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Ensino de Línguas

 

Ensino de Língua Inglesa para Alunos Surdos
David Marcelo Pereira Berto

Aprender uma língua é simplesmente fascinante.

Não somente pelo fato de falar palavras e frases em outro idioma, mas também pelo contato com culturas que permeiam a língua estudada.

Sempre ouvimos falar da importância de se aprender uma nova língua e dos benefícios pessoais e profissionais que ela pode trazer.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Estrangeira dizem que “é indispensável que o ensino da Língua Estrangeira seja entendido e concretizado como o ensino que oferece instrumentos indispensáveis de trabalho” e que permite “um acesso mais igualitário ao mundo acadêmico, ao mundo dos negócios e ao mundo da tecnologia”.

Tudo isso pode parecer muito interessante para nossos alunos que jogam videogames, assistem a filmes, acessam a Internet, planejam uma viagem, enfim, realizam atividades como qualquer outro indivíduo.

Com o início da Inclusão, passamos a receber, em salas de aula convencionais, alguns alunos que não têm nessas atividades um hobby ou que não compreendem essas diferenças culturais e linguísticas.

Dentre os alunos inclusivos, vamos destacar um, o Surdo.

Surdo é aquele que sofreu uma perda dos sentidos da audição, podendo ser classificada desde leve até profunda.

Como há a dificuldade de ouvir os sons, essa deficiência afeta também a fala, dependendo da classificação da surdez.

A maioria dos que pertencem a essa comunidade comunica-se utilizando a LIBRAS, isto é, Língua Brasileira de Sinais, que tem sua própria gramática, sintaxe, morfologia e fonética.

Alguns simplesmente se comunicam com sinais domésticos, que a própria família e amigos criam para formalizar uma conversa.

Assim disso, será que é possível levar um aluno surdo a se interessar pela aprendizagem da Língua Inglesa? O que fazer para atrair os alunos surdos?

Esses são questionamentos frequentes dos professores com esse tipo de aluno em suas turmas, que podem trazer insegurança e medo.

Reflexões diárias levarão os educadores a deixarem de lado tudo isso.

O professor precisa mudar seu método de ensino.

O aluno surdo se expressa e aprende as coisas de forma diferente quando comparado aos alunos ouvintes.

Nós nos acostumamos a incentivar nossos alunos a buscarem a pronúncia perfeita, repetindo as palavras que ensinamos, focando em conversações.

Tudo isso não faz sentido para surdos porque eles não conhecem os sons das letras, dos fonemas e sílabas.

Antes, o educador deve pensar que, em compensação à falta da audição, os alunos surdos são muito visuais.

Por isso, a utilização de figuras facilita muito sua aprendizagem.

O aluno vai associar a imagem da palavra escrita à imagem do objeto/palavra em questão.

Esse método ajudará até mesmo o professor que não tem conhecimento sobre a língua de sinais.

Outro fator importante é a contextualização das palavras.

O aluno surdo não precisa aprender somente palavras soltas.

Muitos professores o fazem achando que não poderão extrair um sentido daquilo que leem.

É exatamente o contrário. Alunos deficientes auditivos interessam-se muito em aprender outra língua.

O professor deve aproveitar essa característica e preparar sua aula pensando, também, nesses alunos, para que eles não desanimem ou se decepcionem. Softwares educacionais são uma boa pedida.

Esses alunos se sentem muito bem ao manipular um ambiente visual, no qual eles possam interagir.

No caso de alunos maiores, o professor deve tomar cuidado ao questionar sua forma de escrita.

Em Libras, a ordem que as palavras aparecem na frase é diferente no português e também na língua inglesa, podendo haver uma dificuldade em compreender a ordem dos adjetivos em relação aos substantivos.

Muitos educadores acabam confundindo a deficiência auditiva com a mental. As duas não têm proximidade alguma.

Por conta desse equívoco, acabam deixando de lado a prática da leitura, tanto na primeira língua quanto numa segunda.

Há muitos surdos que dominam essa capacidade de leitura e escrita tão bem quanto ouvintes, bem como aqueles que já conseguiram sua graduação ou pós-graduação.

Poderíamos parar e refletir: Quem será o incluído? O aluno ou o professor? Na verdade, os dois.

O aluno por poder fazer parte de um ambiente com pessoas diferentes e podendo se sentir pertencente a ele, o que é um fato.

O professor, por sua vez, por saber unir-se a dois universos ao mesmo tempo, o do ouvinte e do surdo.

Educadores precisam estar sempre preparados para estarem nesses universos simultaneamente, com atividades que atendam as necessidades de todos os seus alunos.

A Língua de Sinais não é o único caminho para esse universo diferente, mas os caminhos são novos a cada dia, seja com imagens, artigos tecnológicos, brincadeiras, leituras, criando várias rotas diferentes para um mesmo objetivo: a satisfação do aluno.

David Marcelo Pereira Berto é formado em Letras pela Faculdade Anhanguera de Taubaté, Professor de Língua Inglesa, Tradutor/Intérprete de Libras (IMOESC – Caçapava/SP), Coordenador do Programa Línguas Estrangeiras da Planeta Educação – Caçapava/SP.

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