Planeta Educação

A Semana - Opiniões

João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

Amar ao próximo como a si mesmo
Quando o respeito garante consideração e estima

Sorriso
Desaprendemos os efeitos terapêuticos do sorriso, da alegria, da satisfação.
Temos que resgatar a boa vontade, a disposição e o bom humor.

Costumo dizer a meus alunos que mostrar boa educação no trato com as pessoas em momento algum representa perdas ou problemas para quem quer que seja. Quando cumprimentamos uma pessoa com uma saudação como bom dia, boa tarde ou boa noite; ou ainda em situações em que perguntamos como estão se sentindo, manifestando preocupação sincera e mostrando as outras pessoas que nos importamos com elas; isso para mencionar apenas circunstâncias triviais que fazem parte da vida de qualquer ser humano, temos que nos manifestar de forma autêntica e verdadeira em relação aos nossos interlocutores.

Por que resolvi falar a respeito desse assunto?

Sinto até certo constrangimento em dizer isso, pois não tenho a intenção de ofender ninguém, especialmente as pessoas com as quais convivo em minha vida pessoal ou profissional, mas não devo faltar com a verdade e tenho que admitir que o mau humor, a indisposição permanente, a falta de boa vontade e, conseqüentemente, a ausência de um mínimo de educação tem feito falta em alguns ambientes que freqüento.

É inadmissível que as pessoas, educadas como são em muitos casos com o máximo de atenção e cuidado por seus pais e, na maior parte dos casos, orientadas por professores e amigos quanto a sua formação profissional e pessoal, não atentem para um detalhe tão pequenino, porém deveras fundamental em relação ao tratamento dispensado ao próximo.

Jovens-abraçados
Amizade, carinho, atenção, palavras amigas ou simplesmente um olhar podem
ajudar muito as outras pessoas. Estenda a sua mão, seja solidário.

Sou uma daquelas pessoas que acredita na vida e nas possibilidades que nos são dadas no nosso cotidiano pelo simples fato de existirmos, de estarmos aqui. Como qualquer outro ser humano também estou fadado a ter dias bons e ruins. Acordo algumas vezes com dores nas costas, depois de muita correria ao longo do dia chego a sentir dores de cabeça, tento controlar minhas finanças por que sei que alguns deslizes podem me causar preocupações, sofro com as enfermidades de familiares e amigos, meu carro já me deixou na mão a caminho do serviço,...

Em suma, não sou diferente de nenhuma pessoa que conheço, ou seja, também tenho meus dias e momentos ruins. Penso apenas que não posso me deixar levar por eles, me contaminar por sentimentos ruins que me levem a tratar de forma indelicada ou mal educada as pessoas que fazem parte de meu dia a dia.

Mesmo quando estou vivendo um desses infortúnios procuro ter forças que me permitam agir de forma digna, seja com quem for, dos zeladores das escolas onde trabalho ao presidente da firma, todos merecem respeito e consideração.

Conheço pessoas jovens que desaprenderam a sorrir. Parece que se esqueceram dos efeitos terapêuticos relacionados ao riso, a alegria, a satisfação. Pode ser que não tenham aprendido o que isso representa ou significa para elas próprias e para as demais pessoas. E não estou me referindo apenas ao fato de que isso prolonga nossa juventude e nos permite viver de forma muito mais saudável.

Não estou falando apenas das rugas ou “pés-de-galinha” que deixamos de ter prematuramente em nossos rostos. Falo da satisfação que isso lega para nossas existências e que nos garante uma maior proximidade a valores legítimos como a solidariedade, a compaixão, a tolerância, a dignidade, o respeito, a paz de espírito ou mesmo o amor pelo próximo.

Mãos-dadas
Nos esquecemos dos outros. Olhamos muito para nós mesmos. Temos sido egoístas
e não percebemos. É fundamental que possamos ajudar a quem precisa.

É o resgate dessas práticas e pensamentos que nos torna diferenciados no mundo no qual estamos inseridos, entre os seres humanos. Estender a mão para o próximo não é apenas um pensamento cristão, é universal. E não deve ser encarado como uma premissa que devemos repetir nas leituras que fazemos de nossos livros sagrados, tem que ser implementado como prática, como realidade de nossas vidas.

Há jovens que estão velhos demais com vinte e poucos anos. Há pessoas mais velhas que sabem muito bem o que significa esse carinho, essa atenção e que, por isso mesmo, fazem de suas vidas exemplos de dedicação e comprometimento não apenas com seus afazeres e projetos pessoais, mas também com a participação em trabalhos que promovem o engrandecimento da comunidade, o auxílio a quem não teve a mesma chance na vida ou mesmo, no contato diário com as outras pessoas tentando fazer com que elas percebam o quanto somos afortunados por nossa saúde, pelos empregos que temos, pelas amizades que desfrutamos, por nossos filhos e cônjuges,...

Não há conselhos a serem dados, apenas a constatação de que nossa jornada por essa Terra é curta e que não sabemos quando ela irá terminar. Por esse motivo, temos que valorizar cada minuto da nossa existência, saborear as oportunidades que nos são dadas, vivenciar experiências com profundidade, promover a verdade, mesmo que muitas vezes ela nos possa ser dolorida e, além disso, estimular a paz e o amor entre os homens.

A-paixão-de-Cristo
Não podemos “dividir o pão” apenas através de nossas palavras, temos que ser coerentes
na relação entre a teoria e a prática. O exercício da solidariedade ensinado por nossos pais,
pela escola ou pela religião começa com o cuidado que dispensamos a quem nos é
mais próximo, nossos familiares, amigos, colegas de trabalho,...
(acima, cena do filme “A Paixão de Cristo”, do diretor Mel Gibson).

Sinto que às vezes não sou compreendido quando, ao conversar com as pessoas, tento fazer com que relaxem e se sintam menos tensas. Tento não ser ofensivo em nenhuma circunstância, por isso mesmo, minhas iniciativas são brincadeiras amistosas, através das quais quero extrair o sorriso perdido dentro do peito de um amigo, colega, aluno,...

Na maior parte das vezes sou correspondido e tenho a satisfação de saber que pude ajudar. Não sou um anjo da guarda e nem tenho a intenção (e obrigação) de salvaguardar todas as pessoas com as quais convivo. Sinto apenas o dever da solidariedade, de quem ao ver uma pessoa que está se afogando, deve se jogar ao mar e tentar resgatar essa vida que está a se perder. Sou cristão e professo a minha fé através de minhas palavras e de meus atos.

Chega de mesquinharias. Abaixo o baixo astral. Deixemos de reclamar. Tentemos realizar muito mais do que se espera de nós como funcionários burocratas repetindo nossos serviços dia após dia, sem termos a satisfação de conseguir ao menos que uma única pessoa por dia tenha sorrido por nossa causa. Podemos estar salvando vidas sem que saibamos.

Há exemplos notáveis de pessoas que fazem isso todos os dias, de forma consciente, de olhos abertos para o próximo, cientes de como podem mudar a vida da pessoa que está sentada ao seu lado no ônibus em que voltam para casa ou na mesa a sua esquerda no escritório em que trabalham. Algumas palavras ou simplesmente um sorriso ou um cumprimento podem fazer a diferença entre viver e morrer...

Nunca se esqueçam disso!

As respostas que colhemos são de gratidão, de reconhecimento, de estima, de amizade, de sinceridade. Pessoas que se sentem confortadas por nossos pequenos gestos de solidariedade e carinho ao longo do nosso caminho nos guardam em seus corações e orações. Nosso coração agradece por que, ao final das contas, ele passa a pulsar num ritmo calmo e cadenciado de quem fez justiça, promoveu a paz e estimulou a perpetuação do amor entre a humanidade...

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