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Educação e Tecnologia

João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

Tecnologia Educacional no currículo de pedagogia e licenciaturas
João Luís de Almeida Machado

didática, ferramentas tecnológicas

Fala-se muito em melhorar a qualidade da educação no Brasil. Especialistas advogam a ideia de que é necessário investir nos cursos superiores em que se prepara a nova geração de educadores que irão para as salas de aula de todo o país e que, com sua presença e participação, serão fundamentais para que a excelência almejada para nossa educação se efetive de fato. Rever o currículo é, então, uma das prioridades e, nesta revisão, urge criar como parte desta formação docente universitária a cadeira destinada as tecnologias educacionais e as metodologias ativas relacionadas.

Durante curso em pós-graduação, destinado a profissionais que estão no mercado de trabalho, atuando como professores e gestores, em cargos de direção ou coordenação, em escolas públicas e particulares brasileiras, no qual trabalhei tecnologias educacionais e metodologias ativas tive deste público seleto a informação de que até então, como parte dos cursos de graduação ou extensões por eles já realizados, não haviam tido contato com este conteúdo, ou seja, as tecnologias não foram formalmente apresentadas, com base em teorias, projetos, estudos e aplicações já realizadas.

Aprender as usar as novas tecnologias, apesar de serem cada vez mais intuitivas, o que facilita a sua compreensão e utilização, não significa estar preparado para usar em sala de aula. A utilização didática demanda uma série de atualizações e revisões quanto a prática educativa, como:

- A compreensão das ferramentas tecnológicas quanto as possibilidades por elas oferecidas e adequação a diferentes necessidades e aplicações;

- A sua adequação aos planejamentos educacionais;

- O uso dentro de estratégias e metodologias que adicionem os recursos a práticas presenciais;

- A compreensão e utilização do ensino híbrido e metodologias afins, já existentes ou a serem criadas;

- O entendimento e aplicação das metodologias ativas;

- O domínio dos conteúdos e também do seu ensino com o apoio de recursos tecnologias;

- A estruturação de aulas lúdicas com base em projetos.

Existem, é claro, outras demandas e possibilidades a serem acrescentadas a esta lista, o importante é compreender que tudo isso representa mudanças estruturais e culturais no contexto educacional e que, é certo, isso é progressivo, ou seja, as alterações vão sendo trazidas aos poucos ao universo das salas de aula.

Há, evidentemente, um embate cultural nesta transição no que tange inserir e aplicar as tecnologias educacionais em sala de aula pois é preciso superar o modelo educacional vigente, pautado em práticas nas quais tais ferramentas não fazem parte, ou seja, em um contexto de trabalho ainda bastante conservador e pouco afeito a inovações.

A insegurança dos docentes em relação ao uso de tecnologias e metodologias ativas se relaciona, além da questão cultural e em decorrência dela, em aspectos como:

- Artificialidade na relação com instrumentos tecnológicos decorrente da sua não usabilidade no cotidiano educacional;

- Receio de que os alunos, nativos digitais, saibam mais que o educador, oriundo de geração anterior, portanto migrante digital;

- Insegurança em relação as ferramentas disponíveis por conta de desconhecimento ou pouca prática;

- Falta de orientação quanto ao uso didático de recursos tecnológicos;

- Desconhecimento do Ensino Híbrido e das metodologias ativas relacionadas ao uso de tecnologias em paralelo com estratégias presenciais já conhecidas e dominadas pelos docentes;

- Insegurança diante do constante lançamento de novidades tecnológicas no mercado que, aos poucos, vão chegando as escolas e o levam a crer que é preciso adotar tudo ao mesmo tempo;

- Acomodação que o faz preterir o uso das tecnologias em detrimento das aulas convencionais por já ter o domínio de tal estrutura e modelo de trabalho docente;

- Falta de estudo e aperfeiçoamento na área, o que acontece desde a universidade, em sua graduação, até os cursos livres, muitas vezes ofertados pelas redes públicas e/ou privadas, que se atém mais a equipamentos e softwares que propriamente as estratégias e propostas de trabalho educacional, com foco didático.

É necessário, neste momento, que o MEC e as universidades, de forma pensada e com propósitos claros, permitam que não apenas as tecnologias educacionais e as metodologias ativas sejam inseridas no currículo de formação dos futuros pedagogos e licenciados para dar aulas no ensino básico brasileiro.

Rever esta formação, oferecendo novas metodologias e projetos relacionados ao uso de recursos inovadores têm que ser acompanhadas de um currículo em que as teorias acompanhem a prática, com a contextualização dos saberes permitindo aos educandos compreender os motivos dos saberes que estão sendo com eles compartilhados, a plena compreensão dos objetivos educacionais das escolas e redes, o ensejo a participação das comunidades na vida escolar, a elaboração de projetos políticos-pedagógicos alinhados com a demanda social, a compreensão das leis da educação e tantos outros...

A educação nacional está numa encruzilhada. Os índices nacionais para o ensino básico e os estudos internacionais que apontam o nível da educação mundial apontam uma distância muito grande do Brasil em relação a outras nações ou mesmo a efetivação de médias que promovam o país a um patamar de rendimento e resultados educacionais satisfatórios.

O enfoque, neste momento, deve ser aquele de trabalhar metas a médio e longo prazo que permitam a educação nacional realmente caminhar na direção da excelência, sem que partidarismos ou projetos demagógicos atrapalhem este andamento. É hora de renovar a educação e, certamente, as tecnologias educacionais e as metodologias ativas precisam fazer parte do currículo de formação das futuras gerações de educadores brasileiros.



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