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Proponho uma Nova Fase Literária: Um movimento Interativo
Márcia Pitta

Foto de Márcia Pitta, autora do artigo.Caro leitor, vamos refletir de forma sintética sobre algumas fases literárias que tivemos em nossa história para, no final, concordarmos ou não com uma nova proposta literária. Convido-o para que, durante a leitura, sinta-se viajando por nossas diversas fases literárias.

Comecemos pelo período colonial onde inauguramos nossa literatura contendo como objetivo literatura de informação, devido à necessidade de avisar as características da terra encontrada e acenar para a colonização.

José de Anchieta é apontado como um dos primeiros a compor os escritores de nossa literatura e, sendo assim, podemos aqui também encontrar a literatura jesuíta, com o objetivo de informar e cativar para o lado religioso; era uma catequese literária.

Dando sequencia, no século seguinte, embarcarmos nos conflitos entre o espiritual e o material, a idéia aqui avança com características carregadas de figuras de linguagem e sem ser genuinamente brasileira, pois sabemos que nem tínhamos como.

Por conta da descoberta do ouro em Minas Gerais, a razão e objetividade sugerem que a vida bucólica passa a ser mais valorizada e os escritores da época passam a seduzir para a vida no campo.

Os escritores aqui se colocam como eu literário, sendo um pastor que se apaixona pela mulher amada, uma pastora. Essa fase deu abertura para no século seguinte chegarmos ao romantismo.

No romantismo, a emoção sobrepõe à razão. Temos ainda no mesmo século, a convivência com outros escritores que declinam do romantismo e partem para o realismo, escrevendo com bases na realidade existente. Aqui encontramos exposição do real e regional. Nesta época não há mais a necessidade do “pastoricismo”.

Passamos pelo parnasianismo, é uma fase que influencia bastante nas formas poéticas de escrita. A idéia aqui é valorizar a forma clássica da apresentação do que esta sendo escrito.

Acompanhando estas fases e outras que não citei, chegamos ao modernismo. Esta fase literária oferece diversos movimentos, alguns destacam o escritor Oswald de Andrade como articulador.

O movimento do pau-brasil, com propósito forte de libertar os poemas em sua apresentação, e o movimento antropofágico que é uma metáfora intencional de digerir a cultura externa, não no sentido de excluí-la, mas com intenção de não imitá-la são exemplos disso.

Por este movimento pudemos nos sentir como parte de uma cultura reconhecidamente valorosa e dar vazão a nossa criatividade e conhecimento cultural.

Chegando à semana de arte moderna em 1922, temos a renovação da linguagem cultural, ruptura do passado com novas ideias e novos conceitos como a poesia apresentada de forma declamada e não apenas escrita como era anteriormente, marcamos neste momento o início do modernismo (século XX).

Estamos agora no século XXI. Temos aqui o movimento pós-moderno que é marcado por vários estilos convivendo juntos e com respeito.

Diante do quadro histórico culminando aos vários estilos literários convivendo juntos, chegamos à fase que requer um movimento literário inovador e que venho propor a seguir: Um movimento literário interativo!

Este movimento requer uma visão diferenciada por duas vertentes: do escritor e do leitor.

1. Do escritor: A proposta aqui é que nós escritores procuremos escrever de forma que resulte em uma provocação ao leitor, suscitando desejo pelo conhecimento, pela informação, pela pesquisa, pela busca do resultado com prazer de experimentar, de pesquisar, de buscar e desta forma acabar por aprender além da informação por terem compartilhado ações de interação.

A consciência do escritor deve estar voltada a saber que literatura por prazer não é criada para ensinar, mas sim para que o leitor conheça e tenha prazer em usufruí-la.

O ideal é que o escritor consiga um texto polissêmico. A polissemia em um desfecho ou em vários pontos do enredo, da trama ou até de um poema ajuda o leitor a questionar para si e para os outros.

É a cultivação do diálogo através da literatura. O diálogo de interação, a leitura que promove o intercambio de ações, a literatura interativa.

O escritor poderá também contar com a interação de gêneros literários em uma mesma obra. (Como no meu livro “Pedaços de Mim”, um livro de poemas que contém realismo mágico e narração).

Outras ferramentas o escritor poderá ter como recurso para atingir o foco a que se destina.

2. Do leitor: A proposta para o leitor é de uma leveza de intenção. Ler para ter prazer e não para decorar, aprender ou se obrigar a algo.

Será uma leitura voltada para o prazer, onde ele se proponha a conversar com o escritor, questionando-o, argumentando de forma a pesquisar mais, buscar mais, refletir mais compartilhando, interagindo e desta forma aprendendo e ensinando.

Cabe lembrar que a emoção que se faz por intermédio da leitura é o prazer que se tem ao interagir em uma literatura.

Márcia Pitta é educadora e escritora. Autora dos livros Pedaços de Mim, Lição de Vida, Curta e Vida e o Pote Mágico, os dois últimos publicados pelo selo Novos Talentos da Literatura Brasileira da Novo Século Editora.

Avaliação deste Artigo: 5 estrelas