Planeta Literatura
Fora de Série – Outliers
João Luís de Almeida Machado
Descubra por que algumas pessoas têm sucesso e outras não
“Ninguém surge do nada. Devemos alguma coisa à família e a protetores. Aqueles que são recebidos por reis podem dar a impressão de que fizeram tudo sozinhos. Na verdade, porém, eles são, invariavelmente, os beneficiários de vantagens ocultas, oportunidades extraordinárias e legados culturais que lhes permitiram aprender, trabalhar duro e entender o mundo de uma forma que outros não conseguem.” (Malcolm Gladwell)
Você conhece alguma pessoa que seja, literalmente, “fora de série”?
Na realidade, o que significa esta expressão? Ao utilizarmos “fora de série” estamos falando de algo ou alguém que está além do básico, que realiza alguma coisa de forma anormal num sentido descomunal, um ser ou objeto atípico já que suas características, condições ou habilidades o colocam num patamar diferenciado em relação a todos outros mortais.
Seria possível afirmar, por exemplo, que os Beatles, considerado por muitos como o melhor conjunto musical da história possa ser assim caracterizado? John, Paul, George e Ringo compuseram algumas das mais conhecidas, referenciadas e tocadas canções de todos os tempos, venderam milhões de discos e influenciaram gerações de músicos e pessoas muito além do tempo de existência de sua banda.
O que dizer então de Bill Gates, o milionário empresário que criou o império Microsoft, não seria também um fora de série? Claro que sim irão dizer muitas pessoas que acompanham a carreira bem-sucedida de Gates. Quem nunca usou o Windows ou produtos e sistemas criados pela empresa de Bill? Podem gostar ou não gostar dele, mas não há como lhe diminuir os méritos.
Além da curva também seriam esportistas como Pelé, Michael Jordan ou Ayrton Senna, por exemplo, ou gênios como Alberto Santos Dumont, Benjamin Franklin ou Albert Einstein.
O que falar então de expoentes das artes como Steven Spielberg, Charles Chaplin, Pablo Picasso, Claude Monet ou Leonardo Da Vinci?
Há também os estadistas, executivos ou homens e mulheres públicos que trabalharam por causas nobres como Lincoln, Steve Jobs, Gandhi, Madre Teresa de Calcutá, Martin Luther King ou Nelson Mandela.
Por que estas pessoas são “fora de série”? É talento nato, vão dizer alguns. Outros podem afirmar que são gigantes porque além do talento natural, literalmente “afinaram o instrumento”, ou seja, se prepararam para atingir resultados incríveis como aqueles que realizaram em suas vidas.
O livro “Fora de Série – Outliers”, de Malcolm Gladwell, publicado no Brasil pela Editora Sextante, apoiando-se em estudos, buscou a resposta para esta pergunta, ou seja, o que faz com que surjam gênios, grandes realizadores ou, em suma, porque algumas pessoas chegam ao Olimpo e, muitas outras, com potencial para isso, não desabrocham, não chegam lá.
Não é um livro de receitas, pelo contrário, ao basear suas linhas em estudos, dados, estatísticas e estudos de caso, como por exemplo, observando a trajetória dos Beatles e de Bill Gates em direção ao topo, o livro de Gladwell ganha a necessária credibilidade.
Elaborado com texto em estilo jornalístico (nos fazendo descobrir a origem profissional do autor), “Fora de Série – Outliers” tem a intenção ao longo de suas linhas de demonstrar que qualquer profissional fora de série, sejam aqueles que têm grande projeção pública, como todos os ícones mencionados nos parágrafos anteriores, ou cidadãos comuns, que ainda que não tenham atingido o estrelado são bem-sucedidos naquilo que fazem e atingem resultados notáveis em sua prática profissional (o que consequentemente lhes permitem bons salários, vida confortável, respeito e credibilidade) são resultado de talento associado a trabalho árduo e contexto favorável.
Então é preciso nascer com alguma qualidade especial? Ter um talento nato? Não necessariamente, há potenciais que são descobertos ao longo do caminho, aprendidos, fruto de estudos, observação, vivência, lapidados na prática cotidiana. Basta lembrar quantas profissões atuais nem mesmo existiam há 10 ou 20 anos atrás e como profissionais qualificados estão atuando nestas frentes com grande sucesso.
É preciso trabalhar arduamente. Estudar e se aperfeiçoar sempre. Grandes talentos natos muitas vezes são derrotados por sua empáfia, ou seja, pelo fato de terem nascido com tanta capacidade para jogar bola, escrever, falar, vender, construir, se relacionar, gerir ou inventar que nem pensam ser necessário estudar e praticar com afinco para que sejam ainda melhores. O pior inimigo de um potencial vencedor é ele mesmo e, acreditem, isso não é um chavão apenas, é a pura realidade.
Além de talento, que pode ser nato ou burilado, que deve ser exaustivamente trabalhado, o que Malcolm Gladwell destaca ao abordar a lei das 10 mil horas como base para que de potenciais profissionais de sucesso surjam realmente os grandes vencedores, é ainda de essencial importância que o contexto onde vivem tais pessoas seja favorável ao desenvolvimento de suas habilidades e competências.
Nascer no tempo e no local apropriados para desenvolver seu potencial, amparados por família e sociedade, tendo acesso a estudos e meios para concretizar suas habilidades, oportunidades para trabalhar e amadurecer profissionalmente são condições imprescindíveis para que os “fora de série” surjam.
É igualmente importante que um talento crie uma rede de relacionamentos através da qual possa encontrar os caminhos pessoais e profissionais para suas realizações, caso contrário, sem pessoas a lhes oferecer sustentação, estarão fadados, igualmente, a nadar e morrer na praia.
De qualquer forma, é preciso ler o livro de Gladwell com atenção para entender, com profundidade como nascem os “gênios”, ou seja, de que forma e em que condições é possível surgirem expoentes que mudam o rumo das coisas, fazendo aquilo que para a maioria dos homens e mulheres, parece impossível mas que, em suas mãos, pés, vozes, letras e outras formas de expressão, até parece fácil...