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João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

O Livro de Informática do Menino Maluquinho
Chips, bytes e internet ao alcance de nossas crianças

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“Vamos contar um segredo para você: o computador é uma máquina burra! Só faz contas, e faz de conta que é muito inteligente. Inteligente é quem programa o computador, é quem diz tudo o que ele deve fazer, é quem o usa com criatividade. A única coisa em que ele é melhor do que a gente é a sua velocidade”.

Informática parece ser cada vez mais a linguagem das crianças e dos jovens. Aqueles que nasceram na última década dificilmente conseguem entender um mundo no qual computadores não existissem. Ir a lojas, restaurantes, bancos e até escolas sem encontrar sistemas informatizados que agilizam os procedimentos internos parece história antiga. Imaginar que há pouco mais de dez anos atrás a maior parte dos trabalhos e estudos eram desenvolvidos sem o auxílio da internet e de outros recursos eletrônicos deve ser exercício semelhante a projetar o futuro, como se fazia com as histórias da ficção científica...

Há um pouco mais de tempo, para ser mais exato no início dos anos 1980, o escritor, desenhista e cartunista Ziraldo teve a oportunidade de criar o seu filho mais ilustre, que praticamente o colocaria entre os imortais da literatura infanto-juvenil do Brasil e do Mundo, o Menino Maluquinho.

“Na década de 1940, os computadores eram chamados de cérebros eletrônicos. Eles eram enormes, ocupavam uma sala inteira e pesavam toneladas. Na verdade, eles se pareciam com um monte de armários colocados lado a lado. Dentro dos armários, ficavam milhares de válvulas. Sabe o que é uma válvula? É aquela espécie de lampadazinha que tinha dentro da televisão antiga da vovó”.

Muitos dos recursos utilizados na época em que o clássico livro de Ziraldo foi publicado pela primeira vez já não existem mais. Li em artigo recente que a última escola de datilografia de São Paulo fechou suas portas. Máquinas de escrever, juntamente com vitrolas, televisores preto e branco, mimeógrafos, LPs e tantos outros recursos usados diariamente pelas pessoas naquela época já são artigo de colecionador. O Menino Maluquinho, por sua vez, está muito vivo... E, melhor ainda, o personagem está atualizado, acompanhando as modificações que ocorrem no mundo ao seu redor.

Para entender melhor essa afirmação basta atentar para o último lançamento de Ziraldo (em parceria com Gustavo Luiz Ferreira e Miguel Mendes), “O Livro de Informática do Menino Maluquinho”.

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“Um site é diferente de um programa de TV ou de um filme, a que você só assiste e não pode participar. O site tem que ser interativo, ou seja, você é quem decide aonde quer ir, o que quer ver e quem que ordem quer ver, fazendo as coisas acontecer do seu jeito. Por isso, um bom site dá facilidade para o visitante se movimentar dentro dele, indo com rapidez ao ponto desejado. Além disso, cada tipo de site deve se preocupar em melhor atender a seu público”.

Pode-se questionar a validade de tal tipo de obra voltada para as crianças tendo em vista a facilidade que esse público tem para se adaptar e aprender a lidar com computadores e com a rede mundial que os conecta. Afinal de contas, se os meninos e meninas de hoje em dia tem tanta facilidade para mexer com a tecnologia de ponta, para que produzir um livro sobre o tema, protagonizado pelo Menino Maluquinho e por sua turma, para esclarecer o assunto?

As crianças e os adolescentes de hoje tem enorme facilidade em usar computadores e demais recursos de tecnologia, entretanto, carecem de um pouco de informação, para ser mais exato, de teoria.

Isso quer dizer que esse livro de Ziraldo é como um livro escolar, cheio de informação e teoria, chato e cansativo, daqueles que os leitores tem vontade de largar logo depois das primeiras páginas?

É claro que não! E aí reside um dos maiores trunfos a favor desse material tão interessante, seu caráter lúdico nos permite aprender e, ao mesmo tempo, ter prazer em ler. Se divertir conhecendo novidades sobre um assunto de tanta proximidade para esses garotos e garotas pode ser uma fórmula muito eficiente de ensinar.

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“O Chip não é uma batata frita, mas conseguiu substituir a macarronada de fios e cabos que eram usados para ligar as válvulas e outros componentes dentro dos cérebros eletrônicos. O chip é um circuito que reúne, numa plaquinha minúscula, centenas, milhares ou milhões de componentes eletrônicos. E olha que ele é menor do que uma unha!”

Ao ler um livro como esses, os pequenos leitores passam a ter possibilidades de usar melhor e mais conscientemente os computadores (estejam eles na escola ou em casa). É verdade que muitas dessas informações estão disponíveis na internet ou mesmo que são conhecidas por professores e adultos (como tios, pais e mesmo avós) com os quais interagem essas crianças. Há de se convir, porém, que esses dados estão dispersos e, que por mais que esses adultos sejam hábeis e convincentes na hora de trocar idéias e ensinar os pequenos, nenhum deles tem o charme do Menino Maluquinho... Confiram!

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