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Assaltaram a Gramática

 

As dez dúvidas que surgem com frequência sobre sequência de histórias
Para Além do Cuidar

Partilho alguns apontamentos em forma de perguntas com o objetivo de esclarecer possíveis dúvidas. Perguntas implícitas nas falas e nos planos dos professores no trabalho com sequência de leitura de histórias.

1- Qual a importância dos clássicos no trabalho com sequência de histórias?
Dependendo do que o professor quer ensinar para as crianças, ele precisa decidir qual sequência irá realizar.

No caso, ele precisa saber se quer que as crianças conheçam os clássicos por serem da escrita universal com estilo linguístico próprio e uma fonte eterna de imaginação (o professor, nesse caso, terá de escolher os clássicos) ou se quer que elas conheçam as versões a partir de uma história original (para isso, terá de planejar leituras de diferentes versões) ou, ainda, se quer que eles conheçam histórias de um determinado autor, e assim por diante.

Na educação infantil, o nosso maior objetivo é que as crianças gostem de participar da leitura de histórias e se interessem por elas, aproximando-se da língua escrita e desenvolvendo comportamentos leitores.

Realizamos sequências de histórias porque é uma forma de envolver as crianças em várias aprendizagens e vivências de maneiras mais significativas.

Nota: Ler os clássicos é importante, pois aproxima as crianças do legado cultural da humanidade, dá oportunidade a elas de conhecerem e participarem da cultura da qual fazem parte.

Contudo, isso não quer dizer que os contos modernos não sejam interessantes.

2- Posso realizar uma sequência de leitura de histórias e a partir dela realizar atividades?
Sim. Porém, não podemos nos esquecer de que a leitura, por si só, é um Fim, mas, também pode ser um meio provocativo para diversas vivências e aprendizagens.

Devemos tomar o cuidado em atrelar a leitura sempre a uma atividade, ainda mais se ela for apenas um mero passatempo, com poucos desafios e aprendizagens, pois acaba gerando um comportamento de repulsa e não de prazer e curiosidade.

Podemos planejar uma sequência só de leitura de histórias e não realizar atividades, isso vai depender do objetivo do professor ao propor este trabalho.

Nota: Atenção especial às atividades em que atribuímos como sendo voltadas às experiências artísticas que, na sua maioria, são apenas reproduções ou com finalidade decorativa para exposição.

A leitura pode ser um dos caminhos para aprendizagens interessantes que, por meio de aproximações sucessivas de contextos bem-planejados, as crianças vão se apropriando de novos conhecimentos e ampliando seus saberes.

Um plano bem-elaborado e o professor mediando as realizações infantis com desafios possíveis e estimuladores contribuirão para várias aprendizagens.

3- Quais os cuidados para a realização de um trabalho com sequência?
• Saber selecionar bons textos.

• Fazer a leitura antecipada das histórias (e ler com fluência para as crianças).


• Garantir os 4 eixos da educação infantil: interações (criança x criança; criança x adulto e criança x objeto), materiais, tempo e espaço.

• Decidir qual será a modalidade organizativa: sequência didática ou projeto.

• Planejar (antes do fazer-elaborar o plano).

4- O que deve compor um plano?
Sugestão:

Nome da escola:

Professor responsável:

Faixa etária e estágio:

Será uma Sequência didática ou Projeto? Essa é uma decisão do professor.

Título: (Ex.: Três Porquinhos e suas versões, histórias de bruxa, histórias da Ruth Rocha etc.).

Objetivos:

Etapas: (sequência de atividades).

• Como espaço, tempo, interações e materiais se apresentam nas atividades planejadas?

Como o momento da leitura está organizado?

O que as crianças podem aprender?

Tempo de realização/duração:

Produto compartilhado com as crianças (se for projeto):

Bibliografia:

• Quais títulos serão utilizados. O critério não é a quantidade, mas a qualidade do texto.

Quanto à escolha de outros portadores e gêneros de texto, todos devem seguir o mesmo critério.

Avaliação: formas de registro do trabalho para análise.

5- Qual a importância do registro?
Ele é um instrumento importante para reflexão, avaliação e redimensionamento das ações.

É necessário decidir quais observáveis serão usadas: foto, filmagem, gravação ou o registro escrito.

O material produzido será de grande contribuição nos momentos de formação (coordenador- pedagógico e professores) para partilhar saberes, refletir sobre a prática avançando os conhecimentos teóricos e metodológicos (Ação x Reflexão e Ação).

As atividades/produções infantis também são importantes como instrumento de avaliação.

6- Devemos utilizar histórias com o pretexto de trabalhar conteúdos?
Quando planejamos uma sequência (mesmo que seja ela só de leitura sem atividades), vários conteúdos estão implícitos.

Sejam eles atitudinais (no desenvolvimento do comportamento de leitor e de outros valores), conceituais (a ideia sobre algo pode ser ampliada e até mesmo registrada pela escrita, contribuindo para a compreensão de outros conceitos etc.) ou procedimentais (como ler e contar, manusear um livro ou um jornal e, ainda, nas atividades realizadas muitas habilidades são desenvolvidas).

Na verdade, esses conteúdos estão interligados, ou seja, acontecem simultaneamente.

O importante é não reduzirmos nossas escolhas a finalidades que estimulem apenas o desenvolvimento de apenas uma linguagem ou tentar ampliar, perdendo-se do foco.

Por isso, sempre retomo a questão inicial: Aonde queremos chegar? Qual é o nosso objetivo?

Outro cuidado é o de usar a leitura com a finalidade de catequizar ou doutrinar as crianças com valores morais que julgamos corretos.

Os livros de fábulas são os mais utilizados para este fim.

A moral da história está bem-definida nesse texto e, se resolvermos fazer uma roda de conversa, é preciso saber como lidar com estas questões morais para não impormos e nem bagunçar a cabeça das crianças, já que estão na “fase da heteronomia” e um dos objetivos da educação é a constituição do sujeito autônomo a partir da infância.

Se o professor souber mediar essas questões numa roda de conversa, aí sim pode ser um bom momento para as crianças tentarem conversar sobre as questões morais, os valores que estão presentes na sociedade e começarem a aprender a fazer sua escolha moral.

7- Sempre que leio devo realizar roda de conversa?
O professor decide em que momento da etapa desse trabalho fará a leitura e a roda de conversa, pois posso ler e decidir não fazer roda de conversa.

As rodas de leitura e manuseio (ling. escrita), contação e conversa (ling. oral) presentes na linguagem verbal podem aparecer nesse trabalho dependendo do objetivo do professor, porém o trabalho deve priorizar a leitura.

Exemplos interessantes:

•Organizar cantos somente com os títulos que estamos lendo.

• Propor a contação da história (pelo professor e pela criança), e assim por diante.

8- Quem decide a sequência de leitura a ser realizada?
É importante conhecermos as preferências, as necessidades e os saberes das crianças, mas é o professor quem decide quais leituras e a modalidade organizativa.

É verdade que no projeto a participação das crianças é muito maior, já que a sua duração e dinâmica enriquecem o desenvolvimento das ações.

9- Quais são as sequências de leituras que podemos realizar?
Seguem algumas sugestões que devem ser levadas em consideração a partir das crianças e do objetivo do professor.

Sequências:

• De diferentes versões (a partir do original apresentar outras versões).

• Por autor.

• Por temas (bichos, lobos, príncipes, bruxas, histórias de deserto, amizade, família, saudade etc.).

• Por coleções (ex.: Quem tem Medo..., bruxa Onilda..., Menino Maluquinho e etc.)

• De lugares: regiões, países, tempos...

• Contos, lendas, clássicos...

• Gênero: poesia, cordel, música...

É necessário que o professor conheça o material e selecione bons textos, tendo boas ilustrações (caso o texto ofereça).

Numa sequência de leitura de histórias, em especial num projeto, existe a possibilidade maior de o professor oferecer outros portadores de texto, tais como: informações da internet, jornal, livro científico, revistas, catálogos etc.

A utilização de filmes nesse trabalho deve seguir os mesmos cuidados da seleção dos textos: bons filmes.

Pode-se fazer a escolha de um trecho do filme caso seja longo, tomando cuidado de contextualizar para as crianças e depois estabelecer relação com as leituras realizadas.

Os filmes infantis são os mais comuns, porém outros gêneros (informativo) podem compor o trabalho, devendo considerar a faixa etária sem menosprezar a capacidade de compreensão das crianças.

10- Lembretes diversos:
• Escolha o melhor momento da rotina para leitura.

• Valorize os espaços da unidade educacional para que a leitura aconteça. O parque e o pátio são locais interessantes, mas é preciso tomar cuidado para que esteja organizado e seja convidativo para o propósito: a leitura.

• Para as crianças pequenas, é interessante e importante ler mais de uma vez o mesmo título.

• Histórias mais longas podem ser lidas por capítulos. O professor também pode começar pelos textos mais curtos e depois propor o mais longo. Cada turma tem a sua característica, então, isso deve ser considerado.

• As brincadeiras são bem-vindas numa sequência de atividades.

• Não é necessária a troca de palavras do texto com o objetivo de facilitar a compreensão da criança. Um dos “objetivos” inerentes à leitura como atividade permanente na educação é que as crianças ampliem seu vocabulário.

• No trabalho com versões, escolha textos com fluência e bem-escritos. Há adaptações que parecem resumo de novela. Como são muito fragmentadas, acabam não envolvendo o leitor.

• O professor deve demonstrar paixão pela leitura.

Fonte: Para Além do Cuidar - Educação Infantil (http://paraalmdocuidar-educaoinfantil.blogspot.com/2011/03/as-dez-duvidas-que-surgem-com.html)

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