Educação e Tecnologia
O papel das TICs em personalizar a educação
Gustavo Hoffmann
A educação é um desafio constante. Não basta apenas entrar na sala de aula, começar a apresentação do conteúdo e mensurar o nível de aprendizagem com base nos resultados da avaliação. No fim do semestre o aluno ainda saberá todo o conteúdo apresentado? Infelizmente, na maioria das vezes, a resposta é não. O processo de ensino e aprendizagem é muito mais amplo e complexo, e quando o foco do ensino não é o aluno, mas a classe, a assimilação do conhecimento fica para segundo plano. Afinal, estudantes têm ritmos, habilidades, facilidades e dificuldades diferentes. E, por isso é necessário que o ensino também seja personalizado e centralizado no aluno.
Um dos gaps da educação é a dificuldade de respeitar as individualidades em sala de aula, impondo o mesmo ritmo a todos os estudantes e cobrando resultados. As consequências disso? Notas baixas, pouca aprendizagem e evasão. Se não existe ensino sem aprendizagem, como personalizar a educação em um ambiente tão complexo, como as salas de aulas lotadas, na maioria das vezes, com mais de 60 alunos? Como personalizar a educação quando a contratação de aulas particulares é inviável financeiramente e não escalável? Afinal, seria necessário contratar centenas - ou até milhares - de professores particulares para suprir o gap de aprendizagem no ensino superior no Brasil. Mas a resposta para a problemática está no uso das TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) a favor da educação.
Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) de qualidade, como o Blackboard, permitem que os professores entendam a jornada do estudante, acompanhem seu desenvolvimento, conheçam suas habilidades e dificuldades. Além disso, tutores e educadores que fazem bom uso da tecnologia são capazes de não apenas usar ferramentas tecnológicas em sala de aula, mas de interpretar dados para compreender o nível de aprendizagem de cada estudante. É no AVA que a personalização em larga escala acontece, apoiando as instituições a entender e suprir as dificuldades individuais.
E nesse sentido, precisamos também discutir o papel das Metodologias de Aprendizagem Ativas e do Blended Learning (ensino híbrido) em permitir esse tipo de ensino centrado no aluno. O conteúdo tem extrema importância na aprendizagem, mas quando as aulas se resumem na exposição dele, aí é que nasce o problema. Com a tecnologia, esse conteúdo pode ser empacotado no AVA e o aluno pode seguir seu próprio ritmo – lendo, relendo, revisando em qualquer hora e lugar. As aulas presenciais se tornam momentos hands on – com apresentação de projetos e cases reais que incentivem o conhecimento prático.
Esse tipo de ambiente não está fora da realidade brasileira. Não é só em Harvard e no MIT que o modelo tem dado certo. Vemos a mudança acontecendo em algumas universidades preocupadas com a assimilação do conteúdo e a qualidade da educação para o indivíduo. Mas ainda há um longo caminho a ser percorrido para que a mudança impacte todas esferas de ensino. A adoção de tecnologias que respeitem as individualidades do estudante é apenas um passo, tão importante quanto o convencimento da gestão das universidades sobre a importância do investimento e o treinamento corpo docente para enxergar a tecnologia como facilitadora do trabalho dele em sala de aula.
O resultado pode ser bem positivo para a educação. Já é comprovado que o modelo com menos aula expositiva, como o blendend learning, gera melhores resultados. Os alunos aprendem mais e estão mais satisfeitos. O objetivo final de todas essas mudanças, claro, é colocar o aluno no centro do processo de aprendizagem, e com a personalização do ensino, fazer com que os estudantes atinjam 100% de aprendizagem e que as universidades, de fato, ofereçam um ensino de qualidade e centrado no aluno.