Educação e Tecnologia
É Hora do Enem
Wanda Camargo
As inscrições para o Enem 2016 já estão abertas, é a primeira etapa de um processo que movimenta milhões de estudantes e que, cada vez mais, assume a função de seleção para acesso a cursos superiores e programas governamentais de financiamento; ao lado de seu importante objetivo inicial de avaliação do ensino médio.
As provas deste ano serão realizadas nos dias 5 e 6 de novembro, e já são aguardadas com apreensão e expectativa pelos estudantes. Pais e professores sempre repetem os mesmos conselhos, e o fazem por que são importantes e, se seguidos, podem ajudar muito o jovem que enfrentará exames, sejam do Enem, de vestibulares ou outros: mantenha a calma, não se desligue de amigos e familiares, alimente-se de modo saudável, pratique um pouco de esporte, e principalmente, estude bastante com constância, mas sem exageros. Para quem ainda não começou, agora é o momento de se dedicar aos estudos.
O Ministério da Educação lançou uma ferramenta gratuita que certamente auxiliará muito na preparação para as provas do Enem, chama-se Plataforma Hora do Enem, e pode ser acessada em www.horadoenem.mec.gov.br. Trata-se de um conjunto de ações, como provas simuladas e videoaulas, que podem ser utilizado com o uso de computador, tablet ou celular, marcando o curso que deseja e quanto tempo diário dispõe para estudar; a partir disso a plataforma propõe um plano de estudo com pontos fortes e fracos na sua medida, com exercícios, resumos e videoaulas direcionados.
Estão previstos simulados online, para estudantes do último ano do ensino médio das redes pública e privada, seguindo o mesmo formato das provas do Enem, possibilitando ao candidato estimar, com a nota, o ingresso no curso desejado.
Uma iniciativa extremamente interessante foi possibilitar, ao estudante que não tem computador pessoal, utilizar 120 mil acessos por meio das universidades e institutos federais, instituições particulares e comunitárias e escolas estaduais de ensino médio. É uma iniciativa valiosa na direção da democratização do acesso ao ensino superior.
O Enem, em que pesem problemas iniciais de implementação, e ainda certa ideologização impertinente em algumas questões, tem a grande qualidade de constituir-se também numa reflexão sobre o ensino médio.
Desde há muito sabemos que algo anda mal no nível de conhecimento dos alunos que chegam ao ensino superior, e muitos artigos foram escritos, muitas posições intelectuais foram demarcadas, muitas novas metodologias e teorias entraram em pauta, sem que soluções concretas fossem atingidas. Alguns projetos padecem do mal de um excessivo personalismo, denotando mais uma atividade ideológica, às vezes simplesmente eleitoreira, que uma vontade política real de contribuição para a melhoria do ensino. Outros são mais sérios, mas partem de, e se restringem a, um pequeno grupo, sem obter o alcance necessário para a efetividade de suas ações.
Procurar a adesão de toda a comunidade acadêmica, e tempestivamente um prazo para discussão e levantamento dos possíveis problemas é, portanto, fundamental, embora evidentemente não seja possível fornecer tempo infinito ou extremamente longo.
Porém, ignorar experiências acumuladas em muitas comissões - de entidades públicas ou privadas - dedicadas aos processos seletivos em todo o país, e da mesma forma, ao excelente trabalho de algumas Secretarias Municipais ou Estaduais quanto aos conteúdos do Ensino Médio, é certamente temerário.
Estimular professores e alunos a uma maior adesão ao projeto educacional traz, para toda a sociedade, o interesse pelas mudanças necessárias.
# E agora, o que cai na redação do Enem?