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João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

O livro digital: números revelam crescimento no mercado brasileiro
João Luís de Almeida Machado

ebook entre livros na prateleira

Tanto os e-books quanto os e-textbooks ganham mercado e vão se consolidando como boa alternativa para os leitores e estudantes brasileiros.

Pesquisas recentes indicam que aproximadamente 20% dos brasileiros já leu livros em formato digital. E você, está entre aqueles que já experimentou este formato ou se inclui no grupo de pessoas que ainda não leu um livro em um e-reader ou num tablet mas que, certamente, num futuro bem próximo, também estará aderindo a esta plataforma?

De acordo com as empresas que disponibilizam livros digitais para venda e download no Brasil já estão disponíveis cerca de 30 mil livros em língua portuguesa no país. Se somados os títulos em inglês e outras línguas, segundo a Amazon, a maior empresa do segmento no Brasil e no mundo, a oferta aumenta para mais de 1,4 milhões de livros digitais.

Dispositivos específicos para leitura digital, como o Kindle, o Lev ou o Kobo, os e-readers, competem com os tablets, nos quais há aplicativos específicos para que sejam comprados e baixados livros, como o próprio App Kindle da Amazon.

Com isso há milhões de usuários em potencial para a aquisição e leitura de e-books no Brasil. E, certamente, há vantagens para quem lê livros neste formato, como por exemplo:

- Os livros digitais custam, em média, 30% a menos que as mesmas versões em papel, além do que, há de se convir, são ecologicamente mais corretos pois não demandam o corte de árvores para a produção do papel;

- É possível baixar cerca de 1 mil livros num dispositivo como o Kobo, o Lev ou o Kindle; Nos tablets, igualmente, também dá para armazenar uma quantidade grande de títulos.

- Os e-readers, dedicados especificamente a leitura, contam com bateria que pode durar até 1 mês inteiro e, ainda, como foram produzidos para esta finalidade, não agridem tanto a vista dos usuários quanto os tablets;

- o peso dos livros é maior do que o dos e-readers ou tablets o que, para quem precisa levar mais de um livro para a escola, por exemplo, constitui uma vantagem e evita problemas de saúde, como dores na coluna causados por excesso de carga;

- O download de um livro digital dura aproximadamente 60 segundos e não exige que a pessoa tenha que se deslocar para uma loja física para adquirir o volume;

- As lojas que vendem livros digitais como a Amazon, a Livraria Cultura ou a Saraiva, no Brasil, permitem que o leitor baixe amostras do livro e, em assim fazendo, ao ler um conjunto de 10 ou 20 páginas, se certifique do fato de que realmente quer adquirir aquele título.

Nos Estados Unidos, mercado em que a consolidação dos e-books é bem anterior ao Brasil, 25% dos livros vendidos já são em formato digital, ou seja, 1 em cada 4 títulos não é mais vendido em papel. Outra importante constatação neste mercado é a de que quem tem e utiliza e-readers ou lê em seus tablets tende a ler mais do que quem está habituado somente as edições em papel. Os norte-americanos adeptos dos e-books leem, em média, 24 livros por ano, enquanto seus compatriotas que preferem os livros em papel tem uma leitura média anual de 15 volumes.

Além do mercado convencional de livros em formato digital, outro segmento que tem crescido consideravelmente é o de livros didáticos nestas plataformas. Segundo dados oficiais, em 2014, cerca de 380 mil professores de escolas públicas já tinham tablets, o que permite a eles contar com versões digitalizadas dos materiais didáticos que usam em sala de aula. O MEC, inclusive, tem cobrado as editoras e estipulou prazos para que coleções que antes eram encontradas somente em papel, para fazerem parte do PNLD (Plano Nacional do Livro Didático) sejam também disponibilizadas em formato digital.

Entre as escolas privadas os dados mais recentes informam que 40% delas já utilizam materiais digitais, ou seja, disponibilizam para seus alunos tanto a versão em papel quanto aquela que pode ser baixada num tablet ou mesmo num smartphone.

Num mercado como o brasileiro, em que esta tecnologia ainda é incipiente, já em 2015 o crescimento do setor foi de 226%. Parece gigantesco mas ainda é pequeno pois os e-books ou os e-textbooks (os livros didáticos digitais) representam somente de 2 a 4% do faturamento das editoras.

Em se considerando, porém, que 50% das pessoas que nunca leram ou estudaram usando um e-book admitem que acreditam brevemente estar lendo um livro digital é certo que os investimentos no setor continuarão a acontecer.

Do mesmo modo como, para editores e especialistas no setor, a apregoada morte do livro em papel não deve ocorrer, como não aconteceu com o cinema após o advento das tecnologias que permitem as pessoas ver filmes em casa, desde os videocassetes, passando pelos DVDs e Blu-Rays até o streaming proporcionado por empresas como a Netflix.

No caso das escolas brasileiras, ainda há alguns dilemas a resolver pois os professores ainda não se adaptaram a este novo recurso e estão buscando meios e fórmulas de melhor aproveitá-lo em suas aulas. Há sempre o receio de que os alunos percam o foco do material digital e naveguem em outros canais da internet além de problemas estruturais, como por exemplo, ter acesso a versões digitais na nuvem em regiões com serviço de internet ainda deficiente.

As metodologias de uso também não são claras e, em assim sendo, reina uma certa insegurança que move pequenos grupos a tentar integrar o recurso em suas aulas enquanto a maioria opta pelo que já conhece, dando preferência aos livros em papel. O que se sabe é que há benefícios e que, brevemente, até por economia, os e-textbooks (livros didáticos digitais) tendem a crescer no mercado nacional, tanto no privado quanto no público.



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