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João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

Planejamento antecipado para o ano que vem
João Luís de Almeida Machado

fazendo planejamento para o próximo ano e tomando um café

Dezembro é um mês ingrato para muitos professores. É uma época em que se cobra muita agilidade dos docentes, nas duas primeiras semanas, para os processos de recuperação escolar e fechamento de notas e, a partir do início da segunda quinzena, até a véspera ou antevéspera do Natal, acaba se tornando um período mais ocioso, sem aulas ou atividades relacionadas ao registro de notas e faltas cobrados até alguns dias antes pelos gestores e secretaria.

Apesar de ser uma época do ano em que os professores já estão um pouco cansados, a ociosidade acaba sendo um remédio mais amargo que o ensejo a alguma atividade. Neste sentido, algumas escolas já utilizam estes dias para que os professores possam iniciar os procedimentos de organização de seu trabalho para o próximo ano letivo. Isso ainda não é praxe, por isso mesmo, vale a pena considerar esta opção e, mais do que isso, mobilizar a equipe docente dando a ela condições para que possa executar esta ação de forma consequente e primorosa.

O que fazer para mobilizar os professores para este planejamento antecipado?

Comece sempre realizando uma reunião coletiva. Neste momento de encontro dos professores, os gestores devem trazer uma apresentação inicial que seja motivadora e, ao mesmo tempo, que os leve a pensar e repensar o trabalho realizado no ano que se encerra. É sempre aconselhável que este momento seja descontraído apesar do foco nas melhorias perseguidas. Neste sentido, organize um café da manhã ou da tarde para recepcionar os docentes de sua equipe para que todos socializem inicialmente, sentindo-se mais à vontade e motivados para o trabalho. Nesta reunião tenha um planejamento claro do que pretende fazer, ou seja, prepare sua apresentação, use algum texto ou vídeo motivacional, pontue as melhorias percebidas, chame a atenção para pontos em que é preciso melhorar coletivamente e, ao final, peça a contribuição dos presentes no tocante a sugestões, dúvidas ou problemas percebidos. Seja sempre claro nas respostas que der ao grupo e evite, neste momento, que o assunto se torne pessoal, ou seja, o foco é o trabalho do grupo. É sempre muito fortuito trazer indicações de leituras, cursos, filmes ou outros materiais que possam ajudar os profissionais em seu trabalho individual e reforçar os laços da equipe em que atuam.

Num segundo momento é preciso agendar reuniões individuais. Converse com seus professores para verificar, a portas fechadas, como sentiram o ano que se encerrou, o que pretendem trazer para o próximo ciclo escolar, os problemas mais recorrentes e como agiram em relação a eles, as vitórias conquistadas, se estão estudando ou lendo materiais que os auxiliem a melhorar seu trabalho, o nível de ânimo e disposição para encarar o trabalho, as expectativas profissionais, entre outros temas. Valorize sua equipe. Pontue de forma sensível e ponderada qualquer dificuldade percebida. Seja parceiro de seus profissionais sem que, com isso, eles deixem de perceber que você é o líder, a pessoa em quem podem confiar e dialogar sempre que necessário.

Organize a partir de então momentos em pequenos grupos para que os professores, inicialmente por áreas de interesse ou ano letivo (Ciências Humanas, Exatas, Linguagens e Códigos ou Ciências da Natureza; professores do 2º ano do EF1 ou do 5º ano deste mesmo segmento), se reúnam e ponderem projetos individuais e seus enlaces coletivos, em busca de ações com caráter multidisciplinar.

Esta é uma etapa importante do trabalho pois os docentes precisam atuar como um verdadeiro time, equilibrado, compacto, em que a bola é passada de um jogador para o outro com qualidade. Compartilhar ações bem-sucedidas, falar com sinceridade sobre as dificuldades, sugerir e planejar ações conjuntas, socializar boas leituras ou outros recursos de aprendizagem são ações pretendidas para esta etapa. Registrar é, igualmente, uma necessidade e uma exigência.

Não se deve parar por aqui. É preciso ir além desta etapa, mesclando elementos de diferentes formações para que um docente da área de geografia, por exemplo, possa compartilhar ideias e ajustar ações em parceria com o colega de inglês ou de matemática. É preciso quebrar a rígida estrutura bancária, conforme nos ensinou Paulo Freire, estabelecida nas escolas brasileiras para que os professores e os alunos construam o diálogo multi ou interdisciplinar.

Analisar as possibilidades físicas e estruturais da escola e contar com elas neste pré-planejamento a ser realizado em dezembro é algo que também se espera dos docentes. A gestão da escola precisa, para que isso aconteça, informar quais melhorias estão previstas para o próximo ano.

O uso de tecnologias, uma premência no contato com a nova geração de alunos, todos nativos digitais, precisa igualmente ser estimulado. Neste sentido espera-se que a escola tenha um projeto ou então que crie ações articuladas por um especialista em Tecnologia Educacional (TE) buscando utilizar recursos educacionais de qualidade já disponíveis na rede ou contratadas pela escola. Este profissional de TE seria o responsável por subsidiar os docentes com sugestões, auxiliar a todos quanto ao conhecimento e compreensão de aplicativos e softwares, manter atualizado todo o corpo diretivo e docente quanto as possibilidades que existem ou que estão surgindo e, apoiar e acompanhar a implementação quanto ao uso de tais ferramentas em aulas. Isso tem que ser cada vez mais cotidiano das escolas e não significa, como sempre reforço quanto ao tema, que as tecnologias irão tomar o lugar de outros recursos ou práticas. Não é isso, pelo contrário, juntam-se computadores, internet, smartphones, câmeras, impressoras e outros poderosos recursos ao que os professores já fazem de forma competente em aula com suas metodologias, estratégias, usando livros, cadernos, lápis, tesouras, mapas e outros recursos para que tenhamos uma sala de aula bem moderna e atual.

Tudo isso, é claro, deve gerar registros e anotações que irão dando forma ao planejamento dos professores para o próximo ano. Rever o plano de trabalho do período letivo passado com olhos críticos, atualizando com as novas ideias e interações, trazendo novos livros e recursos de tecnologia, criando pontes entre diferentes áreas do conhecimento e gerando, desde dezembro, uma perspectiva positiva e motivadora para o próximo ano é o que se deseja com tais ações.

Aos gestores cabe acompanhar de perto estas reuniões, estar à disposição para auxiliar os professores no que for possível e necessário, disponibilizar os recursos necessários para que o trabalho neste planejamento seja realizado da melhor forma possível e, ao final, requisitar os documentos e compromissos já previamente produzidos pelos professores.

Ao final, vale organizar uma confraternização de final de ano e desejar a todos um ótimo período de festas. E, até a volta para todos!



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