A Semana - Opiniões
10/5/2004 - Vitórias possíveis...
Quando formamos verdadeiras equipes
O pódio e as medalhas são para todos os atletas, titulares ou reservas que,
coletivamente conseguiram atingir objetivos comuns.
É impossível pensar em equipe sem associar o conceito ao esporte. A relação é praticamente direta por que pensamos na bola recepcionada pelo jogador de defesa que, com uma manchete tenta mandá-la redondinha para um dos jogadores responsáveis pelo passe, que a colocará ao alcance do levantador; este por sua vez deve deslocar a defesa adversária e conseguir abastecer um dos cortadores da equipe, que numa cortada fatal tem que marcar o ponto.
E não para por aí, temos que pensar em todo o treinamento e preparação anteriores, executados ao longo de semanas ou meses, durante os quais os atletas passam por rigoroso planejamento que prevê desde práticas diárias com o objetivo de aperfeiçoar fundamentos, treinamentos coletivos, memorização de jogadas ensaiadas, preparação física, estudo do jogo dos adversários, musculação, massagens e alguns outros compromissos...
Isso sem contar que durante treinos e jogos as equipes têm sua alimentação monitorada para acertar a quantidade certa de nutrientes para cada ocasião (partidas e treinos tem diferenças quanto à quantidade de carboidratos, açúcares, proteínas, vitaminas e demais compostos alimentares fundamentais) e contam com o apoio de fisioterapeutas e médicos de plantão que lhes auxiliam em caso de contusões ou doenças.
Isso significa que para os atletas brilharem em quadras, piscinas, pistas de atletismo, campos de futebol ou ginásios esportivos é necessário o apoio de diversos profissionais (além dos próprios esportistas), dentre os quais técnicos e auxiliares, médicos, massagistas, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, diretores responsáveis pela retaguarda que é necessária para transporte e acomodação desses atletas e, além disso, patrocinadores dispostos a bancar o esporte.
Os gols envolvem todos os jogadores da equipe, não só aquele que colocou a bola nas redes.
É, pois além de toda a base material e técnica que assenta a formação de uma grande equipe esportiva, é necessário muito dinheiro para pagar todos os profissionais envolvidos, inclusive os atletas, que dependendo do nível de visibilidade e popularidade do esporte, podem ser personalidades públicas de grande impacto e vulto, com salários altíssimos (o mesmo ocorrendo com a comissão técnica de tal equipe).
Mesmo assim ainda estamos um pouco distantes daquilo que poderia ser considerada uma equipe. Parece absurda a afirmação? Pois reitero a colocação e afirmo que não estou variando das idéias. Há outros quesitos fundamentais para a configuração de uma verdadeira equipe.
Torna-se fundamental para o surgimento de uma equipe a clara noção de responsabilidades que cabem a cada pessoa dentro do grupo com o qual trabalham. Isso implica, muitas vezes, lidar com situações em que o brilho dos artilheiros ou dos jogadores que exercem função de maior exigência e qualificação técnica (como os levantadores do vôlei ou os principais armadores do futebol e do basquete), pode parecer ofuscar as realizações dos demais...
O que fazer então?
Deixar claro para todos os que compõem o time que a bola na rede não garante a vitória se os zagueiros e o goleiro não conseguirem evitar gols dos adversários. Esclarecer que para o cestinha do time de basquete anotar seus pontos é preciso uma defesa eficiente e uma armação competente que garantam a ele a bola para o arremesso. E ainda que, sem as várias horas de treino e orientação dadas pelos treinadores e seus auxiliares, sem o aperfeiçoamento de fundamentos, sem a coesão dos passes e jogadas ensaiadas por longos períodos, as cortadas podem não sair...
Coordenar os esforços, remar em conjunto, manter a harmonia.
Se não for feita uma preparação física totalmente adequada, os jogadores serão incapazes de correr com toda a disposição durante todo o jogo. Uma alimentação balanceada pode evitar indisposições e dar a suficiente energia para que seja possível se movimentar durante toda a partida e, se necessário, por uma eventual prorrogação ou cobrança de pênaltis.
Por isso, quando a vitória é conquistada, ela é fruto do empenho de uma coletividade. O gol marcado pelo artilheiro é só a ponta do iceberg. O ponto final anotado pelo cortador é apenas uma pequena parte de um imenso esforço, de semanas ou meses. A bola arremessada perto do final do emocionante jogo de basquete que cai depois de alguns segundos de suspense é somente o detalhe supremo que coroa o trabalho de diversos profissionais.
É interessante percebermos que todas essas idéias são aplicáveis aos nossos locais de trabalho. Como nosso olhar procura enfocar mais as relações que se estabelecem no ambiente escolar, vamos explicar mais detalhadamente.
O gol ou a cesta tão ansiosamente perseguidos ao longo de todos os jogos é, na educação, o diploma arduamente obtido pelos estudantes em sua formatura. Poderíamos inclusive dizer que eles são os jogadores e que, de suas mãos saem jogadas magistrais ou, às vezes, bisonhas. Para qualificar melhor os passes, as cobranças de escanteio e os chutes a gol de nossos “atletas” ou alunos, devemos “treinar” ou estudar arduamente, todos os dias, sem receio da dor provocada pelo intenso esforço...
Planejar as jogadas, trocar idéias, executar o que foi treinado.
Não basta, entretanto, treinar. É fundamental criar, elaborar novas fórmulas ou táticas, driblar os problemas com as inovações possíveis. Nem todos podem ser campeões, mas todos podem jogar bonito e conseguir realizar partidas irrepreensíveis, daquelas que nenhum torcedor será capaz de esquecer. Os professores como treinadores devem estar atentos a melhores possibilidades para suas aulas/treinamentos. Devem acompanhar o trabalho de outros profissionais, se atualizar, ler e estudar constantemente.
Se necessário, peça a seus atletas/alunos que procurem o conselho de um psicólogo/Orientador Educacional ou ainda de um dos diretores ou supervisores/coordenadores de sua equipe. Muitas vezes uma orientação dada por outros profissionais de sua equipe podem funcionar melhor que aquela que você repete todos os dias em suas aulas/treinamentos.
Mostre a todos os seus atletas/estudantes que no final, a vitória será de todos e que, cada um deles, particularmente poderá desfrutar de vantagens e reconhecimento que irão, com certeza, valorizar suas carreiras futuras. As taças/diplomas levantados ao final de cada nova realização entram para a sala de troféus da escola e para o currículo de cada um dos participantes da conquista.
Diga-lhes que, certamente, um dia os caminhos dos membros dessa equipe poderão não ser mais os mesmos (mudamos muitas vezes de endereço profissional/esportivo) e que, apesar disso, para todos ficarão as memórias das grandes vitórias, do enorme esforço, das frustrações e derrotas e, principalmente, da maior de todas as realizações de um ótimo trabalho em equipe, a alegria da amizade sincera e eterna...
Ser criativo, buscar a perfeição das formas e jogadas,
dar o melhor de si em favor da equipe.
Obs. Fui atleta e participei de competições durante muitos anos. Treinava duro e tinha consciência, apesar de minha juventude, da importância dos colegas, do treinador, dos “patrocinadores” (nossos pais), do seu Jair que limpava a piscina,...; Atualmente levo para onde vou todos os ensinamentos do esporte, são basilares para meu trabalho na Futurekids, no Senac e no Colégio Cecília Caçapava. Agradeço a meus colegas pelo apoio e suporte fundamental para nossas realizações, tenho consciência de que trabalho em verdadeiras equipes e a todos vocês dedico esse artigo.