Carreira
Conselhos profissionais que precisam ser dados e não vendidos
João Luís de Almeida Machado
Se conselho fosse bom não seria dado e, sim, vendido. Quem nunca ouviu este conhecido fruto da sabedoria popular que atire a primeira pedra... Na realidade, tal pensamento simples, fruto do senso comum, é filho do capitalismo e, em assim sendo, propaga a ideia de que se o produto for bom, é preciso estipular preço e ganhar em cima dele...
A vida, no entanto, carece verdadeiramente de uma maior capacidade das pessoas ajudarem umas às outras independentemente do retorno que venham a ter em relação a isso. Precisamos ser mais solidários e, tantas vezes somos, seja no contato com familiares e amigos ou mesmo diante de conhecidos, clientes ou estranhos.
Na internet, por vezes, nos deparamos com ideias interessantes que merecem ser compartilhadas e, nestes tempos em que há tanta notícia falsa e dicas que nada agregam, quando nos deparamos com algo de real valor é preciso não apenas passar adiante, mas também, pensar a respeito e aprofundar a discussão.
É o que iremos fazer aqui em relação aos “5 melhores conselhos profissionais que já recebi”, provenientes do site O Trampo. Vamos então a estas orientações provenientes deste portal especializado em empregabilidade e recolocação no mercado de trabalho:
Conselho 1: “Passamos a maior parte da vida adulta no trabalho. Você tem, ao menos, que gostar do que faz. Se não gosta, é hora de repensar”.
Façamos então apenas uma ponderação relativa a questão do tempo, abordada neste pensamento, imaginando que você tenha começado a trabalhar com 20 anos e que irá labutar até os 75... São mais de 50 anos no trabalho, numa média de 8 horas diárias, com descansos nos finais de semana (que as vezes são interrompidos por demandas profissionais)... imagine o quanto pode ser, literalmente, torturante para uma pessoa ficar todo este tempo fazendo algo que não lhe traz satisfação, que não a realiza, que lhe parece inócuo, perda de tempo, apenas para que no final do mês receba seu pagamento e salde seus débitos... Que vida mais infeliz! Se o seu negócio é cozinhar, ser agricultor, dar aulas, trabalhar com computadores ou ser executivo, corra atrás do seu sonho, não apenas sobreviva, vá além disso, viva aquilo que deseja, de forma intensa!
Conselho 2 – “Manda quem pode, mas só obedeça até onde a sua ética permitir”.
Alguma dúvida quanto a isso? Se seus valores não são respeitados, se burlar a lei lhe é requisitado, se algo que ofende suas crenças pessoais e profissionais lhe é pedido, não hesite, caia fora. Vivemos hoje num mundo onde as pessoas são capazes, literalmente, de “vender a mãe”, “passar por cima dos outros” ou, mesmo, literalmente “se prostituir”, deixando de lado tudo aquilo que lhe foi ensinado pela família, escola e ao longo de sua existência. Não seja tão pobre de espírito, não abra mão de seus princípios, mas de qualquer recompensa imediata que possam estar lhe oferecendo pois o preço, na saída, certamente será mais caro, seja em sua consciência ou perante a lei...
Conselho 3 - "Tão importante quanto chegar é deixar um emprego. Não interessa o motivo. Mantenha o profissionalismo do primeiro ao último dia".
Você pode estar descontente ou desinteressado, desgastado e desmotivado, mas não pode deixar de ser profissional em nenhum momento. Enquanto estiver na empresa, entregue o que lhe foi pedido, seja ético, atue de forma correta e preserve seu nome e as boas relações que tiver construído. Isso lhe garante em seus futuros passos no mercado a necessária credibilidade para que as pessoas abram novas portas para você e que, eventualmente, seus ex-empregadores reconheçam que você foi correto até mesmo quando estava prestes a sair da empresa.
Conselho 4 - "O mundo é redondo e dá voltas. No mercado de trabalho, ninguém é, todo mundo está (em uma posição). Reencontros acontecem e, às vezes, posições se invertem".
Todo mundo já vivenciou situações em que alguém na empresa, acima na hierarquia, revelou todo o veneno em si contido a partir do poder que lhe foi atribuído. Isso lembra o provérbio “dê poder a um homem (ou mulher) para que você possa enfim conhecer seu caráter”... Mas, a vida dá voltas, e as mentiras e falsidades de hoje não perduram para sempre... Quem não é lícito, honesto, ético e profissional um dia irá prestar contas no RH e, como amanhã é outro dia, esta pessoa poderá estar sob o comando daquelas nas quais fez arder o chicote impiedosamente... Não, não é a hora da vingança como podem pensar alguns, mas a da volta por cima, ou seja, demonstrando a superioridade de quem realmente foi preparado para exercer funções de chefia, atuando como um líder e não apenas como um simples chefe...
Conselho 5 - "Veja o feedback como um presente. Se você receber um, agradeça. Avalie, mas se você achar que não te pertence, não se obrigue a usar".
O retorno de seus superiores ou colegas de trabalho é sempre algo necessário e demandado por quem faz parte de equipes, realiza projetos, trabalhar arduamente. Empresas em que o feedback não acontece criam um clima ruim, no qual as pessoas não sabem ao certo se sua colaboração está sendo percebida e avaliada, se seus esforços são reconhecidos e seus erros passíveis de orientações. Em condições normais de temperatura e pressão em qualquer empreendimento é preciso posicionar as pessoas de seu time sobre o trabalho coletivo e individual. No entanto, o feedback tem que ser ponderado e inteligente, com posicionamentos que realmente agreguem, seja no elogio ou na crítica, para os necessários reposicionamentos ou continuidades de quem recebe esta informação. Muitas vezes isso não acontece dentro desta perspectiva, ou seja, a crítica é mal feita e colocada de forma indevida. Neste caso, compete a quem a recebeu desobrigar-se de usá-la ou considerá-la...
Vale também considerar que trabalho é coisa séria, mas que por vezes não devemos levar tudo tão a sério assim. Por mais que estejamos envolvidos com o que fazemos, a vida segue também em outras instâncias e não devemos deixar isso em segundo plano, afinal, no “frigir dos ovos”, o que fica de mais valioso para cada um de nós são, realmente, as conexões que fizemos com as pessoas, com a vida, com o mundo...
# Pouco, muito ou nada: O quanto aprender e ensinar mudaram?