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Drogas: Um Problema Social, Governamental, Escolar e Familiar
Jacir José Venturi

Foto de Jacir José Venturi, autor do artigoA droga ilícita é um limbo sombrio, enrustido, silente e com efeitos devastadores.

Deve ser tratada como uma questão social, de saúde pública e, imprescindivelmente, com intensa participação da família, da escola e da mídia.

Nesta segunda década do século 21, vislumbro que poucos temas serão tão recorrentes quanto o álcool, a maconha, a cocaína, o crack e os alucinógenos.

É preciso criar uma consciência de responsabilidade compartilhada, pois não há como blindar a família, escola, clube ou condomínio.

Indubitavelmente, é um desafio complexo por envolver tantas frentes e exigir organização, estratégias e muita persistência na prevenção e no combate.

Mas temos exemplos precedentes e resultados eficazes.

Há 20 anos, começaram as medidas antitabagistas por causa dos malefícios à saúde e à estética pessoal do fumante passivo.

A redução no número de fumantes foi de 32% para 17% da população brasileira, atingindo-se um dos mais baixos índices do mundo.

O número de ex-fumantes (26 milhões) já supera o de fumantes (24,6 milhões).

Em relação aos entorpecentes ilícitos, duas atitudes extremadas são comumente manifestadas em relação ao usuário: como um delinquente ou então como um coitadinho.

Nada pior. Devemos condenar os extremos da marginalização, bem como da leniência ou lirismo, uma vez que os danos são deletérios ao usuário, além deste ser coautor dos delitos praticados pelos traficantes.

As drogas liberam no cérebro a dopamina, neurotransmissor responsável pela sensação de prazer.

Vivemos em uma sociedade hedonista (do grego, hedoné, que significa “prazer”) e alguns jovens buscam na droga a euforia, ou como uma fuga dos problemas, ou pela busca de mais prazer, ou por influência dos amigos.

Os limites são necessários, cabendo aos pais estabelecer quais faixas devem ser mais estreitas, quais mais largas e, pelo diálogo, demonstrar as suas convicções e modelos, respeitando as características individuais da personalidade do filho, bem como as suas inteligências múltiplas.

Muitos pais são desmedidos no elogio, ternura e conforto.

Geram expectativas irreais e, certamente, o seu rebento será acometido de desmesuradas frustrações, pois ninguém valoriza a autoestima sem o complemento do esforço, trabalho, disciplina e determinação.

As escolas, as igrejas e a mídia devem corroborar com o lar, na ênfase aos valores humanos fundamentais, demonstrando às crianças e aos adolescentes o enorme dano à saúde, à vida e o consequente desmantelamento da boa convivência familiar e social.

Em janeiro de 2012, o governo prometeu liberar 4 bilhões de reais até 2014 para o programa de combate às drogas.

Parte desse dinheiro é para a criação de 308 consultórios de rua, formados por médicos, psicólogos, enfermeiros e voluntários.

Esses profissionais têm a missão de se aproximar dos usuários, tratá-los como um doente crônico, ganhar a sua confiança, indicando o tratamento ou até a internação, que pode ser consensual ou compulsória (a pedido da justiça ou da equipe multidisciplinar).

Altamente relevantes, esses agentes – família, escola, mídia, lideranças comunitárias e religiosas, saúde publica –, no entanto, têm um papel enfraquecido sem uma eficiente ação policial.

Matéria publicada pela Gazeta do Povo em 7/01/12 demonstra um paradoxo.

A lei Antidrogas (11.343/06) foi promulgada com a pretensão de diminuir o número de presos ao determinar tratamentos ou penas alternativas aos usuários.

Porém, nesses últimos 5 anos, a venda de drogas tornou-se o delito mais comum, e a quantidade de detentos por tráfico teve um incremento de 166%, enquanto a população carcerária de modo geral cresceu bem menos, 36%.

Esses dados demonstram que a repressão policial tem-se mostrado eficaz, porém o incremento do consumo de drogas em todo o país faz com que aumente a ação dos traficantes.

Grande é o desafio no combate inclemente às drogas ilícitas, ao glamour e aos excessos da bebida.

Cada problema ou nação tem sua peculiaridade, sua fita métrica em relação aos valores e costumes.

Experiências bem-sucedidas de outros países podem balizar nossas ações, como hoje acontece em Portugal, EUA, Holanda, Suécia etc., os quais adotam uma postura implacável contra os traficantes.

Aos usuários, oferta-se um tratamento multidisciplinar, caso contrário internamento ou prisão.

Há motivo para otimismo, pois aqui tivemos sucesso em campanhas cujos resultados foram conspícuos – com a participação ampla de toda a sociedade – ao percorrer um espinhoso caminho na redução dos danos causados pelo tabaco, bem como contra os preconceitos em relação ao câncer, Aids, homossexualismo, afrodescendência.

Todo grande problema se resolve encarando-o, e não o tangenciando e, muito menos, o negligenciando.
 
Jacir José Venturi é Engenheiro Civil – UFPR; Licenciado em Matemática – UFPR; Especialização em Engenharia e Educação; Professor adjunto da UFPR (1974 a 1998); Professor da PUC-PR (1974 a 1985); Docente do Colégio Estadual do Paraná de (1972 a 1974); Sócio-fundador, professor e diretor do Curso e Colégio Decisivo (desde 1977); Sócio-fundador, professor e diretor do Curso e Colégio Unificado (de 1974 a 2009); Diretor do Colégio Stella Maris (de 1989 a 2009); Diretor do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Paraná (desde 1986); Autor do livro: Da Sabedoria Clássica à Popular; Autor dos livros para o ensino superior: Álgebra Vetorial e Geometria Analítica; Cônicas e Quádricas; Autor de inúmeros artigos para jornais e revistas; Cidadão Honorário de Curitiba (2001); Mentor e colaborador do Amo Curitiba – ações voluntárias; Promoção do Sinepe-PR (são 750 projetos implementados pelas escolas particulares de Curitiba, junto a escolas públicas de periferia, creches, asilos, hospitais e ao meio ambiente).

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