Planeta Educação

Pedagogia do Incluir

Natália Cortelli Graduada em Pedagogia, pós graduada em Psicopedagogia, formada em estimulação tátil pela Skola För Beröring (Suécia), Coordenadora de Produtos Educacionais na Vitae Brasil e Consultora Educacional em Inclusão Escolar de crianças com deficiência.

Dia 2 de Abril, acenda uma luz azul!
Natália Cortelli Cardenuto

Dia 2 de Abril, acenda uma luz azul!


Em 2007, a ONU decretou o dia 2 de abril sendo o Dia Mundial da Conscientização do Autismo (World Autism Awareness Day). Há estudos que mostram que cerca de 70 milhões de pessoas espalhadas pelo mundo têm autismo.

Este é o dia em que familiares, médicos e instituições lutam pelos direitos da pessoa com autismo visando promover o conhecimento da população a respeito da síndrome.

O Autismo foi descrito inicialmente por Kanner em 1943 quando observou crianças que apresentavam prejuízos nas áreas da comunicação, do comportamento e da interação social, e caracterizou essa condição como sendo única e não pertencente ao grupo das crianças com Deficiência Mental.

Um ano após a descrição de Kanner, outro médico chamado Asperger descreveu crianças semelhantes às descritas por seu colega. Porém, estas aparentavam ser mais inteligentes e sem atraso significativo no desenvolvimento da linguagem. Esse quadro foi mais tarde denominado de Síndrome de Asperger.

Recentemente cunhou-se o termo Transtorno do Espectro Autista (TEA) para englobar o Autismo, a Síndrome de Asperger e o Transtorno Global do Desenvolvimento sem outra especificação.

Segundo Dr. José Salomão Schwartzman, médico neuropediatra, doutor em Neurologia, professor titular do programa de pós-graduação em Distúrbios do Desenvolvimento da Universidade Presbiteriana Mackenzie, “o que se chama de autismo nada mais é do que um tipo de comportamento que se caracteriza por três aspectos fundamentais.

1º) São crianças que parecem não tomar consciência da presença do outro como pessoa.

2º) Apresentam muita dificuldade de comunicação. Não é que não falem. O que acontece aqui é que não conseguem estabelecer um canal de comunicação eficiente.

3º) Têm um padrão de comportamento muito restrito e repetitivo. Atualmente, qualquer indivíduo que apresente esses sintomas, em maior ou menor grau, é caracterizado como autista.”

O diagnóstico da síndrome é feito através de avaliações, de preferência multidisciplinares (neurologista, psiquiatra infantil, pediatra, psicólogo, fonoaudiólogo, dentre outros). Não há exames físicos ou fisiológicos que a diagnostiquem.

A avaliação neuropsicológica utiliza-se de instrumentos de investigação específicos para o autismo, como por exemplo, as escalas: CARS. PEP-R,IDEA,etc.

Dia Mundial da Conscientização do Autismo Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) existem também as orientações diagnósticas presentes nos dois instrumentos internacionais: DSM-IV: Manual de Diagnóstico e Estatístico das Perturbações Mentais e CID-10: Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados.

Especialistas orientam que identificar o quanto antes é muito importante. Atualmente é possível detectar a síndrome em bebês. A observação dos pais, pediatras e escola é fundamental.

Existem muitos questionamentos sobre o que seria causa do autismo. Há diversas pesquisas a respeito, porém nenhuma delas afirma com certeza o real motivo que desencadeia o autismo. Alguns estudos afirmam que o quadro do transtorno global do desenvolvimento é multifatorial, dependendo de fatores genéticos e ambientais.

Para o autismo não há cura, mas há muitas coisas que podemos fazer para dar qualidade de vida aos autistas e suas famílias. Uma delas é promover o conhecimento para que os preconceitos sejam extintos.

A WAAp (World Autism Awarenes) definiu que a cor azul seria a cor a representar o autismo, pois a síndrome afeta mais os meninos, na proporção de 4 meninos para 1 menina. Entretanto, algumas Organizações preferem usar um símbolo colorido, que retrata as diferentes formas que a síndrome se manifesta e seus diferentes graus.

Ainda hoje, são muitas as famílias que encontram dificuldades para incluírem seus filhos em escolas de ensino regular. Mesmo sendo lei toda criança e adolescente ter o direito de frequentar a escola, algumas instituições alegam não terem vagas, outras, não ter assistentes para ajudar, enfim, os argumentos são variados. Em muitos casos, o que as levam negar a vaga da criança é a falta de conhecimento. A inclusão é necessária, cada indivíduo é único, seja ele autista ou não, e por isso cada caso deve ser analisado com muito cuidado. Dentro do âmbito escolar, a criança poderá desenvolver inúmeras habilidades e uma delas é a socialização, o que a ajudará em toda sua vida. Porém, há de se entender que autistas não frequentam a escola somente para socializar-se, eles também são capazes de aprender conteúdos pedagógicos.

Abrace esta causa. No dia 2 de abril, vista-se de azul e promova o conhecimento. Acenda uma luz azul, não só em sua casa ou em seu estabelecimento, mas dentro do coração e daqueles que o cercam.

Mais informação, menos preconceito!



Leia também...
# Artigo: Abraços inclusivos e fáceis de usar

# Artigo: Educação especial, uma miragem no Plano Nacional de Educação?

# Confira outros artigos da coluna Aprender com as Diferenças


Avaliação deste Artigo: 5 estrelas