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João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

Como incentivar a leitura entre as crianças e adolescentes
João Luís de Almeida Machado

contar histórias, cantarolar, interpretar

A leitura é uma ação deliciosa que deve ser incentivada antes mesmo das crianças serem alfabetizadas. A primeira ação de motivação quanto ao ato de ler começa com as palavras, gestos, ações e, principalmente, a sinceridade com que expressamos o apreço e o encanto que nós mesmos, adultos, devemos ter em relação a esta prática.

Ler é propiciar o encontro com diferentes mundos, modos de pensar, tempos históricos, pessoas e culturas. Quem gosta de ler e se encontra frequentemente com autores diversos, sempre carregando um livro embaixo do braço e saboreando as páginas na medida em que dispõe de tempo para isso, precisa traduzir este amor pelas letras quando conversa com crianças, adolescentes e pessoas que ainda não se encantaram com os livros. Em especial os educadores que, tendo relação tão próxima com o conhecimento, devem sempre ser os principais vetores desta paixão pelo mundo das palavras.

Pedir para alguém que não lê, não gosta de ler ou que, ainda, apenas “fala da boca para fora” que é a leitura é importante, sem ter o real e verdadeiro apego pelas letras, traduzir para outras pessoas, em especial para os pequenos, o incentivo e devoção à leitura é atentar contra o surgimento de novas gerações de leitores.

A primeira e decisiva ação em prol da leitura com crianças e adolescentes passa, portanto, necessariamente, pela família e por professores da educação infantil. Ler para as crianças deveria começar quando elas ainda estão no útero materno, em gestação. A leitura e a música são poderosos elementos para que as famílias mobilizem o bebê, oferecendo cultura e aconchego, carinho e paz, saúde física e mental.

Ambientes tranquilos, sem distrações externas, nos quais os pais ou professores destes pequenos, desde os primeiros meses de vida, após o parto, possam contar histórias, cantarolar, interpretar, dar vida a personagens, diferentes locais e épocas auxilia muito as crianças no que se refere a atenção despendida com a leitura. Eles ainda não aprenderam a ler, mas a contação de histórias, quando bem realizada, amplia o vocabulário, a criatividade, a capacidade de interação com a imaginação e, com tudo isso, o amor pelos autores, suas histórias, os livros e as letras.

É também preciso ter regularidade no encontro com os livros. Ler pelo menos uma vez por semana, ou até duas ou três, tomando muitas vezes espaço que é ocupado pela TV ou pela internet faz com que os livros passem a ter um espaço privilegiado na vida das crianças.

Ao se começar bem cedo esta prática regular, embalada pelo real apego dos pais ou professores que devem também ser leitores e amantes dos livros, em espaços tranquilos que ensejem a prática da leitura já é meio caminho andado.

Fazer com que as crianças participem da leitura, pedindo que antecipem partes ainda não lidas das histórias ou então que contem tudo outra vez depois que o adulto tiver finalizado a contação de histórias são meios de fazer com que os novos leitores entrem de vez no mundo das letras.

Dramatizar, ou seja, propor teatrinhos envolvendo as crianças em relação a trama da história contada são meios eficientes de engajar as crianças e fazer com que elas se tornem fiéis a leitura e que o apego a livros, histórias e autores seja ainda maior.

Rodas de leitura na escola, onde o espaço dos livros, a biblioteca, deve ser regularmente visitada são práticas muito recomendadas pelos especialistas. O processo de apego das crianças pelos livros passa, geralmente, pelo contato com livros ilustrados e revistas em quadrinhos. As HQs ou gibis, como são conhecidos, tem ilustrações que atraem os meninos e meninas com tramas interessantes que falam sobre temas fantásticos e super-heróis tanto quanto sobre o cotidiano e temas próprios do mundo das crianças. A questão fundamental é estimular sem se esquecer de oferecer leituras apropriadas a cada faixa etária.

O leitor, como a pessoa que amadurece seu paladar, vai aos poucos incorporando mais elementos e ingredientes ao seu cardápio. Quem aprende a ler começando com os quadrinhos, seja nas tirinhas de jornais, que devem ser muito utilizadas pelos professores em aulas, tarefas ou mesmo avaliações, ou em revistinhas, nunca vai deixar de gostar deste gênero, mas, provavelmente, irá evoluir para leituras mais maduras e densas com o passar do tempo.

Não há temáticas que signifiquem desperdício de tempo ou que atrapalhem a formação. A leitura permite a incorporação não apenas de novas expressões ou palavras, mas, amplia a compreensão de mundo pelo diálogo formado entre o leitor e seu companheiro nesta incrível viagem, o autor ou autores da obra. A preocupação com faixa etária ou segmento educacional procede para que evitemos a exposição prematura das crianças a assuntos em relação aos quais lhes falta maturidade e conhecimento para interagir, ferindo sua inocência e os desafiando a entender algo que é próprio do mundo adulto ou abstrato demais para o nível de informação que possuem.

A ida regular a biblioteca na escola deve ocorrer pelo menos a cada quinzena, sendo preferencial que seja semanal. Esta visita, por sinal, deve ser planejada e proposta pelo professor para que os alunos não fiquem simplesmente vagando pelos corredores. Apresentar autores, realizar leituras que irão desencadear tarefas ou projetos em sala de aula ou em casa, orientações sobre como funciona uma biblioteca ou que tipos diferentes de livros e escolas literárias ou tipos de obras existem nestes espaços são formas de usar e abusar destes verdadeiros templos de livros.

A criação de projetos nas escolas, bairros ou condomínios em que as crianças e seus familiares tenham locais de troca de livros regularmente acontecendo estimulam não apenas a troca, mas também o bate-papo sobre obras e autores. Promover o encontro de novas gerações de leitores com escritores é também uma forma de criar encantamento e promover a leitura.

Os livros, seja em papel ou no formato digital, são grandes companheiros, de inestimável valor para quem deles desfruta e, ao mesmo tempo, permitem aos leitores crescer, amadurecer, conhecer, saber e se formar da forma mais completa possível, através deste diálogo interminável com obras e autores.



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