Planeta Educação

Cinema na Educação

João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

Tarzan
Selvagens e Civilizados

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Os romanos conquistaram meio mundo utilizando-se da força de seus exércitos e da perspicácia de seus generais. Os ingleses dominaram os mares durante praticamente toda a Idade Moderna e estenderam seus domínios por todos os continentes contando sempre com sua poderosa marinha de guerra e com seus bem treinados soldados. Os norte-americanos têm dado as cartas desde o início do século XX, mais precisamente a partir da Primeira Guerra Mundial, onde se destacaram em função de suas armas e estratégias.

Falaram sempre em nome da ‘civilização’. Usaram a barbárie para imputar aos povos dominados a sua língua, os seus costumes, a sua religião e os seus negócios. Levavam em troca seus conhecimentos, que seriam dados em troca dos lucros obtidos com o comércio, a indústria ou a exploração mineral. Nunca concederam tudo aquilo que realmente possuíam, sempre parcelaram as contrapartidas ao ouro e a prata proveniente das empresas que estabeleceram entre os não-civilizados que conquistaram.

Mas, afinal de contas, esses homens que escreveram a história das conquistas não eram os heróis, não simbolizavam o progresso da humanidade, não representavam a tão almejada ‘civilização’?

O ponto primordial dessa conversa é justamente a capacidade de entendermos que quem escreve a história são os vencedores e não os vencidos. Ao definirem os rumos tomados no mundo real, aqueles que posteriormente colocam no papel a forma como os acontecimentos sucederam acabam definindo uma versão final dos fatos que os coloca como autênticos defensores dos princípios mais elevados que a humanidade criou ao longo do tempo.

O desenho animado “Tarzan”, produzido pela Disney em 1999, nos coloca em contato com uma história que reproduz os encontros entre selvagens e civilizados. Personagem surgido da imaginação de Edgar Rice Burroughs na década de 1910, as aventuras de Tarzan foram transformadas em vários filmes de grande sucesso no mundo inteiro.

A animação da Disney discute de forma divertida quem seriam realmente os selvagens e porque deveriam ser assim caracterizados e realiza o mesmo em relação aos civilizados. Nos permite pensar que as roupas, os acessórios, os utensílios, o conhecimento, a tradição e história não distinguem os homens quando há interesses materiais envolvidos e lucros a serem auferidos. Nos leva a considerar que sentimentos, ações e atitudes nobres podem ser praticadas por homens simples, de pé no chão, que vivem em contato apenas com aquilo que é natural, singelo e desprovido de luxo...

O Filme

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A costa da África, conhecida pelos perigos de seus bancos de recifes e corais, é novamente local de um naufrágio. Entre todos os tripulantes e passageiros a bordo, apenas uma jovem família consegue se salvar e tenta se adaptar as dificuldades da vida na selva que se apresenta como seu novo lar. Acompanhando esse jovem casal de ingleses, nessa jornada por terras desconhecidas e perigosas, está seu filho, ainda bebê. Esse menino de história inicial tão conturbada ainda terá pela frente muitas aventuras e correrá enormes riscos.

Especialmente pelo fato de que seus pais morrem num ataque desferido por um leopardo e ele fica só, a mercê da fera, quando é salvo milagrosamente pela intercessão de um grupo de gorilas. Integrado a uma nova família e a comunidade de macacos e gorilas, Tarzan, como passa a ser conhecido, adquire os conhecimentos próprios da espécie e passa a se deslocar pelos galhos das árvores, pular pendurado em cipós, comer os frutos típicos da terra e a desenvolveu uma força muito superior a dos homens comuns.

Ele se torna um homem-macaco. Passa a ser visto e percebido como membro efetivo do grupo apesar de algumas resistências. A partir de então já não será reconhecido como um igual pelos outros homens.

É esse ‘selvagem’ que, curioso e assustado como os demais membros de sua comunidade, assiste a entrada nas selvas de um grupo de caçadores e pesquisadores interessados em conseguir espécimes diversos e raros aos olhos dos ‘civilizados’ europeus.

Esse encontro o colocará em contato com a doce e sensível Jane, seu estudioso pai Archimedes e com o perigoso e traiçoeiro Clayton. Será um contato que definirá novos rumos para todos, para a própria floresta e nos revelará, afinal quem são os civilizados e os selvagens...

Aos Professores

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1- Que tal ler histórias sobre Tarzan com seus alunos (de Educação Infantil ou nas primeiras séries do Ensino Fundamental) antes de assistir o desenho animado da Disney. Dê preferência a livros que não sejam baseados na produção cinematográfica para que os pequenos possam imaginar os personagens, projetar suas ações e ainda criar em suas mentes os ambientes onde a ação acontece. Incentive as crianças a desenhar e, depois, proponha que eles contem a história novamente. Escreva a versão coletiva recriada pelos alunos e, com o auxílio das ilustrações produzidas por eles, crie um livro sobre o personagem editado e produzido pela classe. Eles vão adorar!

2- Mostre o desenho da Disney para os alunos e, peça a eles que comparem o que foi lido com aquilo que foi assistido. Perguntem o que foi modificado, de que forma a história ficou melhor, que aspectos empobreceram a trama ou ainda se os personagens equivaliam ao que eles haviam imaginado anteriormente.

3- Inicie uma conversa a respeito dos termos “selvagem” e “civilizado” procurando as definições que eles possuem sobre essas palavras. Monte uma resposta coletiva na lousa e peça que eles anotem. Use o dicionário para comparar com a resolução dada por eles ao problema proposto. Peça-lhes que identifiquem traços de ‘civilização’ e ‘selvageria’ na história de Tarzan. Procure junto com os alunos as justificativas para tais afirmações. Anote ou, de preferência, grave a conversa para depois rever alguns momentos do desenho ou ainda reler o livro criado pela turma para que todos possam entender melhor suas definições e respostas.

4- Aproveite o filme para falar sobre a relação entre os homens e o meio ambiente. O que fizemos com as florestas? Por que essas paisagens são importantes? O que significa dizer que há animais em extinção? Questões como essas podem iniciar um pequeno projeto em que sejam organizadas visitas a zoológicos, conversas com veterinários e biólogos, leitura de outros materiais, buscas na internet de dados a respeito dos animais em extinção, produção de painéis e, ainda, campanhas de conscientização lideradas por nossos pequenos alunos.

Ficha Técnica

Tarzan
(Tarzan)

País/Ano de produção: EUA, 1999
Duração/Gênero: 88 min., Animação/Aventura
Direção de Chris Buck e Kevin Lima
Roteiro de Noni White, Tab Murphy e Bob Tzudiker
Elenco (dublagem original): Tony Goldwyn, Glenn Close, Minnie Driver,
Brian Blessed, Nigel Hawthorne, Lance Henriksen, Rosie O’Donnel, Wayne Knight.

Links
- http://www.adorocinema.com.br/filmes/tarzan-99/tarzan-99.asp
- http://cineclick.virgula.terra.com.br/cinemateca/ficha_filme.php?id_cine=8372
-http://epipoca.uol.com.br/filmes_detalhes.php?idf=928

Avaliação deste Artigo: 3 estrelas