Planeta Educação

A Semana - Opiniões

Daniele Vilela Leite Coordenadora Educacional na empresa Planneta; Formada em Serviço Social pela Univap; Larga experiência em trabalhos relacionados à Educação.

Por que as Famílias não Vão às Reuniões Escolares?
Participação dos Pais junto aos Professores nas Escolas

Segundo a LDB (Lei de Diretrizes e Bases-Lei 9.39496), “a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana...”.

Com isso, as escolas brasileiras possuem características similares quando o assunto é reunião de pais! Todas as escolas realizam esse procedimento que, geralmente, acontece em determinados períodos do ano, especialmente no fechamento dos bimestres, momento que marca a entrega de notas.

Infelizmente, é relativamente baixa a participação dos pais nas reuniões escolares. Isso se deve a vários motivos e, entre eles, os horários das reuniões que, muitas vezes, acontecem no período de aula, ou seja, no horário de trabalho da maioria das famílias.

Outro motivo é a discriminação comportamental. Os pais dos alunos que obtiveram notas elevadas e que apresentam bom comportamento são parabenizados, enquanto que os pais daqueles que não atingiram as médias estabelecidas pela escola e que não apresentam comportamento apreciado são alertados, em público, quanto à falta de interesse e indisciplina do filho.

Há muitas reclamações em relação aos alunos indisciplinados e com baixas notas. A forma como esses pais são abordados é discriminatória e vexatória, pois há casos em que os professores colocam o nome desses alunos na lousa antes mesmo de a reunião começar.

Essa prática aumenta ainda mais o constrangimento das famílias com filhos em situação de desvantagem, dado que são expostas diante de todos os presentes. Há também escolas que realizam a reunião com os pais, um professor de referência da sala e professores especialistas.

Durante essa reunião, são pontuados, diante de todos os presentes, aluno por aluno: como se comporta, suas notas e outras informações... Ora, existem várias formas que essas pontuações podem ser feitas! Os pais têm sim que estar presentes na escola e acompanhar a vida escolar de seus filhos, mas também é papel da escola estar “aberta” a recebê-los e a atendê-los de um modo adequado.

É importante pontuar que problemas com indisciplina, dificuldades de aprendizagem e vandalismo podem ser amenizados se escola e família trabalharem juntas. Mas, infelizmente, ainda existem muitas famílias e escolas vivendo num grande dilema ao “transferir” responsabilidades umas para as outras.

Os professores atribuem a culpa dos problemas aos pais que não cumprem suas obrigações de educar, limitando-se ao pensamento de que as famílias esperam que a escola o faça, pois mandam seus filhos para lá, mas não ajudam e nem participam da vida escolar deles.

Por sua vez, as famílias culpam os professores apontando um possível despreparo, bem como a gestão escolar acusando-a de não fazer o que é preciso para melhorar. Nesse “jogo de empurra-empurra”, quem perde é o aluno e, como consequência, a sociedade como um todo.

Há uma grande confusão de papéis entre pais e escolas, pois cada parte não sabe reconhecer sua responsabilidade compartilhada. É necessário que caminhem juntas, buscando se adaptar às mudanças necessárias, de modo a chegarem a um consenso, proporcionando, assim, eficácia na educação e no aprendizado das crianças.

As famílias devem buscar a interação com a escola, participando ativamente, dando sugestões e opiniões, além de estarem a par das atividades escolares oferecidas aos seus filhos. É necessária interação entre ambos, pois somente quando pais e professores estiverem “falando a mesma língua”, será possível uma parceria produtiva na escola.

Outro motivo que acaba dificultando a presença do responsável junto à escola é que muitas famílias apresentam configuração monoparental, ou seja, apenas uma pessoa é responsável por cuidar da educação dos filhos, acompanhar sua vida escolar, além de proporcionar o sustento da família.

Mas isso não quer dizer que o responsável está “isento” de sua presença na escola. Torna-se mais difícil, mas não impossível! A família é responsável por promover o convívio social, o qual deve ter início no ambiente familiar.

Quando unidas e dispostas a oferecer o melhor aos alunos, família e escola podem promover mudanças significativas para o bem-estar de cada uma de nossas crianças, adolescentes e jovens.

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