Quem se importa que pessoas morram diariamente nos corredores de um hospital público por falta de atendimento?

Na verdade, quase ninguém.

Quem realmente se preocupa com o fato de a casa do vizinho ser assaltada frequentemente, vitimando homens, mulheres e crianças?

Infelizmente, pouquíssimas pessoas.

Quem se incomoda pelas enchentes, secas e alguns outros desastres que assolam e devastam tantas vidas?

Quem sabe, alguns entre uma multidão.

Afinal, se a televisão estiver exibindo capítulos “imperdíveis” de uma novela ou seriado, se houver sangue sendo derramado nas programações que disputam audiência, se houver pessoas “perfeitas” exibindo seus corpos...

Bom, se houver tudo isso para “entreter” nossa cabeça depois de um dia exaustivo de trabalho, parece que não há mais nada com o que se preocupar.

“O povo só precisa de pão e circo”, independente do “preço” que muita gente inocente tem que pagar por isso.

Muitas pessoas tentam vencer esse fato, críticas contra novelas e “Reality Shows” são vistas com frequência.

Entretanto, não somos capazes de mudar a triste realidade com que vidas humanas são tratadas, ou melhor, destratadas.

Todos os anos, as fortes chuvas deixam desabrigadas famílias inteiras, as quais só são notícia enquanto o carnaval não chega.

Depois que a euforia carnavalesca toma conta do povo brasileira, ninguém mais tem paciência para crianças chorando de fome do outro lado do mundo.

Pão e Circo ficam muito aquém dos verdadeiros anseios que cada um de nós tem.

É que, desconhecendo esses desejos, as pessoas se rendem ao que é mais fácil, menos trabalhoso e mais evidente.

Daí a razão de programas que fazem pouco da inteligência do brasileiro serem líderes de audiência.

Na escola ou em casa, tudo isso precisa ser mais bem-trabalhado.

Não dá mais para viver apenas de comida e divertimento.

Nossas crianças e jovens precisam descobrir que precisam de mais e têm direito a conteúdos de alta qualidade.

A escola e a família não podem fazer pouco da força que detêm, pois são meios eficazes para que esse círculo seja quebrado.

Fazendo isso, o mundo, enfim, poderá contar com pessoas que não se rendam à magia do circo negro, o qual é patrocinado por tantas e tantas programações da televisão brasileira.

Fonte da Imagem: Corbis.