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Entrevistando para Saber

Leonardo Campos Cerqueira Formado em Letras, na Universidade Federal da Bahia. Pesquisador nesta mesma instituição, atuando na área de cinema, cultura, literatura e mídia.

Entrevista com José Roberto Torero: Cineasta, Escritor e Roteirista
Leonardo Campos Cerqueira

1. O primeiro ângulo a iluminar nesta entrevista é a situação do cinema nacional atual. O senhor acha que estamos em um bom momento?

Bom, sim. Ótimo, não. Poucos filmes atingem grande público e menos ainda fazem sucesso em festivais no exterior. Mas o público já se acostumou com o cinema brasileiro, já não tem mais preconceito em relação a ele, e isso é bom. Pena que ainda não possui um amor especial por ele, mas talvez isso venha com o tempo, quando aprendermos a fazer filmes que tenham mais a ver com o gosto brasileiro.

2. Fazer um filme de amor é uma produção que brinca com os clichês e estereótipos dos filmes de romance. Como se deu o processo de produção? Foi uma ideia original sua?

O filme surgiu da leitura daqueles livros de banca: Julia, Bianca e Sabrina. Eu e uns amigos lemos vários e decidimos fazer uma sátira. Pensamos primeiro em escrever um livro, mas depois mudamos para cinema, porque vimos que a estrutura era a mesma usada nas comédias românticas roliudianas. A produção foi possível porque o roteiro ganhou um prêmio para filmes de Baixo Orçamento.

3. Falando em metalinguagem, quais são os seus filmes metalinguísticos prediletos?

A Rosa Púrpura do Cairo, de Wooddy Allen, e A Noite Americana, de François Truffaut.

4. Quais são os filmes que o senhor indicaria como indispensáveis para a bagagem inicial de um estudante de cinema?

São muitos. Vou pensar em 10, além dos dois anteriores: Luzes da cidade, Charles Chaplin; Cidadão Kane, Orson Welles; Festim diabólico (The rope), Alfred Hitchcock; Zellig, de Wooddy Allen; Apocalipse Now, de Francis Ford Coppola; Era uma vez no Oeste, de Sergio Leone; Tubarão, de Steven Spielberg; Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha.; Cidade de Deus, de Fernando Meireles; A Família, de Ettore Scola.

5. Como o senhor analisa as relações do cinema com a literatura?

Acho que a literatura é mais ou menos como um avô do cinema. A fotografia seria a mãe e o teatro, o pai.

6. Ainda nesta seara, qual (quais) a (s) adaptação (adaptações) que o senhor considera mais satisfatórias?

As do Hitchcock são sempre interessantes. Mas as melhores são de Stanley Kubrick. Vale a pena ver Lolita, Barry Lindon e 2001,: Uma Odisséia no Espaço. Ele consegue transformar os livros em filmes. Não são adaptações, é algo mais do que isso.

7. Terra Papagalli é um marco na sua carreira. Um dos livros mais estudados nas disciplinas sobre a literatura brasileira e a nacionalidade. Comentaria o processo de produção?

Começou quando dava entrevista a um jornalista sobre meu primeiro livro, O Chalaça. Ele perguntou qual seria o segundo livro e respondi, sem pensar muito, que, como o primeiro foi sobre a independência do Brasil, o segundo poderia ser sobre o descobrimento. 

Gostei da ideia e comecei a pesquisar sobre o assunto. Decidi fazer um livro com um degredado como personagem principal. O mais conhecido era João Ramalho, e as duas primeiras versões do livro foram com ele como personagem principal. 

Mas logo eu e Marcus (Marcus Aurelius Pimenta, o outro autor do livro) começamos a gostar mais de um personagem secundário, Cosme Fernandes, conhecido como Bacharel da Cananeia. Daí em diante fizemos mais nove versões, mexendo na história, no estilo etc.

8. É a sua publicação predileta?

Não sei. Livros são mais ou menos como filhos, gosta-se de todos mais ou menos igualmente. Não pelos mesmos motivos, mas praticamente o mesmo tanto.

Avaliação deste Artigo: 5 estrelas