A Indisciplina nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental e o Papel da Escola na Sociedade
Universo Escolar
Introdução
Este artigo aborda o principal papel da escola na sociedade dos dias
atuais e visa contribuir para que esta seja recebida no
âmbito familiar.
Para isso, há apresentação das
consequências que a má
condução da educação
familiar pode gerar na sala de aula, ou seja, no convívio
interacional entre professores e alunos, bem como entre alunos e alunos.
Há três décadas, a escola exercia outro
papel na sociedade. Ao compará-la aos dias atuais, pode-se
afirmar que esse papel mantém sua repercussão em
pleno século XXI?
Com tanta tecnologia e desenvolvimentos extremamente globalizados, a
escola do século XXI tem oferecido um ensino de qualidade,
ou seja, preparando o indivíduo e o considerando como um ser
pensante, para as múltiplas situações
cotidianas?
O modo de criação que muitas crianças
têm recebido de seus pais e responsáveis tem sido
um espelho no mundo social de cada indivíduo, ou seja, o que
este recebe e vive em casa transparecerá em seu
convívio com o outro.
Como podemos sanar os índices de indisciplina escolar se,
algumas vezes, encontramos crianças com baixa autoestima
resultante de seus lares?
O trabalho pedagógico nas séries iniciais do
ensino fundamental deve envolver diálogos e combinados,
começando sempre pelos alunos menores.
Conseguiremos mudar o quadro indisciplinar da escola com atitudes
simples ou deveríamos seguir regras tradicionalistas?
Escola:
Pra quê?
Muitos se questionam quanto à verdadeira
função que a escola exerce na sociedade. Podemos,
de fato, acreditar que o ensino pode acontecer em tal
instituição?
É extremamente aceitável que pais e filhos
esperem que a escola forneça uma
educação de qualidade a todos os seus estudantes.
Contudo, será que realmente isto tem acontecido?
Segundo Bock (2008), “a escola, que deveria fazer a
mediação entre o indivíduo e a
sociedade, tornou-se uma instituição fechada,
destinada a proteger a criança desta mesma
sociedade.”
É interessante quando esta frase é analisada,
pois se percebe que a escola tem desempenhado outro papel, que
é, por sua vez, totalmente oposto daquele que realmente
deveria desempenhar.
Os problemas diversos que são encontrados na escola atual
nada mais são do que a transferência de
responsabilidade dos pais quanto à disciplina e
educação de seus filhos para a escola. Esta por
sua vez, que deveria manter seu papel de mediadora do conhecimento para
a vida escolar de um aluno, necessita realizar as tarefas de ambas as
instituições, ou seja, família e
escola.
A preparação do indivíduo para
enfrentar a sociedade é o papel principal da escola,
preparando-o também para às inúmeras
situações cotidianas que possa viver,
além de sua inserção no mercado de
trabalho.
Tradicionalmente, uma escola preza apenas por um ensino que contempla
as diversas culturas, objetivando que os alunos alcancem tão
somente as médias classificatórias, esquecendo-se
de real sua preparação para a vida.
De acordo com Bock (2008), “A vida escolar deve estar
articulada com a vida social.”
Atualmente, são inúmeras as escolas que
não se prendem ao ensino tradicional, no qual apenas o
professor é visto como detentor do saber, ativo no processo
de ensino, ao passo que o aluno, por sua vez, é entendido
como o ser receptivo, passivo e pronto para receber o conhecimento.
As escolas atuais utilizam-se de um ensino socioconstrutivista, no qual
o aluno não é mais rotulado como apenas passivo
no processo de ensino-aprendizagem, mas docente e dicente, juntos,
são capazes de construir o conhecimento.
Indisciplina
no ambiente escolar nas séries iniciais: Um dos grandes
problemas da escola
Não é surpresa alguma que muitos professores
já não sabem mais o que fazer com a indisciplina
de seus alunos. Muitas vezes, professores utilizam-se de
psicólogos para o tratamento terapêutico, pois
já não sabem como lidar com esse grave problema
que vem aumentando a cada dia nas salas de aula.
Conforme citado anteriormente, a escola vem passando por
inúmeros problemas sociais, pois, antes, ela era conhecida
como um lugar em que se detinha e gerava o conhecimento.
Hoje, contudo, a escola vem exercendo o papel de pais e mães
na vida de diversos alunos, “perdendo”, aos olhos
de alguns, seu valor e prestígio intelectual.
De acordo com Guimarães (2007), a
aceleração global do mundo em que vivemos tem
distanciado a cada dia a família, pois os pais
estão cada vez menos afetivos com os filhos dedicando-se
cada vez mais ao trabalho.
“Ninguém
duvida que filhos/alunos têm dificuldade de
convivência, ocasionados por uma série de
mudanças na arte de educar (...). Os pais cada vez menos
afetivos, vivendo intensamente para o mundo de trabalho,
estão transferindo a responsabilidade de
transformação dos filhos para a escola.”
Não se pode negar que a presença familiar na vida
escolar de uma criança é fundamental para seu
desenvolvimento social, cultural e intelectual.
Muitas famílias que não assumem seu papel de
formadora na construção do caráter de
seus filhos estão sempre procurando, de uma forma ou de
outra, preencher tal ausência na vida da criança.
No caso, as famílias tentam substituir sua
presença por meio de presentes de alto valor ou
até mesmo dando aos filhos tudo aquilo que eles querem, pois
não sabem que estão destruindo, muitas vezes, os
laços familiares que poderiam criar com um simples
diálogo.
A ausência familiar na vida de uma criança implica
diversos problemas no convívio social desta e, um desses,
é a indisciplina escolar.
Não se pode, contudo, colocar a culpa somente na
ausência da família. O corpo docente precisa se
utilizar de procedimentos corretos e pedagógicos para
conduzir seus alunos, pois a indisciplina escolar também
é de responsabilidade da escola.
Segundo Haydt (2006), o professor pode evitar diversos problemas e
frustrações indisciplinares, considerando as
histórias de vida e experiências anteriores
vividas pelo aluno.
Os inúmeros desajustamentos disciplinares que muitas
crianças apresentam no meio social são
também vistos como um reflexo de sua vivência no
âmbito familiar e, considerando o modo de como algumas
crianças são criadas por seus pais,
estão totalmente à deriva de conceitos e valores
morais que a sociedade atual preza.
Em reuniões de pais e mestres, são identificados
muitos pais e mães que dizem “não sei
mais o que fazer com esta criança!”,
porém muitos não corrigiram adequadamente seus
filhos quando foi necessário.
Estimular e incentivar as crianças nas séries
iniciais com algo que elas gostem é um bom caminho para se
evitar a indisciplina escolar. O aluno precisa estar estimulado e
interessado no que o professor está transmitindo, pois, sem
estímulo, a criança na série inicial
se frustrará facilmente.
“(...)
A autêntica aprendizagem ocorre quando o aluno
está interessado e se mostra empenhado em aprender, isto
é, quando está motivado. É a
motivação interior do aluno que impulsiona e
vitaliza o ato de estudar e aprender. Daí a
importância da motivação no processo
ensino-aprendizagem.” HAYDT, 2006
O diálogo é primordial para se vencer a
indisciplina na sala de aula, enquanto que estabelecer regras no
início do ano letivo com a turma, devidamente associado a
uma ativa condução de classe no decorrer do ano,
tende a minimizar os focos de indisciplina.
De nada adiantará um bom diálogo com a classe se
o professor não souber administrar a forma de lecionar o
conteúdo proposto, visando seus recursos e meio de
aplicá-los.
Segundo Godoy (2009), o professor deve observar a apatia dos alunos,
principalmente quando estes são submetidos a
conteúdos extensos e cansativos para uma determinada faixa
etária.
O envolvimento de alunos menores em situações
como esta não se torna produtivo e, mesmo que o
diálogo esteja estabelecido, tende a gerar a indisciplina no
ambiente
escolar.
Considerações
finais
A palavra Família não deve estar somente na lei
do Estatuto da Criança e do Adolescente, mas sim ser vivida
na íntegra por uma criança, da mesma forma que
deve estar presente na vida estudantil do discente.
Por meio de laços familiares, conseguiremos eliminar os
diversos problemas sociais encontrados na era atual, desde a
indisciplina dentro de casa até na sala de aula e, por que
não dizer também, com a
extinção da marginalidade social que tem levado
muitos ao mundo da criminalidade.
A escola deve exercer sua tarefa, preparando o indivíduo
às múltiplas situações da
vida, entendendo-o como um ser extremamente ativo e capaz de produzir
novos conhecimentos.
O professor precisa estar sempre preparado às
situações de frustrações
ocasionadas pela indisciplina, procurando sempre utilizar meios para
extingui-la, tentando resgatar, muitas vezes, a confiança e
a autoestima de um aluno, de modo que se possa realizar o processo de
construção e criação no
processo de ensino-aprendizagem.
Referências
Bibliográficas
Bock, Ana Mercês Bahia; Furtado, Odair e Teixeira, Maria de
Lourdes Trassi. Psicologias: Uma introdução ao
estudo de Psicologia. São Paulo: Saraiva, 2008.
Godoy, Anterita Cristina de Souza. Fundamentos do trabalho
pedagógico. São Paulo: Alínea, 2009.
Guimarães, Danielle Christine Borges. Como trabalhar a
indisciplina em alunos das séries iniciais do ensino
fundamental. 2007. 30 fls.
Haydt, Regina Célia Cazaux. Curso de Didática
geral. 8. ed. – São Paulo: Ática, 2006.