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Educação e Tecnologia

Maria Paula da Silva  Coordenadora pedagógica de projetos na Planneta. Atua com Educação Infantil e Ensino Fundamental I na rede municipal de Osasco, oferecendo o uso da Tecnologia Digital da Informação e Comunicação como um recurso didático/ pedagógico no contexto educacional.

Como lidar com os alunos “nativos digitais” da geração Y?
Maria Paula da Silva

Marc Prensky, modernidade líquida

Não faz tanto tempo assim que nós, meros mortais “imigrantes digitais”, éramos obrigados a ir até uma biblioteca para pesquisar sobre algum assunto – tanto escolar quanto do cotidiano. Porém, com o avanço da tecnologia, uma nova geração surgiu: a dos “nativos digitais”, termo criado pelo desenvolvedor de games e estudioso do assunto Marc Prensky. Para ele, os integrantes da Geração Y parecem ter dons tecnológicos inatos.

Para os nativos digitais tudo é online e a tecnologia é algo natural para eles, o que dificulta a percepção do que está fora deste mundinho. A comunicação é muito rápida, fazendo surgir o que um estudioso chamou de “modernidade líquida”, onde uma mesma informação pode ser encontrada em diversas representações. O jovem da geração Y consegue gerenciar essas informações ao mesmo tempo em que escuta música e conversa com alguma outra pessoa de forma online.

E os adultos que estão fora dessa linguagem, como podem lidar com essa modernidade? Para os pais dessa geração, acostumados a reuniões presenciais em família, adequar-se a este novo estilo não é nada fácil. Assim como para os professores que lidam com esses jovens em sala de aula.

Segundo a mestra e especialista em Educação Carolina Defilippe, o professor que está inserido em uma sala de aula no estilo do século 19, com a formação do século 20 e alunos do século 21, necessita de uma capacitação continuada, com foco específico em tecnologia. Mas, principalmente, precisa de coragem para mudar a sua didática, onde se faz necessária à inclusão da Educomunicação em sala, fazendo o aluno ler o conteúdo, formular uma visão crítica e criar algo.

O desafio é usar a tecnologia a nosso favor, valorizando os insights de cada aluno e mostrando a ele que, mesmo em meio a linguagem líquida, o ato de ler, pesquisar e filtrar as informações se faz necessário. Devemos valorizar as inteligências múltiplas dessa geração. Como já citado, o aluno nativo digital consegue interagir de diversas formas e executar inúmeras atividades ao mesmo tempo. Mas se este aluno não for direcionado pedagogicamente e tecnologicamente, ele provavelmente se perderá no caminho da aprendizagem, desviando-se do foco proposto pelo professor. Esse é o papel que o educador deve exercer em sala de aula, propondo que toda essa habilidade seja usada em primeiro lugar a favor do próprio aluno, mas também a nosso favor.

Dicas para se colocar isso em prática:

1. Deve-se estimular as produções coletivas para trabalhar em sala de aula, com o uso de vídeos e áudios nos quais o aluno possa ter atuação efetiva na pré-produção, produção e na pós-produção do arquivo.

2. Caso sua escola não tenha acesso à internet, pode-se usar o laboratório de informática da escola, com a utilização de programas de edição de texto e imagens para criar vídeos com contextos diversos, além de trabalhar gêneros textuais, fazendo o aluno sentir-se parte da criação do conteúdo.

3. Uma tendência dessa geração é a interação com blogs, wikis e redes sociais. Então, trazendo isso para a realidade pedagógica/tecnológica, o acesso à internet facilitará a criação de blogs e grupos fechados nas redes sociais, nos quais o professor pode estimular a participação efetiva dos alunos com postagens, enquetes e debates em torno do conteúdo abordado. E se você não tem acesso à internet, por que não criar um diário de bordo? Também com o editor de texto podemos estimular o aluno à prática do registro coletivo ou individual, a autodescrição, o compartilhamento de preferências, a imersão emocional e finalizando com a apresentação do conteúdo registrado.

4. Exposição de trabalhos escolares é algo estimulante não somente para alunos e professores, mas também, para a comunidade. Atividades em grupo, tanto síncronas ou assíncronas, nas quais todos possam colaborar, participar e até mesmo competir de vez em quando, estimulam a criatividade, segurança e autonomia desses alunos.

5. Outra opção é formar grupos para simular jogos, nos quais os personagens sejam os próprios alunos. Cada um deverá assumir um papel neste jogo, como mestre, vilão, herói e assim por diante. O professor pode criar mapas com instruções de localização, envolvendo a disciplina de matemática, colocando pistas e, por que não, trabalhar o conceito de programação com eles.

6. Vídeos gravados pelo próprio professor e câmeras digitais para efetuar os registros podem ser uma maneira de introduzir a tecnologia no contexto educacional. Para trabalhar a disciplina de Língua Portuguesa, por exemplo, o professor pode solicitar o script do jogo em produção coletiva, no software de edição de texto.

7. É possível também abordar os conceitos de multimídia, crossmídia e transmídia. No primeiro, nós podemos trabalhar dois textos idênticos, mas em formatos diferentes, como impresso e digital. No crossmídia, a informação em questão pode ser disseminada em diversas formas, porém elas devem se conectar. Por exemplo, trabalhar o conteúdo do livro didático e depois propor a criação de uma tirinha no computador como mesmo conteúdo. Já no transmídia, a relação de aprendizado é ainda mais dinâmica, pois sempre serão disponibilizadas partes do conteúdo em setores diferentes, ou seja, o aluno pode receber uma informação, como uma instrução do conteúdo que o professor trabalhará naquele dia, mas só poderá seguir o próximo passo, se acessar o conteúdo seguinte.

O mais importante durante a introdução dessas práticas é o professor ter uma escuta ativa, assim ele conseguirá traçar um objetivo assertivo para seus alunos.



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