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Entrevistando para Saber

Leonardo Campos Cerqueira Formado em Letras, na Universidade Federal da Bahia. Pesquisador nesta mesma instituição, atuando na área de cinema, cultura, literatura e mídia.

Entrevista Com Cecília Salles: Edição Genética No Brasil
Leonardo Campos Cerqueira

1. Dentre tantas questões a iluminar nesta entrevista, temos a diferença básica entre a crítica genética e a edição genética. Quais são os aspectos que as diferenciam?

A crítica genética é uma possível abordagem para os objetos comunicacionais em sentido amplo (literatura, artes, publicidade, jornalismo e ciência), que tem por objetivo compreender os processos de criação. Tenho um livro publicado pela editora da PUC/SP (crítica genética) que tem uma ampla discussão sobre a caracterização dessa linha de pesquisa.

Já venho ampliando as propostas da crítica genética para se pensar a partir de questões gerais da criação (uma teorização da criação que surgiu a partir da comparação de diversos estudos de caso, que discute a criação como rede em construção), uma crítica de processo em sentido amplo (ver meu livro redes da criação).

A edição genética é a publicação digital ou em livros dos documentos do processo de criação. Não me dedico a essas edições. Há muitos pesquisadores no Brasil e no exterior que fazem essas publicações no campo da literatura, como a prof. Telê Ancona Lopez do Instituto de estudos brasileiros da USP.

2. À guisa de complemento, é possível encontrar informações do seu trabalho com making of e entrevistas bastante comuns hoje nos DVDs e Blu-Rays, como se dá este trabalho?

Tenho um capítulo do meu livro "arquivos de criação: arte e curadoria", que se chama criação cinematográfica: roteiros e extras. Acho que você encontrará lá alguns resultados sobre os estudos desses documentos.

 Trabalho exatamente do mesmo modo que lido com documentos de outras áreas: a partir de uma atenta observação com a intenção de responder à pergunta: o que esse material me oferece sobre processo de criação? Estabeleço relação entre as informações para chegar a algum tipo de generalização sobre os princípios que direcionam o cineasta estudado e seus procedimentos de criação. No cinema, fiz também um estudo sobre os diários de David Carradine na época da filmagem de Kill Bill.

3. Uma pergunta que não está ligada diretamente ao assunto, mas à tangência: a senhora concebe a imagem como texto?

Como tenho um olhar semiótico (de linha peirceana), essas diferenciações não se colocam. Imagens e textos são signos que têm seu mesmo modo de ação. Daí a não distinção.

4. E os trabalhos com edição genética? Não são comuns aqui no Brasil, correto?

São comuns sim, especialmente na literatura.

5. Em suma, como definiríamos a profissão “editor genético”?

Não posso responder essa pergunta, por não fazer esse tipo de pesquisa, mas sei que não é uma profissão, isto é, não há pessoas que só fazem edições genéticas.

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