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João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

A escola como espaço em que é preciso dar asas à imaginação
João Luís de Almeida Machado

ilustração de um cerebro funcionando com engrenagens

"O principal objetivo da educação é formar pessoas capazes de fazer coisas novas e não simplesmente repetir o que fizeram outras gerações." (Jean Piaget)

A escola deve propiciar ao estudante ambiente de estímulo constante a curiosidade, a busca pelo conhecimento, ao ensejo pelo saber. Qualquer educador há de concordar com as palavras de Piaget que abrem esta pensata. São objetivas, apresentando de forma bastante simplificada a ideia do ambiente educativo como fomentador de pessoas criativas, capazes de inovar, sintonizadas com o mundo e suas necessidades, trabalhando em prol de realizações individuais e coletivas por melhorias que atinjam todos.

O que vemos na escola é, no entanto, a prática desta tão bela e clara missão enunciada com maestria por Piaget?

Ou a escola continua sendo um local onde se repetem saberes e fórmulas sem que isso oriente as ações dos estudantes rumo ao novo, ao melhor, ao mais belo ou ao mais útil para todos?

Inovar sempre não é possível, dirão alguns.

Preservar saberes e perpetuar conhecimentos prévios criados pelas gerações anteriores é outra importante missão das escolas, senão a mais pertinente de todas elas, argumentarão outros.

A escola prepara para o mundo e, neste mundo, há continuidades assim como há inovações e, neste sentido, tanto a perspectiva de Piaget quanto a ideia de preservar saberes, estimulando o encontro entre os estudantes e grandes pensadores, artistas, cientistas e realizadores faz sentido.

Talvez não possamos inovar sempre e tenhamos que aproveitar e reaproveitar ideias, modelos, conceitos, práticas e ações vindas de mestres de outrora. O importante, no entanto, é dotar os estudantes de plena condição para que possam ler e reler tais tutores de douto saber sem que isso os cegue. É preciso que saibam distinguir joio e trigo para que não apenas repitam indefinidamente falas alheias e possam criar ideias próprias, originais ou mescladas com outros conceitos.

Ao visualizar um animal conhecido como um elefante ou uma girafa não esperamos que o estudante saiba tudo o que há para saber a respeito de tais espécimes. A ciência já os estudou e os saberes criados podem orientar os olhares de quem ainda pouco ou nada sabe sobre estes e tantos outros seres vivos. O que se espera, no entanto, é que não parem somente naquilo que já está nos livros, que queiram saber mais, que percebam outras variáveis, entendendo com maior profundidade ou reaplicando os saberes apropriados no estudo e contato com elefantes, girafas, violetas, bicicletas, montanhas, mapas, computadores ou seja lá o que for que tiverem como objeto de análise.

Somente assim poderão, por exemplo, transformar as cores da girafa em padrões a serem replicados em tecidos e recriados como elemento de moda ou design de móveis; agindo de forma a motivar grande curiosidade a escola irá fazer com que os estudantes estudem e apliquem conceitos de força, massa, velocidade, altura ou movimento relacionados a ação dos elefantes ou das esguias girafas para reaplicar tais ideias em novos mecanismos a serem usados em outros empreendimentos humanos.

Se a escola não consegue observar que há ensinamentos novos a serem aprendidos e, com eles, estímulo para a criatividade humana nas folhas, sons, filmes, matérias de jornais, linhas de um livro, brincadeiras de crianças, rios em movimento ou no vôo dos pássaros e nado dos peixes o que restará, de fato, aos educadores senão a mera repetição?

Piaget tem razão. Escola é espaço onde dar asas para a imaginação e a criatividade não é apenas mais um exercício e, sim, um dos principais...



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