Diário de Classe
Aula com smartphones
João Luís de Almeida Machado
Ao entrar na sala de aula compartilhada via smartphone [Obs. Para tanto temos um grupo formado por todos os alunos num aplicativo de comunicação] com seus alunos o professor João enviou uma mensagem para todos nós:
- Milhares de animais são mortos anualmente nas florestas tropicais em decorrência das queimadas. Todos vocês são membros de um grupo de ambientalistas e querem entender melhor esta situação para criar 3 projetos através dos quais seja possível diminuir o problema e salvar vidas de espécies que correm o risco de extinção.
Já sabíamos, então que teríamos que compor 3 projetos relacionados ao combate as queimadas nas florestas tropicais.
Vieram então novas mensagens:
- Para criar os 3 projetos reúnam-se em pequenos grupos, com 3 alunos cada.
- Cada grupo irá estudar as queimadas nas florestas tropicais quanto a causas, consequências, projetos de combate já existentes, eficácia dos projetos, regiões mais afetadas, animais que correm mais riscos de extinção.
- Entrar em contato por e-mail ou outros meios com grupos ambientalistas e autoridades governamentais envolvidas com esta questão.
- Obter dados e estatísticas relacionadas a questão.
Percebemos então que este projeto ia além da questão do estudo das Florestas Tropicais e das queimadas.
Tinha como foco o trabalho em equipe, a pesquisa sistematizada, a elaboração de projetos pautada em dados, o uso dos smarphones e de outras tecnologias para contato com especialistas e ainda a inserção de cada um dos participantes no universo específico do tema, como uma simulação de ONG ou Instituição Governamental de preservação da mata e dos animais silvestres.
Novas instruções foram então enviadas para nós por nosso professor:
- Ao final do projeto (duração: próximas 4 aulas, com entrega dos resultados numa apresentação em sala de aula) entre todos os 12 projetos realizados (nossa turma tem 36 alunos), serão selecionados os 5 melhores projetos criados para envio aos ambientalistas e as instituições governamentais. Os melhores projetos serão selecionados por 2 corpos de jurados, o primeiro formado por 3 professores convidados para assistir as apresentações; o segundo a partir do voto dos alunos da sala.
- Pesquisas pela internet devem sempre ser realizadas em fontes confiáveis; além da internet busquem também os livros listados no blog do professor para apoio teórico; Assistam também os documentários indicados pelo professor em sua página pessoal na internet.
Trabalharíamos no projeto em sala de aula. Para isso teríamos que levar nossos notebooks, tablets e/ou smartphones, além dos livros do curso, das indicações de textos a serem lidos e deveríamos assistir aos filmes durante o percurso de composição dos projetos a serem apresentados.
E assim foi, durante as aulas seguintes. Grupos motivados, agitados até, plugados na web, compondo projetos, querendo produzir novidades ou melhorar ações previamente realizadas, informando-se sobre as florestas tropicais, animais em extinção, queimadas, ONGs, leis ambientais...
O mais interessante é que tudo foi articulado pelo celular. Nossos smartphones eram o caminho para as instruções e também para tirar dúvidas ou pedir esclarecimentos fora do horário de aulas presenciais, durante as quais o professor João acompanhava os grupos, dava sugestões, esclarecia conceitos, falava sobre leis ambientais brasileiras e internacionais, sugeria novos sites para pesquisarmos...
As apresentações foram momento de festa. Apesar da disputa entre as equipes e seus diferentes projetos, a escolha dos projetos foi bastante isenta, ou seja, as pessoas votaram nos projetos mais diferenciados, que tinham melhores perspectivas de aplicação, com maiores chances reais de reverter o quadro das queimadas. As escolhas dos alunos, não por acaso, coincidiram com aquelas dos professores convidados a formar a banca.
O mais legal foi saber que no final aquelas propostas foram enviadas para o Ministério do Meio-Ambiente e para ONGs que combatem as queimadas e/ou lutam pela preservação de espécies animais ou vegetais.
Ficamos sabendo depois de alguns meses que uma das iniciativas seria implementada por uma ONG num dos estados da região Norte do Brasil. Quanto orgulho!
[Depoimento de Arnaldo Ferreira Coelho, aluno do 1º ano do Ensino Médio, da Escola Estadual Monteiro Lobato]
Obs. Este texto é uma obra fictícia que tem o propósito de motivar e dar ideias aos educadores quanto ao uso de tecnologias móveis em sala de aula, pautados na metodologia de projetos.
Recomendo a leitura do Guia da Unesco para uso de tecnologias móveis na educação, Clique aqui