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Gisele Vitório Coordenadora pedagógica em instituição de ensino profissional, consultora educacional e formadora internacional da Aprendizagem Sistêmica-Kagan na Planneta, empresa do grupo Vitae Brasil. Já atuou como professora técnica, expositora e facilitadora de aprendizagem em oficinas de simpósios e eventos internacionais de educação.

Por que as crianças param de brincar quando entram no ensino fundamental?
Gisele Vitório

Garota brincando com balões

As crianças que saem da educação infantil ao completar a idade da educação fundamental se deparam com a triste realidade de ter que “crescer” e parar de brincar. E a educação fundamental impõe um currículo extenso que não permite as brincadeiras em sala de aula. Mas será que é isso mesmo?

Nossos alunos enfrentam um ensino fundamental que impõe certa rigidez no aprendizado. A abordagem lúdica do ensino infantil é deixada de lado e uma abordagem centrada em lápis, caderno, lousa e fileiras de alunos toma conta da sala de aula. Através dessa abordagem, deixamos de desenvolver a criatividade, a espontaneidade, a resolução de problemas além de outras inúmeras habilidades. Para verificar isso, compare as possibilidades de criar brinquedos com uma caixa de papelão entre uma criança de ensino fundamental e uma criança do ensino infantil. A criança do ensino infantil desenvolverá muito mais, pois pode ousar mais. Já a criança do ensino fundamental terá maior dificuldade, pois está centrada em executar tarefas e não criá-las.

Ser um bom aluno no ensino fundamental é ter boas notas e bom comportamento, mas não necessariamente é saber lidar com pessoas, problemas e desafios, que são os grandes pontos para qualquer profissional que trabalhará no século XXI. Estamos preparando mal nossos alunos? Sim, talvez estejamos preocupados em prepará-los para os vestibulares e outros testes, mas a vida é bem mais que isso.

Contudo, o medo e o conformismo dos educadores devem ser abandonados. Existem muitas técnicas que são excelentes caminhos para estimular o aprendizado e as competências do século XXI. No entanto, implementá-las requer coragem por parte do educador que além de ser o regente passará a ser um facilitador de aprendizagem. Essa mudança requer ainda acompanhamento constante para que o aluno se desenvolva ao brincar. O conhecimento adquirido através de experiências lúdicas se torna agradável e compensador, uma vez que o aluno não sente tédio ao aprender, ao contrário, se motiva e busca aperfeiçoar-se para ser ainda melhor.

O brincar não deve ser encarado como algo próprio da primeira infância, mas sim como um processo de simulação da realidade, portanto é essencial para o desenvolvimento independentemente do estágio de vida. Quanto mais uma criança tem a oportunidade de brincar, mais experiência ela adquire para lidar com situações cotidianas, por exemplo, quando uma criança brinca com cartinhas que simulam dinheiro além de estar aprendendo o sistema monetário, está aprendendo a negociar e a lidar com finanças, imitando a rotina da vida adulta.

Brincar é, portanto, algo muito sério e valioso, que nos prepara e que deve ser estimulado em todas as fases da vida. Se uma criança tem a oportunidade de aprender brincando com certeza assimilará melhor o aprendizado bem como as experiências adquiridas farão mais sentido, para isso, escola e família devem cientizar-se que o tempo gasto com brincadeiras tem fundamental importância para a construção de habilidades e para tornar significativo o aprendizado.



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