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João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

A Grande Jogada
Manual Construtivista de Como Estudar

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“Tudo quanto sabemos nos chega por informações e demonstramos esses conhecimentos através de nossa comunicação com as pessoas que nos cercam. É, portanto, necessário que ensinemos nosso cérebro a funcionar melhor, aperfeiçoando nossa recepção de informações e nossa capacidade de comunicação.
E como isso é possível?
Treinando nossa capacidade de visão para enxergar detalhes, nossa audição para ouvir tudo e distinguir os sons e as distâncias que os separam, nosso olfato para selecionar odores, nosso paladar para diferenciar pequeninos gostos das coisas e nossa cinestesia para arrancar do ambiente a pressão, a temperatura, a alegria, a tristeza e outras sensações”.

Há vários professores que torcem o nariz a simples menção de qualquer método, esquema ou modelo de estudo a ser adotado por seus estudantes. Existem outros que preferem acreditar que os alunos vão aprendendo naturalmente a estudar e que acabam criando modelos próprios, muito particulares para se preparar para as avaliações escolares. Em ambos os casos percebe-se a preocupação desses educadores com a preservação da originalidade, da criatividade e, mesmo, da individualidade dos estudantes.

Será mesmo que nossos estudantes conseguem se desenvolver tão rapidamente a ponto de estruturar de forma adequada os seus estudos quando não estão em sala de aula (ou mesmo durante as aulas)?

Modelos, esquemas ou métodos de estudo são realmente nocivos à individualidade e a criatividade de nossos alunos?

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“Não tenha medo de errar, aceite suas falhas. Faça de seu erro um ponto de apoio
para um novo pensamento, uma idéia original. Só não erra quem não tenta”.

Sistemas utilizados para estudar não são ranços da escola tradicional e, por esse motivo, contradizem o que de melhor tem sido produzido e gerado pelo construtivismo?

O professor Celso Antunes nos ajuda a responder algumas dessas perguntas em seu livro “A Grande Jogada – Manual Construtivista de Como Estudar”. No próprio título o autor já nos coloca a par da idéia de que manuais que nos orientam quanto a métodos de estudo podem (sim!) pautar suas ações e dinâmica no construtivismo, apesar de muitos estudiosos do assunto considerarem imprópria essa associação.

O propósito do livro, por sinal, é atender uma demanda dos próprios estudantes e de muitos professores que, estando na ativa, sentem falta de orientações escritas que permitam uma navegação mais fácil pelos vários conceitos e idéias trabalhadas em seus cursos.

É claro que os estudantes têm condições de se organizar para seus estudos de forma espontânea, mas a força e a sabedoria daqueles que tem muito mais experiência na área deve ser utilizada para facilitar e melhorar o rendimento de todos os garotos e garotas que tem real interesse em aprofundar-se ou aperfeiçoar-se na escola. Os professores, pelo tanto de vivência que possuem na vida educacional, também têm condições de agir de forma autônoma nesse quesito (orientando seus pupilos), propondo ações e fórmulas bem-sucedidas que tenham sido utilizadas por eles mesmos ou por alguns de seus alunos.

Porém, sabemos que para os professores o tempo para a implementação de seus cronogramas e planejamentos anuais já é extremamente apertado e que, a adição de qualquer outro elemento aos extensos programas de curso implica em sacrifícios ainda maiores na programação. Além disso, os professores em nosso país vivem jornadas de trabalho longas, desgastantes e muito cansativas, tendo que, muitas vezes, dar aulas em 2 ou mais escolas. Esses fatores acabam fazendo que o necessário auxílio e a fundamental orientação aos alunos quanto a como estudar acabe se tornando artigo de luxo, supérfluo e, finalmente, descartável...

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“Você sabe de onde vem a palavra ‘texto’? Ela é de origem latina e vem de ‘tecido’. E um texto,
tal como um pedaço de pano, é construído por muitos fios que se entrelaçam.
O texto é um tecido de palavras que formam frases, frases que se entrelaçam em idéias.
Se quisermos conhecer as características e qualidade do tecido temos que desfazê-lo.
Obviamente não é diferente o que se necessita fazer com um texto”.

Até mesmo por isso, a leitura desse livro de Celso Antunes se torna importante para muitos professores e, certamente, mais relevante ainda para os próprios estudantes.

É certo que algumas orientações podem parecer tão óbvias que, para muitos, a leitura do manual poderia ser considerada desnecessária. Ao aconselhar os estudantes a procurar espaços tranqüilos de sua casa ou da escola para estudar, aonde não venham a ser incomodados pela presença de outras pessoas ou ainda que não estudem prestando atenção a outros recursos (como televisão, rádio ou internet), Antunes parece repetir idéias que muitos professores dão a seus alunos todos os anos.

O que interessa é que o experiente e bem-sucedido educador e autor de livros vai além daquilo que é básico e, utilizando-se de aforismos, lança outras boas e eficientes idéias a serem utilizadas por quem vai estudar.

Referenda, por exemplo, a necessidade dos estudantes se organizarem em seus estudos por projetos, salientando que ao fazer isso, ficam mais claros quais são os objetivos e propósitos a serem atingidos. Cria-se dessa maneira, uma luz no fim do túnel, que mostra aos alunos aonde se quer chegar, evitando-se desvios inoportunos e propiciando-se maior objetividade e clareza ao trabalho que está sendo realizado.

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“Ao concluir a leitura de um texto, faça um resumo do mesmo, tente dizê-lo de maneira diferente.
Experimente recriar (re + criar) o texto. Se possível, sublinhe as idéias principais,
mas sublinhe apenas o que é muito, mas muito importante mesmo.
Construa depois um quadro-síntese do texto”.

Um outro ponto oportuno do trabalho do professor Celso Antunes se refere à idéia de que temos que realmente fazer um uso inteligente e produtivo da leitura. Ao dizer isso, o autor destaca que muitos acreditam saber ler e acabam, simplesmente realizando a prática de forma mecânica, sem reflexão, desprovida de engajamento e que isso compromete muito os resultados finais desse procedimento.

Toda leitura tem como finalidade à compreensão de um determinado material. As leituras demandam envolvimento por parte de quem lê para que se efetive o pleno entendimento daquilo que se lê. E a realização de leituras onde é atingido esse objetivo primordial de compreensão depende de ações variadas e amplas como: destaque das idéias principais, comparação de conceitos e trechos do texto com outros materiais (livros, jornais, revistas, filmes, músicas, obras de arte,...), anotação de observações ao lado dos trechos sublinhados,...

Ao se realizar um estudo pautado em leituras e projetos que envolvem os estudantes o que se pretende é dar-lhe condições de serem criativos e críticos, de saberem caminhar amparados pela força de suas próprias pernas.

O aluno que lê de forma interessada e tem um foco no seu estudo, estimulado pela família e pela escola pode superar-se e realizar produções notáveis. Nesse sentido é fundamental que também a auto-estima dos estudantes seja constantemente alimentada com incentivos provenientes de todos os lados. Não adianta dar as ferramentas e deixar o mecânico sem alimento, no final das contas lhe faltará energia para manuseá-las de forma correta e adequada.

“A Grande Jogada” é igualmente interessante por valorizar determinadas práticas que, às vezes, são esquecidas pelos professores, especialmente para a produção de fichamentos, pesquisas e redações.

Outra qualidade importante desse “Manual Construtivista de Como Estudar” é a diferenciação nos procedimentos de estudo a se aplicar para “disciplinas conceituais” (história, geografia, literatura,...) e para a aprendizagem de “conteúdos exatos” (matemática, física,...).

Há também um trecho do livro destinado a apologia da memorização, tão vilipendiada por educadores adeptos de teorias mais recentes e que abominam qualquer herança legada pela escola tradicional. Outra boa e oportuna contribuição é uma breve descrição das inteligências múltiplas ou diferenciadas (Lingüística, Lógico-matemática, Cinestésica ou Corporal, Visual ou Espacial, Musical, Intrapessoal, Interpessoal e Pictográfica).

Valiosa contribuição aos estudos, “A Grande Jogada” poderia ser material básico destinado a acompanhar os estudantes durante sua longa jornada pelos corredores das escolas. Seria uma contribuição simples, fácil de ler e, verdadeiramente inestimável. Confiram!

Avaliação deste Artigo: 4 estrelas