Filosofando
Lições de um grande campeão: Muhammad Ali
João Luís de Almeida Machado
A luta de Ali contra Frasier foi inesquecível. Seu embate contra George Foreman é lendário. Seu estilo como boxeador é único e, para muitos, inigualável. Cassius Marcelus Clay, seu nome original, conhecido mundialmente como Muhammad Ali, após sua conversão para o islamismo, na década de 1960, falecido neste ano de 2016, é considerado o maior lutador de boxe que o mundo teve oportunidade de conhecer.
Ali, no entanto, não lutou apenas nos ringues, foi também um campeão em outras arenas, como a batalha pessoal que travou por mais de 30 anos contra o Mal de Alzheimer ou as causas sociais e políticas pelas quais se engajou ao longo de toda a sua existência. Levava a sério e praticava aquilo que transformou em palavras e que retratam sua elegância e agilidade como boxer e como pessoa.
"Campeões não são feitos em academia. Campeões são feitos de algo que eles têm profundamente dentro de si - um desejo, um sonho, uma visão." (Muhammad Ali)
Não há campeões ao acaso. O talento pode ser enorme, mas acima de qualquer dote ou dom que a pessoa tenha, deve prevalecer a coerência, a consistência, o foco e a força de vontade, conforme disse em certa ocasião.
"A força de vontade deve ser mais forte que a habilidade." (Muhammad Ali)
Não há vitória sem dor, sem entrega, sem treinamento árduo. Ninguém vence seu oponente, seja ele quem for, maior ou menor que você, mais forte ou mais fraco, mais rápido ou mais lento, se não trabalhar arduamente em busca deste objetivo, sem estudo, sem prática, sem vontade real de triunfar.
"Eu odiava cada minuto dos treinos, mas dizia para mim mesmo: não desista! Sofra agora e viva o resto de sua vida como um campeão." (Muhammad Ali)
O campeão mundial dos pesos pesados, verdadeiro artista nos ringues, era um ativista, um homem de palavras diretas, como seus socos, que tinha clareza das marcas que o tempo traz para todas as pessoas, mesmo para aquelas que não querem entender o que está por trás desta passagem dos anos. Percebeu, desde cedo, que não seria para sempre o jovem forte, rápido e mortal nos ringues, que tinha que ir além disso, por isso compreendeu seu papel como cidadão, como esportista que tem voz na sociedade, que pode influenciar as pessoas com bons exemplos e palavras. Amadureceu e fez valer o sentido desta maturação em vida e em palavras.
Muhammad Ali com Martin Luther King
"Aquele que vê o mundo aos 50 anos da mesma forma que o via aos 20 desperdiçou 30 anos de sua vida." (Muhammad Ali)
Acima de tudo, Ali foi destemido. Encarou gigantes em batalhas esportivas ao longo de todos os anos em que praticou o boxe como um esgrimista, com talento e habilidade única. Não deixou, jamais, de lutar mesmo depois que abandonou o esporte, se tornando mais que uma lenda, alguém que inspirou pessoas e propagou princípios, ideias e práticas.
"Aquele que não tem coragem de assumir riscos não alcançará nada na vida". (Muhammad Ali)
Descanse em paz campeão. E que suas lições sejam aprendidas para que novos vencedores surjam e lutem por um mundo melhor!
# Torre de Marfim: A crise universitária americana