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João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

Mudar, renovar e inovar
João Luís de Almeida Machado

homem mudando o plano de fundo de preto e branco para colorido

“Temos que nos transformar na mudança que queremos ver” (Ghandi)

É comum que, em algum momento de suas vidas ou existências, as pessoas e as empresas tenham que se reinventar ou, ao menos, se rever. Normalmente isso ocorre quando se vivem crises. Há que se realizar tal tipo de ação, a partir de diferentes prismas ou perspectivas, de preferência, anualmente ou em ciclos regulares (a cada 2, 5, 10 anos, por exemplo, ou em intervalos menores, conforme a preferência ou necessidade).

Crises são, como afirmamos, momentos preferidos por pessoas e empresas para repensar seus rumos. Penso que, no entanto, a acomodação ou sensação de que o sucesso já foi atingido também devam mobilizar as pessoas. O conforto em demasia faz com que as pessoas e empresas não percebam, muitas vezes, que estão ficando para trás ou que, no mínimo, devem atualizar-se para continuar sendo quem são, mantendo seu ritmo de sucesso nas empreitadas que realizam pessoal ou corporativamente.

Há exemplos notáveis de empresas e pessoas que, por conta de seu ego, vaidade e sucessos obtidos, passaram a viver numa zona de conforto e estabilidade tão grande que deixaram de, por exemplo, analisar seus concorrentes, observar as mudanças em micro ou macro escala ocorridas no mundo, se fecharam a inovações necessárias ou mesmo, tendo em vista, produtos que aparentemente perdurariam para sempre como necessários para os consumidores, foram superados e encolheram ou sumiram. Casos de empresas como a BlackBerry, dos filmes em rolo e máquinas fotográficas da Kodak, ou ainda mais recentemente da Motorola ou da Nokia, engolidos por grandes concorrentes, são notórios. Até mesmo gigantes como a IBM ou a Microsoft têm ou tiveram que rever processos, vender parte de suas estruturas, atuar dentro de novas modalidades de ação preconizados pelo mercado em constante evolução.


peixe pulando de um aquário para o outro

“Inteligência é a capacidade de se adaptar a mudança.” (Stephen Hawking)


Todas as pessoas ou empresas deveriam ter como parte de seu cronograma de atividades periódicas a prática da autocrítica e da reflexão sobre si mesmas e a possibilidade, a partir desta auto avaliação, processada a partir de uma análise criteriosa de seus rumos, escolhas e ações, de mudanças, renovação ou inovação.

Neste sentido, vale destacar que os três vocábulos escolhidos para intitular este texto teriam sentidos diferentes e seriam aplicados em conformidade com o momento, o contexto e a situação de cada empresa ou indivíduo. Cabe, portanto, verificar seus significados, a saber:

- Mudar – Envolve a capacidade de alteração num sentido mais pontual, de acordo com erros ou desvios de rumos percebidos nas ações ou práticas regulares, sem que isso implique numa modificação macro, atuando mais no varejo das transformações necessárias e esperadas. Para um indivíduo, no caso, significaria, por exemplo, adotar uma vida mais saudável, praticar atividades físicas regularmente ou alimentar-se melhor, para pessoas que vivem de forma sedentária.

- Renovar – Implica ações mais amplas, que abarquem modificações que irão modificar processos ou práticas que, numa empresa, se relacionem, por exemplo, a todo um departamento, alterando ações que são coletivas e, desta forma, impetrando resultados que dependam da aceitação e participação de todos para dar certo. Empresas como a Apple, por exemplo, quando ocorreu o retorno de Steve Jobs, abandonaram linhas de produtos, enxugaram o portfólio de serviços e produtos oferecidos e, com isso, focaram no desenvolvimento de recursos que ganharam o mercado e se tornaram grandes sucessos de mercado, como o iPhone ou o iPad.


bolas de papel colorido

“Quando os ventos da mudança sopram, umas pessoas erguem barreiras, outras constroem moinhos de vento”. (Érico Veríssimo)


- Inovar – É uma prática mais complexa, relacionada a mudanças mais radicais, que traz a proposta de uma revisão mais ampla, em que é preciso reinventar-se para sobreviver ou continuar crescendo. Nesta esfera é preciso abandonar procedimentos gerais, rever diretrizes, preconizar novas metas, estabelecer até mesmo, em caso de empresas, propor novos produtos ou trabalhar em prol de parcerias que irão modificar a verve dos empreendimentos. A Disney, maior produtora de animações do mundo, teve que rever seus métodos e processos a partir dos anos 1980, quando foi percebido um grande declínio neste mercado e considerável mudança no público-alvo destas produções. Adotar novas tecnologias, realizar parcerias estratégicas (como aquela com a Pixar) ou mesmo adquirir players do mercado (como a Lucas Film, de George Lucas, ou a Marvel) para atingir outros mercados e se expandir no mercado cinematográfico e televisivo, foram fundamentais para que se tornasse a grande potência destes segmentos nos últimos anos.

Imprescindível é a capacidade humana de perceber em si mesmo e em seu entorno a mudança como algo que é necessário para sua vida. Quando não entendemos ou não queremos ver que é preciso mudar, inovar ou renovar nossa existência pessoal ou coletiva, associada aos nossos empreendimentos, estamos fadados a perecer e a alimentar problemas presentes ou futuros. Mudar, conforme declara o físico Stephen Hawking, criador da teoria do big bang, é demonstração clara de inteligência. Transformação, como nos ensina Ghandi, o líder indiano que levou sua nação a independência em relação ao domínio britânico, significa atitude. O escritor brasileiro Érico Veríssimo, autor da clássica obra “O Tempo e o Vento”, entre outras obras, por sua vez, define que qualquer transformação depende, essencialmente, de coragem para levantar moinhos de vento ao invés de barreiras para conter os ventos que trazem as mudanças. Todos eles têm razão. Cabe a nós, com coragem, atitude e inteligência buscar a necessária mudança, renovação ou inovação necessárias as nossas existências.



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