A Semana - Opiniões
As Paralimpíadas Rio 2016 e suas possíveis conquistas
João Luís de Almeida Machado
O Comitê Olímpico Brasileiro traçou uma meta ambiciosa, mas factível, para os Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro 2016: Que os atletas brasileiros conquistem medalhas em quantidade suficiente para que o país fique entre os 5 melhores na classificação final. Em Londres, no ano de 2012, os paratletas conquistaram a 7ª posição e colocaram o país na condição de uma das potências na competição.
O início do evento, marcado por uma bela e representativa festa realizada no dia da independência do Brasil, no entanto, apresentou metaforicamente o que seriam as maiores conquistas relacionadas ao evento paralímpico, em especial aquelas relacionadas a criação de uma estrutura de apoio maior para que as pessoas com deficiências possam viver melhor na cidade maravilhosa e, é claro, também em outras cidades do país.
Além disso, ao destacar a família das pessoas que tem algum tipo de deficiência, a abertura aborda outra questão essencial, ou seja, o fato de que a toda atenção, dedicação e amor devotado pelos familiares a seus membros com necessidades especiais é preciso adicionar respeito, tolerância e apoio da sociedade civil como um todo e, suporte mais efetivo do estado e de suas autoridades.
A festa do esporte paralímpico é um momento importante para que em cada cidade do país seja feito um exame minucioso, ou que ao menos se programe isso, quanto as dificuldades pelas quais passam os deficientes brasileiros.
Fazer um diagnóstico da situação é de primordial importância no que tange as vias públicas (ruas, calçadas, bocas de lobo, buracos...), prédios e edificações no geral (para que tenham os dispositivos necessários para facilitar o acesso e melhorar o trânsito de deficientes), preparação das pessoas para atendimento a estas pessoas em serviços públicos ou privados, disponibilização de mais e melhores serviços no atendimento as necessidades e enfermidades...
Se o exame prévio é uma prioridade pública, igualmente necessário é estudar as soluções encontradas nos locais considerados mais acessíveis para deficientes. Contar com comitês ou grupos especializados como apoio as autoridades responsáveis por melhorar a qualidade das cidades brasileiras no que tange ao atendimento aos deficientes é de grande importância se o objetivo for o êxito.
Quem se destaca neste sentido entre as principais cidades do mundo? O que estão fazendo? Que soluções adotaram? Quais foram os custos e como isso pode ser programado para acontecer dentro do enxuto orçamento de cidades brasileiras?
Estas medidas, no entanto, são apenas parte do esforço que se deve empreender visando aproveitar o ensejo dos Jogos Paralímpicos no Rio de Janeiro.
Preparar a sociedade para o convívio é, para muitos, o maior desafio que temos pela frente. Não se trata apenas de semear a tolerância, mas, principalmente, de ensinar a conviver, entender e valorizar o próximo, seja ele quem for, em especial, neste caso, o deficiente.
Trata-se de um trabalho que deve ser iniciado e efetivado ao cotidiano das escolas, juntamente as crianças, principal meio de transformar realmente o futuro desta relação no Brasil e no mundo.
Entre os adultos, além de campanhas de conscientização pública, com apoio de empresas, que poderiam igualmente auxiliar o poder público neste sentido a partir de benefícios fiscais relacionados a melhorias que fizessem nas cidades em prol da acessibilidade, o maior respeito, infelizmente, passa por impor limites ainda mais claros e estabelecer sanções, quando necessário, a quem não age dentro do que se espera, civilizadamente, em relação aos deficientes.
E isso é mais comum do que se imagina... Quantos de nós já não vimos, por exemplo, pessoas burlando as vagas de estacionamento destinadas a este público específico?
As medalhas paralímpicas são também meios de se incentivar uma maior oferta de oportunidades esportivas para as pessoas portadoras de deficiências. O esporte é considerado uma das mais efetivas formas de se integrar e valorizar as pessoas, sejam elas deficientes ou não, sendo saudável em todos os sentidos, tanto o atlético, relacionado a saúde, quanto o psíquico e o social.
Subir ao pódio para ganhar as medalhas e levar o país a destacada posição no ranking geral de medalhas ao final do evento é algo que se almeja e que deve ser muito celebrado. A maior conquista, porém, é aquela fora das quadras, piscinas, ginásios e campos esportivos, ao se efetivar em prol do deficiente brasileiro, no Rio de Janeiro e em todo o país, uma vida mais digna e respeito.
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