Planeta Educação

A Semana - Opiniões

João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

25/5/2004 - Fórmulas Simples
Basta prestar atenção e resolver os exercícios

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Na revista Veja dessa semana há uma matéria dedicada a traçar o perfil dos alunos que obtiveram os melhores resultados no último ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio). O que mais impressiona é a colocação feita por alguns desses estudantes garantindo que a obtenção de uma boa avaliação depende basicamente de uma fórmula tradicional e muito simples, prestar atenção às aulas e resolver os exercícios e tarefas propostas para casa.

Muitos estudantes e mesmo professores devem estar se perguntando porque a fórmula descrita acima não funciona em seus casos. Admito que há muitas pessoas que realizam regularmente o binômio “atenção às aulas e realização integral de tarefas e exercícios”, entretanto vale salientar que devemos tentar ir além da resposta superficial para que possamos compreender em que consiste a fórmula dos melhores resultados do último ENEM...

Por exemplo, ao falarmos que os estudantes devem prestar atenção às aulas, o que realmente queremos dizer com isso?

Será que isso significa, na prática, que o aluno deve apenas ouvir atentamente e anotar tudo aquilo que o professor disser ou escrever na lousa?

Será que “prestar atenção” exige do aluno apenas que acompanhe os raciocínios e a lógica desenvolvida para a apresentação de um conceito ou de uma fórmula?

Ou, por outro lado, ao participar da aula o estudante deve escutar as explicações, anotar conceitos, realizar exercícios e, além disso, questionar o professor, participar argumentos, comparar definições, exemplificar os conteúdos, aproximar o conhecimento da sua experiência de vida e estudos e utilizar outras referências extraclasse como complementações ao tema trabalhado em aula?

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Com certeza, a experiência em questão (prestar atenção às aulas) somente será efetiva quando contar com a participação plena e integral dos estudantes, assumindo seu papel em aula como protagonistas do processo de ensino-aprendizagem e tendo seus professores como orientadores nessa realização.

Ignorar que a eficiência desses estudantes ao participar das aulas é derivativa de uma ação que vai muito além da mera passividade frente ao que lhes é apresentado pelos professores é, literalmente, querer tapar o sol com a peneira...

E como esses estudantes se diferenciam dos demais a ponto de podermos considerá-los verdadeiramente ativos no processo educacional?

A própria reportagem de Veja dá algumas pistas, que vamos tentar aprofundar com base na prática de sala de aula. O primeiro pormenor a favor desses estudantes é a influência familiar. Isso significa que os pais se interessam pela vida e pelo rendimento escolar de seus filhos. Novamente alguns estudantes podem dizer que contam com esse apoio e que prestam atenção às aulas e resolvem exercícios regularmente...

Acompanhar o rendimento e participar dos estudos do filho deve ser acompanhado de exemplos que consolidem o desejo e a necessidade de estudar. Pais que regularmente lêem livros, jornais e revistas ou que continuam estudando para se aperfeiçoar profissionalmente contribuem para que seus filhos se sintam estimulados a fazer o mesmo...

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Além disso, os pais têm que incentivar seus filhos a participar de atividades culturais ou esportivas, ir a cinemas, freqüentar teatros, escutar músicas, ler sem que a atividade seja uma imposição escolar, conhecer o mundo que os rodeia, viajar,...

Deu para entender que a participação dos pais é primordial e de que forma ela realmente frutifica em favor de seus filhos como estudantes? Dá também para perceber que essa raiz ultrapassa os limites da escola e lega benefícios que serão fundamentais em toda a vida dos filhos.

Não dá para esquecer que os pais devem se mostrar pacientes, carinhosos e presentes na vida de seus filhos. O equilíbrio emocional constitui verdadeira pérola para o sucesso de qualquer pessoa.

Dizer que realizar os exercícios também é uma simplificação. É lógico que manter as atividades em dia é desejável e necessário, entretanto a realização das tarefas pressupõe a análise, a interpretação, um esforço de realização que supere a mera reprodução de fórmulas e conceitos pré-estabelecidos pelos professores.

Em suma, é preciso pensar a respeito dos exercícios e não resolvê-los de forma mecânica e repetitiva. O estudante deve raciocinar para que entenda o desenvolvimento dos cálculos, a lógica de uma filosofia, o contexto de um grande fato histórico ou o funcionamento de um órgão humano de forma plena e consciente.

Para isso acontecer ele tem que estar motivado. O professor tem que conquistar sua atenção. A aula deve desafiar o aluno a uma postura participativa. Os conteúdos têm que ser explicados de forma significativa para o aluno. A escola precisa ser interessante.

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Seria fácil demais obter bons resultados em qualquer avaliação se a fórmula se restringisse aos métodos indicados pelos alunos aprovados no ENEM, no caso, prestar atenção nas aulas e resolver os exercícios e tarefas propostos. Vimos, porém que nos bastidores, a receita da vitória exige, além dos elementos mencionados:-

- Apoio dos pais.
- Leituras adicionais.
- Acompanhamento das notícias a partir de jornais, revistas, internet.
- Enriquecimento cultural com idas a cinemas, teatros, palestras,...
- Aulas interessantes.
- Participação integral e ativa dos estudantes nas aulas.
- Resolução consciente dos exercícios e tarefas.
- Empenho e dedicação dos professores.
- Vontade de vencer dos alunos.

Fácil. Extremamente fácil. Pra você e eu e todo mundo...

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