A Semana - Opiniões
O Momento de Ajudar é Agora
Auxílio em Tempo Oportuno
No mais cheio dos ambientes, ainda assim há lugar para um gesto de gentileza, para um sorriso de bom-dia, para um olhar de caridade.
Na mais apertada das rotinas, ainda há tempo para parar um pouco e estender a mão para alguém que, por um descuido, tropicou e caiu bem à nossa frente.
Nos dias mais chuvosos, há, ainda, espaço debaixo do guarda-chuva para abrigar alguém que, desabrigado, está correndo a ponto de cair e se machucar.
No ônibus mais lotado, há sempre um jeitinho de não “cair no sono” e fingir que não está se vendo o idoso, a gestante e a criança que estão por ali em condições desiguais de permanência.
Na noite mais fria e no sono mais gostoso, há sempre a possibilidade de se levantar e atender ao telefone que chama por nós.
Na mais incômoda dor de cabeça, há sempre o jeito de prestar a atenção em quem está querendo nossos ouvidos “emprestados”.
Mesmo não tendo tempo para nada, é sempre tempo de encarar que não há desculpas plausíveis para não praticar o bem ao outro em tempo oportuno.
Se há algo pior do que o ódio, pode-se dizer que a indiferença diante do mal, do errado ou daquilo que não se adéqua aos valores ensinados a nós pelos nossos pais tem chances de concorrer para essa posição.
Isso porque o indiferente diante da dor e das desventuras de outrem faz suas obras semelhantes à nuvem da manhã que, quando menos se espera, já não existe mais. O indiferente pode achar que está plantando o bem, mas, na verdade, sua “árvore” não terá raízes profundas para suportar os dias de tempestade, os quais todos nós estamos sujeitos a passar.
Por isso, enquanto o sol está a raiar, enquanto é dia, enquanto temos força nos braços para lavrar a boa terra, é bom e aprazível plantarmos árvores que possam saciar a fome e sede de justiça de um mundo cada vez mais injusto, mais indiferente, mais inconsequente.
Em contrapartida a tudo isso, ainda espanta-nos pensar numa geração tão rodeada de informações que não consegue passar e praticar para o outro um pouco do bem que deveria saber pelas muitas informações e avanços que tem conquistado.
Somos, é verdade, cheios de bons pensamentos, dado que nossos pais nos fizeram herdá-los, o que nos falta é os colocarmos em prática no tempo em que se precisar deles.
O momento para ajudar, para estender a mão, para apontar o céu àquele que não consegue mais ver a esperança, dado que a profundidade de um abismo pode ofuscá-la, chama-se hoje, agora.
Há pessoas que ao cumprimentar um conhecido, um colega, uma pessoa que às vezes chama de amigo, diz um “pode contar comigo quando precisar”.
Contudo, muitas são as vezes que vemos essas mesmas pessoas fingirem indiferença diante de alguém em situação de desvantagem, seja de dor, desemprego, abandono e solidão...
Ora, se não estendermos a nossa mão, oferecermos os nossos ombros, emprestarmos os nossos ouvidos e coração, agirmos em favor do que sofre enquanto este estiver sofrendo, quando é que iremos, então, ajudá-los?
Se não estendermos as mãos quando a pessoa precisar apoiar-se nelas para se levantar, deixaremos o tempo oportuno passar, perdendo a oportunidade que a vida nos deu de sermos melhores do que somos.
A verdade é que muitas são as pessoas que optam pela indiferença, pois ela dá a falsa sensação de segurança, tal como numa distância segura, dado que aquele que se mostra indiferente não assume os riscos e os trabalhos pelos dissabores dos outros.
Contudo, como frisado acima, é uma falsa sensação de segurança, pois seguro mesmo está aquele que ama, aquele que ajuda, aquele que oferece o ombro para alguém chorar, pois quando a vida lhe surpreender com situações afins, ele terá um reserva segura de pessoas prontas para também ajudá-lo a levantar-se da queda.
Por isso, se o preço que se tem que pagar pelo amor é a lágrima, a preocupação, as noites “perdidas” de sono, ainda assim é mais sábio optar por este caminho, pois só é amado aquele que oferece amor.
Desta forma, é tempo de revermos os conceitos que temos de dia de grande aproveito, de boa noite de sono, de tempos de felicidade...
Isso porque um dia bem-aproveitado mesmo, de verdade, é aquele que conseguimos ajudar o próximo naquilo que ele precisa de nós, pois do contrário só teremos mais um dia de trabalho, o qual cairá no esquecimento tal como a nuvem da manhã.
Da mesma sorte, uma boa noite de sono é aquela que conseguimos acordar e atender ao que chama por nós, apesar de todo o cansaço.
Tempos de felicidade são aqueles que nos farão colher frutos saudáveis para saciar a nossa sede e fome quando o dia não mais nos oferecer a sua luz.