Um minuto de silêncio para os livros de papel
Marcos Hiller
Um dos assuntos que mais gera debate acalorado hoje em dia é
o futuro do mercado editorial e dos livros físicos ou
e-books.
Para onde está indo esse mercado? Os livros digitais vieram
para ficar? Os livros físicos tendem à
falibilidade?
Essas e outras perguntas transitam as cabeças de editores,
jornalistas, professores, bibliotecárias e amantes da
leitura em geral.
E com esse texto, procuro não trazer respostas, mas
polemizar ainda mais esse debate.
Como professor, posso dizer que o livro é a água
que mata nossa sede de conhecimento.
Os livros e seus autores são elementos que ancoram todas as
discussões que provocamos no mundo acadêmico.
Eles são a nossa razão de ser, e os livros
digitais são tudo isso, só que digitais, e
não analógicos.
Os livros físicos são bonitos, são
charmosos, enfeitam nossas mesinhas de centro, etc.
Mas os livros físicos pesam nas nossas mochilas e nossas
costas doem. Os livros físicos são
combustíveis para possíveis incêndios.
Os livros físicos são feitos de papel e, sob a
ótica da sustentabilidade, isso não é
politicamente correto.
Os livros físicos ocupam milhões de metros
quadrados em prateleiras de bibliotecas. Livros físicos
empoeiram.
E os livros digitais? Ah, os e-Books são mais
fáceis de compartilhar, mais fácil de carregar e
possuem exatamente o mesmo conteúdo do livro de papel.
E quem disse que um iPad não fica bonito na nossa mesinha de
centro? Fica sim.
Uma informação para os saudosistas do livro de
papel.
Há cerca de 1 ano, a BORDERS, simplesmente a segunda maior
livraria dos Estados Unidos, pediu falência.
E entre os vários motivos que levaram a essa quebra
está o de maior peso: a BORDERS subestimou os e-Books e
não entrou de forma efetiva para esse mercado.
Algumas pessoas falam que ler em uma tela cansa a vista por causa do
brilho.
Experimente ler no Kindle da AMAZON, que tem a mesma opacidade de
página de papel - você não volta para o
papel.
Recentemente, me peguei em uma discussão com uma professora
do SENAC, na qual eu defendia os livros digitais e ela defendia que os
livros físicos são imortais.
No meio da discussão, perguntei a ela: “a senhora
já mexeu em um iPad?” E ela respondeu que
não.
Oras, fica complicado discutir e tentar contra-argumentar com uma
pessoa que forma opinião em cima de assuntos que desconhece.
Não conhece, não fala.
Na minha opinião, os livros físicos
estão sim com os dias contados. Assim como a TV
analógica. Um minuto de silêncio por favor.
Marcos
Hiller é
coordenador do MBA em Gestão de Marcas (Branding) da
Trevisan Escola de Negócios (@marcoshiller).