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O Prestígio da Educação
Wanda Camargo

Foto de Wanda Camargo, autora do artigo. No escândalo nacional mais recente, acusados minimizam a falsificação de um diploma de curso superior - e muitos diriam que, na sequência de eventos, este detalhe é insignificante. Na verdade, é um dos mais graves, pelo valor dado à obtenção de um diploma de curso superior, seja ele de que área for, advindo da instituição mais humilde ou renomada, para um exercício profissional.

Considerado no caso uma simples exigência, talvez até descabida, para a obtenção de um cargo garantidor de uma boa remuneração - é disso que se trata -, mostra com clareza a importância dada ao conhecimento proveniente deste diploma e ao preparo para exercer uma função capaz de contribuir com o desenvolvimento do País.

Afinal, qualquer profissão exercida com ética, com trabalho dedicado e competência, nunca trará apenas fortuna pessoal (que não tem nada de criminoso), mas também a melhoria de toda a sociedade. O País enriquece globalmente com o enriquecimento particular de seus cidadãos, beneficiando a todos o acesso de cada um ao conforto e ao consumo consciente.

Temos apreço pela autoridade, queremos ser acatados e respeitados, mas nem sempre conseguimos ver o quanto a substância de todo comando só pode vir do real conhecimento. Ainda não temos a perfeita noção do valor de um diploma dentro desta conjuntura, num país de “bacharéis”, no qual o título sempre foi considerado importante (afinal, permitia usar o anel).

Apesar da mudança de costumes e abandono da joia característica de cada profissão, ainda não distinguimos da sabedoria o certificado que ele deveria trazer. Qualquer um que durante alguns anos efetivamente esteve nos bancos escolares e perdeu várias oportunidades de simplesmente sair com os amigos porque precisava estudar (quantas e quantas vezes!) ou apresentar seus trabalhos aos professores, no fim do processo tem uma visão mais ampla da carreira que escolheu e das dificuldades que teve de enfrentar para adquirir competência.

Aprender não é fácil. Envolve muitas frustrações – aquilo que pensávamos saber, mas descobrimos ignorar, o sacrifício de retomar e estudar mais - mas também compensações pela alegria de finalmente observar os próprios avanços.

Se há uma resposta mais apropriada para a valorização do diploma, é a procura por empregabilidade, já que uma dentre as mais importantes funções das instituições de ensino superior é a qualificação profissional. Muito provavelmente por essa razão, vemos hoje uma crescente demanda de alunos advindos da nova classe média ao ensino superior.

A expansão da malha viária, das informações sobre o mercado de trabalho, sobre as vantagens da educação formal, a pressão social, tudo isso colabora para a presença desses estudantes em salas de aula. Para esses alunos, que chegam curiosos e com sede de oportunidades, o desejo de respeitabilidade, possibilidade de ter melhores empregos e acesso aos bens de consumo são lícitos e apreciáveis, sendo o ensino formal praticamente sua única chance de obtê-los.

Apenas assim valorizamos os professores, reconhecemos a liderança de chefes aptos a nos orientar nos ofícios a serem desempenhados, apreciamos aqueles políticos que, no interesse do bem comum, prestam um grande serviço a toda comunidade.

Comprar um diploma, quando tantos se esforçam para obtê-lo, não é apenas cometer o crime de falsidade ideológica, mas também o de prejudicar o futuro, preservando a miséria e a ignorância.

Wanda Camargo é educadora e presidente da Comissão do Processo Seletivo da UniBrasil.

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