem ser estruturados a partir do uso dos jornais ou de revistas.
Uma outra prática imprescindível para que um projeto dessa natureza funcione é a coleta freqüente de mais revistas e jornais pela escola, trabalho esse que pode ser coordenado pelos próprios professores e alunos.
Ao se trabalhar com jornais podemos explorar várias possibilidades como as imagens (fotos ou ilustrações),
as legendas dessas imagens, as manchetes da primeira página, os textos...
Reafirmo que aquele jornal ou uma revista qualquer que já tenha sido lida e esteja esquecida num canto da casa de um estudante, de seus parentes, de amigos ou dos membros do corpo docente pode ganhar muita vida quando recolhido pela escola a partir de doações. Incentivem o surgimento desse ciclo regular de doações para que, de posse desses materiais, novas idéias ou projetos com jornais e revistas possam ser idealizados e realizados.
Praticamente todos os setores dos jornais e das revistas possuem alguma possibilidade real de utilização nas escolas. Mesmo as publicações que a princípio possam nos fazer torcer o nariz podem se subsídios. Fotos, desenhos, designs gráficos, textos, tabelas, infográficos e até mesmo as publicidades encontradas nesse material podem render aulas e mais aulas. E o mais importante, a utilização desse tipo de material captura a atenção dos alunos de forma impressionante (desde que o planejamento e a condução sejam bem executados).
A utilização em aula dependerá essencialmente do projeto que você está desenvolvendo com seus alunos. Deve haver uma concatenação dos temas em desenvolvimento (os conteúdos trabalhados) com artigos, imagens ou qualquer um dos vários recursos disponíveis em jornais e revistas como aqueles que citamos anteriormente.
Entre as revistas há publicações destinadas aos mais variados públicos e gostos,
tratando de temas como ciência, história, cultura, notícias, arquitetura,
geografia,
economia, relações humanas,...
Outra vantagem do uso de jornais ou revistas é a existência nesses materiais de seções específicas dedicadas a assuntos os mais variados. Além disso, no que se refere as revistas, a especificidade de temas a que se dedicam as publicações e editoras também constitui uma riqueza a ser explorada. Você pode usar os suplementos de cultura, os cadernos dedicados a trabalhos com crianças, os quadrinhos, os artigos de economia, política, esportes, as palavras cruzadas, os comentários sobre livros e filmes, notícias sobre ciência e educação...
Uma das variadas possibilidades de trabalho com jornais é a criação de manchetes a partir das imagens. Nesse trabalho o participante é orientado a não ler a matéria e a dedicar-se exclusivamente ao exame das fotografias, gráficos, desenhos ou tabelas que acompanham a notícia. É de fundamental importância que o texto e as legendas originais não sejam lidos para que os estudantes não sejam influenciados na composição de suas respostas.
O mais certo seria que nem ao menos a manchete original pudesse ser lida, entretanto, se o artigo inteiro está sendo disponibilizado, o ideal é que o título da reportagem seja comparado com a fotografia e que se proponha o surgimento de um novo título.
Peça então aos alunos para darem uma boa olhada na(s) imagem(ns) do artigo que eles estão recebendo. Repita que eles não devem ler o texto. Se for possível suprima o texto e até mesmo a manchete utilizando-se de tarjas ou mesmo de um simples exercício de cortar e colar.
Jornais conceituados como a Folha de São Paulo possuem grande variedade de cadernos diários
ou suplementares que aumentam as possibilidades de pesquisa e informação para o
trabalho
a ser desenvolvido em sala de aula em projetos com Jornais.
Com base nessa(s) imagem(ns), os estudantes devem criar um novo título para um suposto artigo que irão desenvolver. Essa atividade deve, num primeiro momento, ser realizada de forma individual e tudo o que for pensado pelos estudantes deve ser anotado numa folha. Diga a eles para escreverem as mais variadas idéias que lhes ocorram para a manchete (sempre relacionando com as imagens) de forma a criar um banco de idéias antes de selecionar aquela que lhes pareceu mais interessante.
Peça a eles que passem a manchete escolhida para o colega ao lado e que recebam uma nova manchete de outro participante. Deve ser feita a mesma coisa com todas as manchetes jornalísticas até que elas se esgotem em suas respectivas fileiras.
Os participantes devem então se reunir com as outras pessoas de suas fileiras e ter em mãos os títulos escolhidos para os artigos baseados nas imagens que viram. O próximo passo são discussões entre os integrantes do grupo sobre as sugestões de manchetes sugeridas por cada participante e a escolha de qual entre elas pode ser considerada a mais interessante e adequada se eles tivessem que compor um artigo.
Numa próxima fase eles devem ser separados em duplas ou trios e a tarefa passa a ser a redação de um artigo com base na manchete considerada pelo grupo anterior como a mais adequada para as imagens que foram analisadas. Depois disso inicia-se a leitura das reportagens produzidas pelas duplas e trios para o restante dos alunos e como conseqüência dessas leituras deverão ser estimulados debates quanto as escolhas para as manchetes e o próprio teor dos textos produzidos.
Depois de todas as etapas anteriores o professor disponibiliza as informações do artigo original e inicia um trabalho comparativo entre as produções dos estudantes e o material publicado pelo jornal ou revista utilizado. É possível trabalhar nessa estratégia com artigos iguais para todos os grupos ou mesmo com artigos diferentes para cada fileira de estudantes. Os trabalhos podem depois compor um portfólio comparativo em que sejam apresentados todos os textos produzidos, a imagem que deu origem ao projeto e também o(s) artigo(s) publicado(s) pela(s) revista(s) ou jornal(is).
Trata-se de uma experiência inesquecível para a grande maioria dos alunos envolvidos que lhes permite repensar conteúdos, articular argumentos, compor textos explicativos e, posteriormente até mesmo editar esse material no laboratório de informática.