A Semana - Opiniões
23/8/2004 - O que nos faz muito bem
A felicidade está ao nosso alcance
A edição semanal da revista Veja (Ed. 1868, de 25 de Agosto de 2004) traz em sua capa uma reportagem que deveria ser lida com atenção por todos aqueles que se interessam por saúde (não apenas física, mas também emocional e psicológica) e educação. Não irei adiantar os pormenores da reportagem até mesmo por questão ética, entretanto não posso deixar de destacar duas das importantes orientações dadas pelos especialistas para que possamos viver de forma mais harmoniosa e equilibrada.
E por que farei isso? Por uma razão muito simples, esses dois conselhos tão simples, que muitas pessoas dirão realizar constantemente, sem que fosse necessário chamar-lhes a atenção para tais dicas, tem relação direta com bem-estar, saúde e, também com escola, sala de aula, convivência entre professores e alunos,...
O primeiro a ser destacado é “manter uma convivência saudável com o cônjuge e os filhos, os pais e os irmãos”, ou seja, prezar a harmonia no relacionamento familiar. Pode parecer ladainha religiosa ou parte do sermão do padre ou pastor mais próximo, entretanto, aquele que vos dirige a palavra para relembrar essa orientação já sacralizada pelas maiores e mais influentes igrejas não passa de um simples professor e pesquisador que não tem a mínima intenção de se tornar sacerdote ou profeta...
A família é a mais poderosa referência na vida de cada um de nós.
Diferenças, problemas e conflitos
em família
são tão impactantes que afetam todas as outras instâncias de nossas vidas.
Viver em harmonia familiar é receita de saúde física, emocional e psicológica.
Na verdade, as pessoas que estão por trás dessa afirmação apresentada na revista Veja são especialistas, estudiosos e pesquisadores, em suma, homens da ciência. Há também espaço e destaque para constatações e declarações de notáveis personalidades espiritualizadas (como o Dalai Lama ou Gandhi), porém o que nos chama mais a atenção é que essa idéia tem sido defendida por cientistas.
Isso nos leva a crer que o referendo está sendo feito com base em análises, levantamentos de dados, referências extraídas de exames minuciosos, cruzamento de informações e tantos outros caminhos pelos quais normalmente esses notáveis pesquisadores de diversas instituições, universidades e governos têm que trilhar. Isso dá uma enorme credibilidade para a afirmação...
Tendo a seu lado o referendo dado por alguns dos maiores líderes espirituais da história da humanidade, como os mencionados Dalai Lama e Mahatma Gandhi, isso passa a ter muito maior repercussão e força.
Tudo parece tão simples, ao alcance de qualquer um de nós. E tantas e tantas vezes as oportunidades relacionadas à vida em família se tornam dilemas tão grandes que nos impedem de ter uma existência digna, tranqüila, pacífica...
Falo isso porque sabemos de casos e mais casos de pais que ficam sem falar com seus filhos, de irmãos que brigam por motivos fúteis e deixam de se ver pelo resto de suas vidas, de avós que acabam abandonados pelos netos ou pelos filhos e tantos outros dramas familiares que abalam os alicerces da família e dos indivíduos por anos e anos. Isso pode estar acontecendo com você ou comigo...
A leitura é um ponto de encontro que nos coloca em contato com a imaginação,
a criatividade,
a pesquisa e
o conhecimento de tantas outras pessoas. Alimenta a alma, estimula os sentidos e nos faz crescer.
Dificuldades que poderiam ser evitadas com diálogo, compreensão, afeto e maturidade. Problemas que contornados ajudariam as famílias e seus membros a ter uma vida mais sossegada, desprovida de maiores preocupações, muito mais gostosa. Fala-se muito em amor familiar, mas temos visto muito pouco amor na prática. Substituiu-se o carinho de pai ou de mãe por presentes, bens materiais que devem suprir essa ausência...
O que isso acarreta? As crianças e os adolescentes vão para a escola preocupados, irritados, frustrados, verdadeiramente derrotados. Suas participações são marcadas pela apatia ou pelo desinteresse, demonstram animosidade e constantemente interrompem ou atrapalham o desenvolvimento da aula; tem notas baixas e raramente entregam trabalhos ou tarefas. Já pararam para pensar que isso pode ser resultado dessa falta de entrosamento e harmonia no âmbito familiar?
E a segunda orientação?
“Ler proporciona o crescimento pessoal, estimula o raciocínio e contribui para a longevidade. Quem lê costuma ser mais ativo e desenvolve idéias próprias”. E acreditem, há escolas onde ler acaba sendo associado a castigo, a sofrimento ou mesmo dor. Existem professores que impõem de tal forma a leitura que acabam literalmente “matando” qualquer possibilidade de prazer que possa existir nessa atividade tão imprescindível para nossa existência.
Ler para as crianças estimula o amor pelos livros e pelo conhecimento.
Contar histórias desperta a imaginação
e faz com que os pequenos queiram
dominar essa incrível habilidade. Leia para seus alunos, conte histórias para seus filhos.
A leitura tem que ser prazerosa e, ao mesmo tempo, significativa. O estudante tem que saber os motivos das leituras e conseguir associar com o mundo em que vive. Os projetos de leitura devem instigar os alunos e envolver muito além do simples preenchimento de fichas e relatórios de leitura ou avaliações de conteúdo.
Livros significam experiências de vida, conhecimento de diferentes realidades, possibilidades de viajar no tempo e no espaço, caminhos mais curtos para o conhecimento e para o aperfeiçoamento pessoal, criatividade e fantasia.
Os professores devem ter em mente que a mais poderosa das ferramentas disponíveis para o exercício de seu trabalho em educação é o livro. Não queremos desmerecer com isso os demais recursos, também importantes para as escolas como os computadores, a internet, os vídeos e demais instrumentos do cotidiano educacional. Queremos salientar o destaque que muitas vezes o livro não tem, até mesmo por tudo o que ele representa e realiza para a humanidade.
A afirmação dos especialistas quanto ao valor do livro tem que nos ajudar a pensar novas alternativas de trabalho e formas de estimular nossas crianças e adolescentes a viver uma relação mais íntima e próxima em relação aos livros. Há autores fabulosos que podem ajudar a encurtar os caminhos que separam muitas crianças e jovens do poder dos livros...
Leiam mais. Amem mais seus familiares. Vivam com maior intensidade cada precioso momento dessa jornada fabulosa chamada vida. Valorizem os encontros com seus filhos. Estejam mais presentes na casa de seus pais. Visitem seus avós. Contem histórias para as crianças. Desliguem a televisão e sentem na rede para ler quadrinhos com os pequenos... É disso que precisamos para que sejamos mais felizes, parece pouco, mas é a receita fundamental...