Erika de Souza Bueno Coordenadora Educacional da empresa Planeta Educação; Professora e consultora de Língua Portuguesa pela Universidade Metodista de São Paulo; Articulista sobre assuntos de língua portuguesa, educação e família; Editora do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br). E-mail: erika.bueno@fk1.com.br
As Músicas de Hoje
A Cultura em Favor da Cidadania
As músicas que hoje são, em sua maioria,
destinadas apenas à dança, nem sempre foram assim.
Já houve tempos em que elas se valiam mais de suas
vibrações para transmitir conteúdos
que as palavras, sozinhas, não eram capazes de passar.
Entre uma nota e outra, até mesmo o silêncio
denunciava a angústia de inúmeras pessoas que
tiveram seus gritos de socorro sufocados durante períodos
obscuros da história do Brasil.
Elas, as poderosas músicas, já foram capazes de
atrair multidões que lutavam pela liberdade e pelo fim de um
Regime cruel, traduzindo em belíssimas melodias os
pensamentos de toda uma nação.
A falta de bons equipamentos nunca foi capaz de impedir a voz daqueles
que a utilizavam como protesto, estimulando vidas que se deixavam
desgastar em prol da liberdade de tantas outras.
As palmas, os assobios e os clamores invadiam as ruas e formavam
música como nunca antes tinha sido ouvida, deixando
profundas marcas na pele e no coração daquelas
pessoas.
Como um poderoso produto cultural, a música chegou aos
nossos dias com características muito diferentes do que pode
ser observado na história brasileira.
Os tempos mudaram, é fato, mas ainda há muito
para se lutar, é preciso tomar as rédeas e
valorizar todos os benefícios que foram conquistados para
nós.
Com conteúdos destinados apenas para dar prazer ao corpo por
meio da dança, a música de hoje parece abandonar
as suas inegáveis potencialidades.
Mas não é nada com ela, mas sim com aqueles que
as produzem visando atingir o maior número de pessoas
possível.
E atingem. As pessoas hoje se satisfazem com apenas com um ritmo
dançando, não se preocupando com o
conteúdo e, muito menos, com a função
inicial da música.
Ela é uma das grandes marcas de um tempo, de uma
época, de uma sociedade e, por isso, merece ser mais
bem-composta, mais bem-apreciada, pois é uma das grandes
representações do nosso amado Brasil.
Mas quem gritará por ela? Quem rogará por
canções que denunciem as mazelas de tantos
brasileiros que parecem esquecidos pelo poder público?
A educação, certamente, pois é nela
que a criança, o jovem e o adulto têm a
oportunidade de refletirem sobre tudo o que os envolvem diariamente.
No caminho para a casa, ao ir à padaria da esquina, ao ligar
a televisão, ao passar por alguma loja no centro da cidade,
enfim, a todo o momento todos nós estamos envolvidos pela
música.
Esta, a exemplo do que aconteceu no passado, precisa fazer valer as
suas mais altas qualidades e características.
Unidos, sons, silêncios, vozes, instrumentos e
vibrações podem produzir
sensações como as de um guerreiro, o qual
não se curva diante das formas impostas por
políticas desumanas.
Um guerreiro como tantos outros que lutaram pela liberdade que hoje
desfrutamos, esta que, infelizmente, tem sido muito utilizada de modo
equivocado.
A música, com todo o seu potencial, precisa assumir-se
novamente em suas funções para a
promoção do bem, da paz, da alegria e, enfim, da
real liberdade.