Observando
os adolescentes de 12 a 14 anos, portanto os da
geração Lula no poder, percebemos uma
geração de jovens adolescentes desestruturados,
sem sentido do coletivo, sem percepção do outro,
sem respeito aos mais velhos.
Uma geração de pessoas que acreditam
“que não dá nada”, da
impunidade, dos direitos.
Por um lado, pensam que o mundo está a seu
serviço. Por outro, acreditam que nada precisam fazer,
coisas simples como estudar para a prova, fazer uma pesquisa, fazer uma
redação.
Se não estou enganada, parece que impera a visão
de que é possível ser o que quiser sem precisar
esforço, sem estudar.
A meritocracia foi jogada no lixo, pois se o aluno estudar ou
não, é aprovado, se for reprovado a culpa
é da escola e do professor.
É a cultura do mais, mas deveria ser a cultura do
melhor.
Penso que o mundo político, a facilidade com que se consegue
as coisas por meio dele, a impunidade, ganhar na conversa, os desmandos
com dinheiro público levam a um "salve-se quem puder", ou
melhor, ganhe quanto puder, e sem esforço.
Observando o comportamento dos nossos jovens, aqueles em quem
depositamos nossas esperanças, investimos nosso melhor
tempo, dinheiro, esperança de futuro, fica um sentimento de
vazio, um sentimento de falta, mas o que falta?
Todas as crianças vão à escola. Ao
chegarem à adolescência, muitas abandonam antes de
chegar à universidade. Mas e os que têm acesso,
que têm condições? Estudam para
quê? Realmente estudam?
Observe quantos bares existem em frente às universidades
públicas e privadas, e veja que sempre estão
cheios.
Os pais desses estudantes estão sendo enganados, ou
estão se enganando?
Os professores têm imensas dificuldades para cobrar
resultados, pois os trabalhos acabam sendo copiados da internet, o
desempenho não passa do razoável...
Quando se formam, formam-se para quê? A
distância é grande até o mercado de
trabalho.
Em pesquisa recente, demonstrou-se que nossos jovens não
têm opinião, os debates dos principais assuntos
não os atingem, por exemplo, o efeito estufa, a crise
mundial, o desemprego etc.
O adolescente não tem espaço na atual sociedade,
o mundo do trabalho está limitado aos jovens pelas diversas
restrições do Estatuto da Criança e do
Adolescente.
Por outro lado, as empresas não oferecem oportunidades para
que possa iniciar nesse mundo, bem como ocupar o tempo produtivamente.
O mundo social o discrimina pelas suas roupas, cabelo etc., modismos
próprios da idade.
No mundo da família, ele não é
criança para obedecer e submeter-se incondicionalmente
às normas da casa, tão pouco adulto para
participar das discussões e decisões da
família.
São jovens educados pela pedagogia anestésica, na
qual não é permitido à
criança o sofrimento normal da vida.
Os pais não deixam a criança chorar, nada podem
faltar, não deve ser contrariada.
Com isso, criamos adultos que pensam que tudo é
possível na hora que querem.
Com isso, não desenvolvem a resistência natural
para dificuldades da vida adulta.
Junta-se a isso o fato de nossas crianças e jovens terem
acesso irrestrito aos “desejos do mundo”, como
roupas e tênis de marca, modernos equipamentos
eletrônicos, carros e a um padrão de beleza
difícil de ser acompanhado, além de serem criados
com tudo do bom e do melhor, apenas por existir.
Em vários momentos, fico com uma
sensação esquisita, como educadora, fico meio
decepcionada, pois tudo o que acreditei e lutei (mais liberdade,
democracia, oportunidades) parece que nunca chega, mas nunca chega
mesmo, é só promessa.
Esther
Cristina Pereira é
Psicopedagoga e diretora da Escola Atuação.