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Educação e Tecnologia

João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

Educação presencial x Educação à distância
João Luís de Almeida Machado

presencial, formação profissional

Cursos pela internet ou em sala de aula? O que fazer? Se este dilema se apresenta para você é sempre importante ponderar os prós e contras dos dois modelos para que a escolha possa ser a mais efetiva. É igualmente importante, no entanto, pensar primeiramente em suas próprias características como aluno para que se verifique em qual modalidade você pode ter melhor aproveitamento.

Antes de mais nada é preciso considerar que, seja qual for a sua opção, em ambas é preciso comprometimento, disposição para aprender, interesse genuíno no curso, presença e participação.

O futuro estudante que tiver tal nível de envolvimento certamente fará, no mínimo, um bom curso. A expectativa deve ser sempre a de fazer o melhor possível e de se destacar, com boas notas, projetos e realizações que permitam consolidar a aprendizagem. Se o curso for em nível de graduação, pós-graduação ou mestrado é importante considerar que seu rendimento e, principalmente, o quanto realmente aprender e puder aplicar serão os diferenciais para o seu sucesso no mercado de trabalho. Por isso a necessidade do empenho ser o maior possível.

Suas características, conforme frisado anteriormente, são deveras importantes na escolha do modelo de curso que irá escolher. Se você é focado, capaz de dedicar algumas horas a estudos e projetos sem que alguém tenha que monitorar o seu andamento, é organizado e possui uma estratégia de trabalho eficaz, consegue gerir as horas de seu dia sem que uma atividade acabe atrapalhando a outra e gosta de trabalhar com o apoio das tecnologias, sendo hábil no manejo das mesmas (conhecendo os aplicativos e recursos que serão usados em sua formação), certamente o caminho da Educação à Distância pode ser o melhor para você.

Se, por outro lado, a interação com outras pessoas em seu processo de estudos, como por exemplo com professores e colegas de classe, for importante para a consolidação de seus estudos; se para você é importante que alguém explique diretamente os conceitos e verifique as tarefas para lhe dar feedback mais imediato e personalizado, sem a intermediação de recursos; ou ainda se a tecnologia não o faz sentir-se confortável no manuseio de informações, produção de seus trabalhos ou mesmo no uso de aplicativos e demais recursos, você provavelmente se sentirá melhor num curso presencial. Em ambos os casos é preciso pensar na formação como sendo, hoje, realizada tanto presencial quanto virtualmente. Os cursos via internet, por exemplo, são sempre intermediados por momentos em que os estudantes têm que, periodicamente, visitar os polos de apoio presencial, nos quais tem acesso a tutores, trocam ideias com colegas com os quais normalmente interagem na maior parte do tempo pela web ou mesmo acessam recursos físicos não disponíveis em formato digital.

Em formações presenciais as instituições já estão prevendo a inserção de parte de atividades a serem realizadas em plataformas educacionais, os chamados Ambientes Virtuais de Aprendizagem, através dos quais os professores com os quais os alunos interagem em sala de aula disponibilizam atividades, materiais ou mesmo realizam projetos e avaliações.

O que se percebe, em ambos os modelos, é que a formação usa bases semelhantes para consolidar o aprendizado, ou seja, há videoaulas e aulas presenciais, nas quais um professor especialista trabalha os conteúdos específicos da disciplina pela qual é responsável; são oferecidas leituras de apoio, material imagético, gravações em áudio ou vídeo como materiais de apoio tanto em repositórios digitais quanto em bibliotecas presenciais; listas de atividades e exercícios ou projetos a serem realizados individual ou coletivamente são igualmente partes do processo na internet e nas salas de aula pelos professores.

Tudo isso é ofertado em maior instância no modelo presencial ou virtual em “roupagem” física e digital, respectivamente, sem que, no entanto, sejam também oferecidas aos estudantes como recursos digitais para quem faz cursos presenciais, como apoio e material de aprofundamento, ou em modo físico, por meio dos polos e como sugestão de materiais a serem adquiridos quando não há acesso a cópias digitais para quem faz cursos on-line.

Então, basicamente é tudo a mesma coisa?

Não. A educação à distância baseia seus processos em ferramentas digitais, ocorrendo por meio das redes constituídas e em constante expansão por meio da internet. O usuário tem acesso a cursos modelados por professores que vêm de um universo educacional convencional, tradicional, físico e adequam, por conta disso, para o mundo virtual, os processos utilizados na experiência anterior, construída em sala de aula. A web, no entanto, exponencia as possibilidades ao permitir que tanto a instituição e seus professores quanto os educandos possam acessar não apenas aquilo que está previsto no programa do curso, mas tudo aquilo que eventualmente for referencial ao tema e estiver disponível por meio da internet. Além disso o tempo e o espaço são vetores em relação ao qual o educando tem maior controle, podendo definir quando e onde irá estudar ou, mesmo, definir a duração dos cursos de acordo com a sua disponibilidade.

No modelo de formação presencial há, evidentemente, uma sede, com colaboradores que estão por ali para prestar serviços, de gestores a professores - passando por bibliotecários, técnicos de laboratório, seguranças, secretaria, manutenção, entre outros, contando com instalações para aulas, laboratórios e atividades físicas ou ainda bibliotecas... A educação presencial, por sua vez, carece da modernidade imediata oferecida pelo uso das ferramentas tecnológicas para se aproximar mais dos alunos em processo formativo. Isso, por sua vez, somente ocorre para as escolas e educadores que ainda não ingressaram no mundo tecnologizado em que vivemos. Nestes casos é preciso atualizar as práticas, oferecer formações internas, pesquisar e inserir as novas tecnologias ao cotidiano destas unidades de ensino para que o apoio e o reforço as atividades presenciais possa acontecer regularmente.

Há, é evidente, questões fundamentais em ambos os processos no que tange as suas possibilidades e resultados. Superar a inércia que há tanto tempo contamina o presencial no que se refere a uma metodologia muitas vezes ultrapassada, baseada no professor apenas, com aulas expositivas e sem o real apoio que as tecnologias podem oferecer é um desafio. Humanizar os ambientes virtuais, oferecendo oportunidades mais regulares de encontros presenciais e usar o efeito rede oferecido pelos cursos on-line no intuito de promover maior interação e intercâmbio entre os participantes das formações é, igualmente, um grande trabalho a ser feito na educação à distância.

O importante é perceber que ambas oferecem boas possibilidades, como no caso de formações em EAD, que permitem a pessoas em locais com poucas opções o estudo a partir de instituições e professores qualificados ou, então, no caso dos cursos presenciais, o potencial muitas vezes pouco explorado de se utilizar o tempo disponível com formadores experientes e bem preparados para deles aproveitar não apenas os conteúdos dos cursos, mas também as demais ações e práticas profissionais que aprenderam na lida para uma formação ainda mais sólida, como num coaching, por exemplo.

Não cabe mais discutir se o melhor é o presencial ou o virtual, o primordial é, a partir do que é oferecido, dentro das possibilidades de cada modelo, sempre buscando melhorias e aperfeiçoamentos em ambos, usufruir daquilo que é ofertado para obter a melhor formação possível.



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