Planeta Educação

Assaltaram a Gramática

 

O Poder de Transformar Pessoas
Karine Pansa

Abraham Lincoln (1809-1865), 16º presidente dos Estados Unidos que é considerado até hoje o mais eficiente de todos eles, decretou a emancipação dos escravos, plantou as bases da próspera agricultura e do avançado sistema educacional de seu país e é um dos principais inspiradores da moderna democracia.

De origem humilde, foi lenhador, balconista e chefe dos Correios na aldeia de Salem, em Illinois. Como barqueiro, em 1831, navegava pelos rios Mississipi e Ohio, transportando mercadorias. Nas horas vagas, dedicava-se à leitura, e esta o conduziu à advocacia, à política e a um lugar de grande destaque na história.

O brasileiro Alberto Santos Dumont (1873-1932), precursor e inventor do avião, verdadeiro ícone da ciência, pesquisa e inovação de nosso país e do mundo, foi um entusiasmado leitor da maravilhosa obra de ficção visionária de Júlio Verne (1828-1905). Os voos de balão descritos em livros do escritor francês (Viagem ao redor da Lua e Volta ao mundo em 80 dias) marcaram a infância do grande brasileiro. As obras o teriam influenciado à vocação de inventor.

Biografias como a do grande estadista e do reconhecido inventor e aviador brasileiro, assim como as de milhões de indivíduos anônimos ou famosos, testemunham como a leitura tem o poder de mudar a vida das pessoas. Mais do que isso, seus reflexos na educação e na cidadania evidenciam como os indivíduos que leem transformam sua família, seu bairro, sua cidade, seu país, seu tempo e o mundo.

Pois bem, a expectativa da Câmara Brasileira do Livro (CBL), entidade de classe representativa do setor editorial, livrarias, distribuidores e creditistas, é de que a 22ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, a ser realizada de 9 a 19 de agosto próximo, contribua para que a leitura seja um fator de mudança na vida de parcela expressiva dos cerca de 800 mil visitantes esperados.

Reunindo num mesmo espaço – o Pavilhão de Exposições do Anhembi – as principais editoras, livrarias e distribuidoras do País, que apresentarão lançamentos e obras de todo o Planeta numa imensa diversidade de títulos clássicos e de novos autores, o evento propiciará ampla oportunidade de acesso a livros de todos os gêneros, estimulando a curiosidade intelectual de crianças, jovens e adultos.

Numerosas pessoas que não têm o hábito de frequentar livrarias acabam tomando gosto pela leitura após visitar uma exposição dessa magnitude, com rica programação cultural e atrações que convidam ao universo da literatura.

Encontros literários do porte da Bienal do Livro de São Paulo têm, ainda, papel importante no aperfeiçoamento ou na mudança de foco de políticas públicas e setoriais. Ao funcionarem como uma espécie de termômetro da demanda por livros, tanto para agentes públicos quanto privados, a ocasião ajuda a identificar essa necessidade entre os brasileiros, em especial entre os estudantes.

Tentar supri-la em todos os níveis de escolaridade é uma prioridade que deve mobilizar a atenção para muitas outras, como a instalação de bibliotecas e centros de cultura nos municípios, o incentivo de compras de livros nas escolas públicas e de programas de capacitação continuada para educadores – são eles, ao lado das famílias e das comunidades, as principais fontes para a formação de leitores e cidadãos brasileiros.

No espaço total de 60 mil metros quadrados do Pavilhão de Exposições do Anhembi, na Zona Norte da cidade de São Paulo, 30 mil serão ocupados pela a 22ª Bienal Internacional do Livro, que reunirá representantes de toda a cadeia produtiva do setor editorial, do Brasil e do exterior. O evento receberá principalmente leitores e autores. Assim, não é fortuito o tema central do evento este ano: “Livros transformam o mundo, livros transformam pessoas”, como fizeram com Lincoln e Dumont.

Karine Pansa, empresária do setor editorial, é a presidente da Câmara Brasielira do Livro (CBL).

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