De
tempos em tempos, alguém me pede
indicação de escolas inclusivas. Geralmente,
são pais em busca de um lugar para os seus filhos, mas, de
vez em quando, também são professores de escolas
que rejeitaram algum aluno e que tentam indicar um outro lugar para os
pais que os procuraram.
Infelizmente, essa é uma informação
que eu não possuo, ou melhor, possuo, mas não da
forma como as pessoas gostariam de ouvir.
Não existem escolas inclusivas ou, pelo menos até
hoje, eu não conheci nenhuma. E não existem
porque o nosso sistema educacional, seja ele público ou
privado, ainda está muito longe de ser inclusivo.
Claro que quem acredita que inclusão significa apenas ter
alunos com alguma deficiência na escola vai encontrar
centenas de escolas inclusivas. Só na rede municipal de
São Paulo são mais de mil escolas, mas
não é isso que torna inclusiva uma escola.
Outros entendem que são as escolas que "aceitam", como se
inclusão fosse apenas uma concessão que a escola
faz aos que ela consideram como diferentes.
Não poucos entendem que a escola inclusiva é
aquela que faz a sua parte, desde que a pessoa incluída se
prepare para acompanhar as suas regras inflexíveis, sendo
que alguns chegam mesmo a contratar profissionais para tomar conta dos
seus
filhos dentro da escola (e ainda chamam esses profissionais de
"mediadores"...)
Quando encontram uma escola que tem uma estrutura especial para os
alunos com deficiência, acreditam que chegaram ao nirvana
inclusivo. Quem não quer uma escola toda equipada para as
necessidades ( "especiais"?!?) das pessoas com deficiência,
mesmo considerando que as pessoas sem deficiência
não se beneficiam disso?
Escola inclusiva só vai existir quando a
educação passar por uma
transformação profunda, valorizando a
individualidade de cada e de todos os alunos quando, em vez de
concessões, houver uma ruptura no sistema atual que conduza
a uma escola que não estabeleça
condições para matricular os alunos (com e sem
deficiência).
Só vai exisitir quando o sistema representar a
existência de uma escola que seja boa para todos e quando as
mudanças beneficiarem toda e qualquer pessoa.
Isso só vai acontecer quando escolas, pais e alunos pararem
de olhar só para os seus interesses e entenderem que o
interesse de todos está acima dos seus umbigos. Isso
não vai cair do céu, nem virá do
planalto central.
Enquanto isso não acontece, vou continuar recomendando aos
pais que procurem escolas que tenham a ver com seus valores e
crenças, como procurariam para qualquer outro filho sem
deficiência e que, junto com a escola, procurem
transformá-la num ambiente inclusivo.
E
que fujam da tentação da escola que aceita, da
escola que privilegia, da escola que impõe fardos ilegais.
Fonte:
Fábio Adiron -
Xiita da Inclusão (http://xiitadainclusao.blogspot.com/).