Planeta Educação

A Semana - Opiniões

Erika de Souza Bueno Coordenadora Educacional da empresa Planeta Educação; Professora e consultora de Língua Portuguesa pela Universidade Metodista de São Paulo; Articulista sobre assuntos de língua portuguesa, educação e família; Editora do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br). E-mail: erika.bueno@fk1.com.br

Bater Educa?
Considerações e Desafios

Foto-de-Erika-de-Souza-Bueno-autora-do-artigo Primeiramente, a intenção deste artigo é apenas mostrar algumas faces de um assunto polêmico, mas que precisa ser abordado por quaisquer que trabalhem com a área educacional, entendendo aqui, entre outros, pais, professores, coordenadores e gestores da educação.

É fato facilmente constatado que as pessoas têm sempre muita pressa para tudo, e conversar, tentar compreender e discutir pontos de vista são práticas que demandam muito tempo.

Em contrapartida, algumas pessoas acreditam que um puxão de orelha, um tapa, um empurrãozinho vez ou outra podem conter os ânimos das crianças com bem menos tempo.

Após o castigo físico, contudo, se a criança não voltar mais a agir de um modo não apropriado nem sempre significará que ela tenha aprendido eficazmente.

Se ela não correr mais sobre o piso molhado porque foi castigada fisicamente por seus pais, por exemplo, nem sempre será pelo fato de ter aprendido realmente o porquê de não poder mais fazer isso.

Do mesmo modo, se após ter apanhado de seus pais por ter respondido com grosseria a eles, ela não mais repetir essa malcriação, infelizmente não significará que ela aprendeu as boas razões de respeito aos mais velhos.

Não, as coisas não são tão simples assim. O castigo físico pode iludir muitas famílias, levando-as a pensar que seus filhos estejam aprendendo comportamentos de educação de modo efetivo.

Mas o que está ficando de aprendizado a eles?

Se um menino bate em outro na escola e, ao chegar a casa, apanha de seus pais como castigo pelo erro que ele cometeu, como entenderá que a violência não é o melhor meio a ser utilizado?  

A verdadeira razão que faz uma criança não repetir mais um erro após apanhar de seus pais pode frustrá-los grandemente, pois o seu único motivo pode ser simplesmente o medo de apanhar novamente.

Entretanto, isso é insuficiente e não atende em nada ao que queremos para a vida de nossos filhos: que eles absorvam os bons conceitos de uma educação para a vida toda.

Além disso, não é interessante para ninguém que um comportamento educado aconteça apenas na fase da infância.

Mesmo quando passar pela adolescência, juventude e vida adulta, nosso desejo é que cada criança viva plenamente nossos ensinamentos, estes que visam levá-la ao mais completo sucesso nos mais diferentes setores.

A violência física se mostra muito ineficaz, pois tende apenas a conter os ânimos de modo rápido, enquanto que o diálogo pode ensinar conceitos importantes para a vida toda.

A conversa entre pais e filhos pode ter benefícios mais duradouros, mais conscientes e, por isso, mais efetivos.

Esse assunto é muito mais amplo do que imaginamos, e há quem não concorde em nada com isso.

A intenção aqui, como falado no início, é apenas levá-lo a refletir um pouco mais sobre essa prática utilizada por muitas famílias para educarem seus filhos.

Nada é tão simples como pode parecer à primeira vista, estamos falando de vidas de pessoas com as mais diferenciadas experiências, as quais podem fazê-las acreditar ou não num determinado método para educar crianças.

Isso tudo, precisamos enfatizar, tem várias faces, pois até pais que não usam a violência para educar seus filhos estão propensos a errarem, acredite.

Isso pode ocorrer, principalmente, quando os deixam à disposição de recursos como televisão, filmes e videogames sem a devida orientação de um adulto.

Ora, do que adianta não agredir fisicamente a criança para educá-la, mas permitir que ela assista, sozinha, a tantas formas de violência?

A violência pode acontecer até mesmo em muitos desenhos animados tidos como “inocentes”.

Como vários personagens usam métodos violentos diante de qualquer desagrado, a criança corre o risco de assimilar conceitos muito equivocados em relação à vida como um todo.

Temos que pensar que cada um reage de um determinado diante de um estímulo específico.

Para entender isso, pense que, por ter sofrido violência física durante a infância, muitos pais hoje não agem assim em relação aos seus filhos, enquanto outros, pelo mesmo motivo agem exatamente ao contrário.

Como dá para perceber, não é possível esgotar esse assunto nessas breves palavras e, por isso, o amplie em sua escola, em sua família, em seu círculo social.

Converse, pesquise, permita-se refletir e conhecer outras formas de pensar sobre esse importante tema.

A reflexão é, sem dúvidas, um valioso meio para verificar, a tempo, se as nossas ações do hoje terão os resultados que estamos esperando para o amanhã.

Avaliação deste Artigo: 5 estrelas