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João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

“O peso do conhecimento”: Cuidados básicos com as mochilas escolares
João Luís de Almeida Machado

garoto com mochila das costas

O ano vai começar. Materiais escolares são adquiridos. Livros e cadernos entram nas mochilas dos alunos da Educação Infantil ao Ensino Médio e, na esteira disso, devem pais e educadores se preocupar com, literalmente, o “peso do conhecimento”.

Médicos e especialistas alertam para o fato de que entre as crianças há sobrepeso no material escolar que levam para as salas de aula. Isso pode causar, desde cedo, problemas na coluna que vão desde postura inadequada, dores e incômodos variados até desvios na cervical.

Como estamos lidando com crianças e adolescentes, em fase de crescimento, adaptáveis a diferentes circunstâncias, pode-se imaginar que, com isso, tais problemas venham a ser superados e, ainda, que o organismo não apenas solucione a questão como confira aos alunos condições físicas, em especial musculares, para aguentar todo este peso.

A questão, diga-se de passagem, não se restringe ao excesso de peso nas mochilas, mas também a forma como este volume está distribuido. As duas situações podem ocasionar problemas como a hiperlordose (o aumento do Ângulo de curvatura na região lombar), a hipercifose (curvatura acentudada da coluna toráxica) e a escoliose (coluna em forma da letra S), a mais comum entre todas elas.

As repercussões, no entanto, alertam os médicos, afetam também os joelhos, os ombros, o pescoço e os quadris, que podem causar dores entre os estudantes.

De acordo com ortopedistas e traumatologistas as mochilas escolares devem conter, no máximo, 10% do peso corporal de quem as utiliza, em especial no que se refere a crianças e adolescentes, tendo em vista o fato de que estão em crescimento e não tem ainda sua massa corporal consolidada.

É preciso, dizem estes especialistas, equilibrar o peso das mochilas entre as suas alças pois isso pode evitar que complicações quanto a postura ou dores venham a ocorrer.

Pesquisas atestam que 4 em cada 10 estudantes no Brasil padecem de dores nas costas ou nos ombros por conta do uso inadequado das mochilas escolares.

O que fazer para evitar estes problemas?

Há vários caminhos a serem seguidos. Entre eles podemos destacar os seguintes:

- Organização diária da mochila escolar. No caso de crianças menores isso é de essencial importância e deve sempre contar com a participação deles para que aprendam e possam, aos poucos, ano após ano, se preparando para realizar esta ação por conta própria. Os pais e os alunos devem ter em mente os compromissos de cada dia e, diante da agenda de aulas, destinar para as mochilas apenas o que de fato irá ser utilizado. Desta forma evita-se que os alunos carreguem livros ou cadernos de matérias que não terão aula naquele dia para a escola.

- Utilização de fichários – Entre os alunos que frequentam o Ensino Fundamental 2 e o Ensino Médio, o uso de fichário é aconselhável pois este material pode ser carregado fora da mochila e evita que muitos cadernos ou cadernos grandes, para várias matérias, sejam colocados nas mochilas. Há uma distribuição de peso e, ao mesmo tempo, as folhas já utilizadas podem ser armazenadas em casa assim como os fichários podem conter apenas aquilo que for tema de aulas do dia.

- O uso de armários nas escolas onde os alunos possam manter parte de seu acervo de materiais usados ao longo do ano letivo é algo muito comum e regular em escolas dos Estados Unidos. As mochilas carregam para casa ou de volta para a escola somente parcela do material escolar necessário e, certamente, isso diminui o impacto e desonera a coluna e os demais membros envolvidos neste transporte. Esta medida é aplicável a todos os segmentos. No caso da Educação Infantil e do Ensino Fundamental 1 é necessário apoio de professores e familiares no gerenciamento dos materiais e dos armários. Entre os alunos mais velhos, a partir do Ciclo 2 do Ensino Fundamental, a tendência é que tenham maior autonomia. Isso pode, inclusive, ajudar os alunos a ter maior organização e responsabilidade em relação aos seus materiais e compromissos escolares.

- Recomendar o uso de mochilas escolares com rodinhas que possam ser puxadas pelos alunos e não carregadas em suas costas. Ainda assim é preciso atenção para evitar o sobrepeso para que lesões nos braços não venham a ocorrer.

- Utilize mochilas recomendadas pelos médicos e especialistas, ou sejam, aquelas que são desenvolvidas considerando-se o corpo do usuário, seu conforto e usabilidade, a proteção que confere a coluna quando em uso, a distribuição adequada de peso e a existência de compartimentos que ajudem a realizar esta melhor distribuição dos recursos dentro da mochila.

- Faça os ajustes nas mochilas para que elas estejam adequadas ao tamanho dos usuários, ou seja, mexa nas alças e demais ajustes existentes para que seu uso seja confortável e apropriado para seu filho ou filha considerando sua faixa etária e compleição física.

- Lembre-se que a mochila deve ser colocada nas costas do usuário com as duas alças apoiadas em seus ombros e com o peso maior posicionado próximo a região lombar da coluna para uma melhor distribuição do peso.

Todas estas medidas ajudam muito. As famílias e escolas precisam agir juntas para evitar que problemas decorrentes do mal-uso das mochilas afetem as crianças e adolescentes pois isso irá repercutir em tudo em suas vidas, do sono a alimentação, passando é claro, pelo rendimento escolar.

É, igualmente imprescindível que as crianças e adolescentes pratiquem atividades físicas regulares para garantir seu pleno desenvolvimento corporal e lhes garantir musculatura adequada para suas atividades cotidianas, que incluem o transporte de suas mochilas. Outra preocupação para pais e professores é evitar que as crianças e adolescentes fiquem com as mochilas nas costas por períodos de tempo muito prolongado.

Seguindo à risca estas recomendações os problemas serão, certamente, evitados ou atenuados.



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