Cinema na Educação
Gandhi
Grandeza, Sabedoria e Simplicidade
Submeter a Inglaterra a uma indesejada derrota na mais brilhante pérola da coroa do vasto império britânico foi apenas a mais conhecida façanha da história de vida de um pequeno grande homem chamado Mahatma Gandhi. Talvez tenha sido o ponto de maior repercussão de uma carreira pessoal de constante busca de justiça, harmonia, liberdade e paz, mas sem dúvida é apenas um marco entre tantos outros agregados a vida desse ser humano fabuloso nascido na Índia e educado no próprio Reino Unido.
Tendo se formado advogado, Mohandas K. Gandhi deslocou-se para a África do Sul para exercer sua profissão. Sua experiência nessa colônia britânica foi decisiva para que definisse os rumos que iria tomar a partir de então. Vítima de preconceitos e ao mesmo tempo observador arguto dos acontecimentos que levavam indianos e sul-africanos a constantes humilhações em seus próprios países, o jovem bacharel em direito resolveu comprar essa importante briga, sabendo das imensas dificuldades que lhe acarretariam...
Diferentemente de outros expressivos líderes de então, adotou uma postura de persistência, valentia e não-violência que o tornaram a partir de então, referência mundial e um dos homens mais respeitados tanto pelos que passaram a segui-lo quanto por aqueles que confrontava.
Foi agredido diversas vezes, em tantas outras foi aprisionado, também interrogado e ainda submetido a toda ordem de pressões e coerções quanto se possa imaginar. O que estava em jogo era muito mais que a simples emancipação política de uma expressiva colônia britânica, para os ingleses a perda da Índia acarretaria inúmeros prejuízos financeiros com a derrocada de investimentos e a perda de patrimônios estabelecidos naquela localidade.
Além disso, o fim do domínio britânico em terras indianas poderia sugestionar outras áreas colonizadas a se levantar contra o imperialismo dos ingleses. Novas rebeliões, líderes, movimentos e guerras explodindo bombas, declarações, manifestações das mais diversas naturezas e gerando o surgimento de mártires da liberdade era o que menos desejavam os dominadores da terra da Rainha.
O mais interessante a respeito desse pacifista e agitador em prol da liberdade da Índia é a clara noção que possuía de que a independência do país só poderia ser alcançada se os indianos abrissem mão dos hábitos e práticas dos colonizadores, tornassem vivos os seus costumes (língua, religião, gastronomia, música, literatura,...) e se valorizassem enquanto povo, cultura e nação.
A desobediência civil pregada por Gandhi levou a Índia à liberdade. Seus longos jejuns e extenuantes caminhadas ao longo do país consolidaram uma nova ética, uma proposta política autêntica e também a redenção de valores pouco difundidos e reverenciados no Ocidente como a solidariedade, a paz, a não-violência e a esperança. Tudo isso com muita simplicidade, sabedoria e grandeza...
O Filme
“A não-violência é a mais alta qualidade de oração. A riqueza não pode consegui-Ia,
a cólera foge dela,
o orgulho devora-a, a gula e a luxúria ofuscam-na, a mentira a esvazia,
toda a pressão não justificada a compromete”. (Gandhi)
Assisti “Gandhi”, do diretor inglês ‘sir’ Richard Attenborough quando o filme foi lançado no Brasil, em 1982. Posso atestar que a história de vida do líder indiano transformou minha existência, tendo me concedido preceitos que respeito, procuro seguir, admito como bases do meu viver, de minha filosofia e ética pessoal. Tinha apenas 15 anos quando vi o filme pela primeira vez, entretanto a força das imagens e, principalmente das mensagens e do exemplo de vida de Gandhi permaneceram comigo desde então. Acredito na tolerância, na não-violência, na desobediência civil como forma de resistência, na paz e verdadeiramente no amor como respostas autênticas, verdadeiras e sólidas contra qualquer opressão.
A história do filme de Attenborough nos coloca em contato com o jovem advogado Gandhi chegando à África do Sul e sendo submetido a situações constrangedoras de discriminação apenas pelo fato de ser indiano (o que também acontecia com os negros sul-africanos). Seus francos posicionamentos contra a opressão dos ingleses o colocam em evidência e o tornam desde esse princípio de história num nome forte na luta pelos direitos, contra a intolerância, a favor da liberdade dos povos oprimidos por longos anos de colonialismo europeu.
Tendo despertado para as necessidades e premências do longo embate que teria por toda a sua vida contra os colonizadores britânicos, Gandhi desloca-se para sua terra natal, a Índia. Realiza jejuns, caminhadas, enfrentamentos públicos e vai para a prisão algumas vezes. Nada parece suficientemente forte e poderoso para submeter sua vontade, sua fé. Inabalável em seus princípios, continua a desafiar dia após dia os canhões e a força dos exércitos britânicos estabelecidos em seu país.
Sua força está nas palavras e atitudes. Contra o mais poderoso dos exércitos a Índia contava com um homem pequenino, magro, aparentemente frágil que parecia, aos olhos de seus oponentes, um verdadeiro gigante.
Além de todos os atos pessoais assumidos em prol da luta contra a dominação inglesa da Índia, Gandhi se mostrou hábil politicamente para através da diplomacia, da negociação, dobrar as autoridades que representavam o império britânico.
Para ver e rever. Imortal. Uma aula de cinema com conteúdo explosivo que liberta a alma e o espírito.
Obs. “Gandhi” foi premiado com oito ‘oscars’ (entre os quais melhor filme, diretor para Richard Attenborough, ator principal para Ben Kingsley e roteiro para John Briley).
Aos Professores
“Temos de fazer com que a verdade e a não-violência não sejam metas apenas para a prática individual,
mas para a prática de grupos, comunidades e nações. Esse pelo menos é o meu sonho.
Viverei e morrerei tentando realizá-lo.
Minha fé me ajuda a descobrir
novas verdades a cada dia que passa”. (Gandhi)
1- Vivemos num mundo onde impera a violência. Guerras, tráfico de drogas, assassinatos, assaltos à mão armada e tantas outras agressões são cometidas e noticiadas todos os dias. Algumas nos atingem diretamente, nos afligem, nos fazem cercar nossas casas, colocar grades nas janelas, instalar alarmes, ter cachorros para defender nossas famílias. Outras nos ofendem indiretamente, nos mostram o lado vil da humanidade, suas ambições e descaminhos. Dizem que notícia ruim vende muito mais jornal, mas que tal propor o caminho inverso e montar um jornal escolar onde só falemos de coisas boas? Que acham de mudar a pauta do dia e, ao invés de criticar excessivamente ou amedrontar nossa comunidade com mais informações sobre os dramas do cotidiano, contar as histórias que apresentam a solidariedade, o respeito pela natureza, o trabalho em equipe, a defesa dos direitos dos oprimidos ou das minorias,...
2- Falar de Gandhi é resgatar suas mensagens e imagens. Além de ver o filme, proponha a seus alunos uma deliciosa interação entre a pesquisa dos pensamentos de Gandhi e a produção de quebra-cabeças com diferentes imagens da vida do líder indiano. Depois disso, levem os trabalhos produzidos para crianças de faixas etárias entre 5 e 10 anos para que elas brinquem e também conheçam um pouco das idéias de Gandhi.
3- Proponha aos estudantes que façam relatos a partir do filme como se fossem um dos personagens ocidentais que tem a possibilidade de conhecer Gandhi (como a fotógrafa vivida por Candice Bergen ou o jornalista personificado por Martin Sheen). Esses relatos seriam como cartas enviadas a amigos ou familiares e teriam que ser produzidos em papel envelhecido para dar mais realismo ao exercício. Para tal atividade é necessário que o conteúdo da carta seja feito em primeira pessoa e tenha caráter descritivo.
4- Gandhi influenciou outros importantes líderes de nosso tempo. Entre eles podemos citar o pastor norte-americano Martin Luther King, o líder sul-africano Nelson Mandela e o também sul-africano Stephen Biko. Peça aos estudantes para descobrirem mais informações sobre esses outros importantes homens da luta contra a intolerância, a discriminação e a violência. O que há de comum entre eles? Que diferenças existem em suas trajetórias? O que os tornou referências internacionais?
Ficha Técnica
Gandhi
(Gandhi)
País/Ano de produção: Inglaterra/Índia, 1982
Duração/Gênero: 188 min., Drama
Direção de ‘sir’ Richard Attenborough
Roteiro de John Briley
Elenco: Ben Kingsley, Candice Bergen, John Gieguld, Edward Fox,
Martin Sheen, Trevor Howard, John Mills, Ian Charleson, Nigel Hawthorne.
Links
- http://cineclick.virgula.terra.com.br/cinemateca/ficha_filme.php?id_cine=8418
- http://www.imdb.com/title/tt0083987 (em inglês)