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Educação para o Pensar

Wanda Camargo é educadora e assessora da presidência do Complexo de Ensino Superior do Brasil.

Extensão universitária
Wanda Camargo

A Extensão é o mecanismo através do qual uma instituição de ensino superior se relaciona com diversos outros setores da sociedade, constitui forma de, em programas e projetos, atender interesses e necessidades da população, e potencialmente promover desenvolvimento regional, é um dos mais importantes atributos de uma instituição de excelência.

Uma boa atividade extensionista pode promover inclusão e transformação social, suprir carências de comunidades específicas e desenvolver a cidadania dos futuros profissionais em formação, além de incrementar sensivelmente a cultura do jovem universitário, mostrando o país em sua realidade e necessidades.

Embora historicamente tenhamos vivenciado certo distanciamento entre o que denominamos o “mundo real” e o “mundo acadêmico”, é justamente a atividade extensionista que pode produzir um espaço compartilhado entre estes dois, ou seja, um campo em que as práticas se estabelecem em comum e adquirem sentido comunitário. A legitimação do saber universitário está em grande parte nesta capacidade de melhorar a vida do cidadão, seja do ponto de vista material ou intelectual, mudando sua vida ao utilizar a expertise de professores e pesquisadores.

No entanto, de forma geral isso implica numa mudança do próprio processo de ensino e aprendizado, que necessitam estar mais orientados para a pluralidade, para a geração de saberes que possam impactar a sociedade como um todo, e isso não pode ser obtido sem um plano bastante bem definido, com estratégia metodológica e política que deve incluir também a educação informal, as tecnologias sociais e a questão dos direitos humanos em muitas de suas dimensões, todas articuladas às demandas da sociedade.

Apenas assim será possível um trabalho dentro da complexidade das relações entre escola, cidadão, e as várias instâncias sociais; olhando esta interface não apenas de forma funcional, já que uma instituição de ensino superior não é mero complemento do Estado, a ela cabe executar sua política, não apenas criticamente, em sua forma de associar ensino e pesquisa, mas principalmente de forma processual, como atividade que coloca a universidade no centro das questões sociais – sem ocupar funções estatais, mas sim o papel estratégico de articulação entre o conhecimento e sua aplicação.

Desde a Constituição de 1988, que em seu artigo 207 estabelece que as universidades devem trabalhar com autonomia didático-científica, administrativa, de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, sabemos que a construção de uma sociedade mais justa, sem pobreza e mais solidária também depende do quanto sejamos capazes de cumprir os preceitos constitucionais com clareza e sem tergiversar. Ainda não atingimos este patamar, a indissociabilidade tem sido renegada, e a extensão ainda não atingiu sua necessária importância no panorama brasileiro.

Porem, nos últimos anos, devido a uma série de fatores conjunturais, a cobrança por uma universidade mais inclusiva tem aumentado, já que movimentos sociais, ONGs e todo tipo de organizações do terceiro setor tem exigido um compromisso mais efetivo à promoção do acesso de grupos carentes ao estado de bem estar social.

Por isso, mudanças profundas no enfoque epistemológico, de compreensão da realidade e de visão de mundo, e metodológico, assumindo-se um viés mais democrático na construção do conhecimento científico e tecnológico, tem sido indispensáveis à novas atividades extensionistas.

Colaborar nas transformações indispensáveis para um mundo melhor e mais solidário é muito do que se espera da ação extensionista.



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