Dicas de Navegação
Lar, doce lar
A Casa de Rubem Alves
A visão de nossos lares equivale a do porto seguro para onde se encaminhavam os pescadores ao final de seu dia de trabalho. A casa de uma pessoa representa para ela a possibilidade de se juntar a todos aqueles que ama e que, em correspondência a esse sentimento profundo, também o querem, o desejam. Todas as vezes que entramos em nossas casas devemos agradecer a chance que temos de ter um espaço tão privilegiado assim em nossas vidas. Quantas vezes você já fez isso?
Nossas casas são lugares onde somos compreendidos, respeitados, ouvidos e acolhidos. Nos sentimos em segurança. São espaços tão privilegiados que podemos cultivar nossos prazeres, nossas esquisitices, nossos sentimentos e nossas dores guardados pelas paredes, telhados, janelas e portas.
É também notável que em nossas residências possamos chorar como crianças (guardadas nos corações de muitos de nós, mostradas poucas vezes, somente quando há essa sensação de conforto), lavar a roupa suja, corrigir erros, exercitar nossos corpos, corações e mentes,...
O Educador Rubem Alves
Nossas casas não são apenas aquelas em que residimos com nossas famílias. O ambiente de segurança e conforto tem que expandir também para nossos locais de trabalho. Se amamos e nos realizamos naquilo que fazemos, seguramente as escolas, hospitais, escritórios, oficinas ou lojas em que trabalhamos também serão nossas casas.
Sempre fico com um pé atrás quando ouço pessoas reclamando constantemente de seu trabalho, das firmas onde atuam. Parecem casamentos que não deram certo e que, certamente, não se baseiam num sentimento verdadeiro e profundo.
Ao entrar na Casa de Rubem Alves, me senti à vontade. Naveguei amparado por ventos que faziam minhas velas estufar. O barco ganhou força, estabilidade e amparo. Percebi que aquele espaço era como a minha casa ou como as escolas em que trabalho. Senti que nos domínios do mestre Rubem Alves, sentia o prazer que sinto ao escrever, conversar ou criar no Planeta Educação.
É verdadeiramente o espaço dos educadores que atuam como bufões, nos conformes contados pelo próprio Rubem Alves em seu diálogo (transformado no livro "Fomos maus alunos") com Gilberto Dimenstein. Para quem ainda não leu o livro, vale esclarecer que os bufões são aqueles palhaços que, felizmente, quebram a monotonia, afugentam o mau-humor, combatem com sua alegria a burocracia que rege a vida de tantas pessoas...
Nossas casas têm que ser como queremos. Cheias de vida. Povoadas por pássaros. Encantadoras pelos lindos jardins que nelas construímos. Nelas as crianças tem que ter espaço para brincar. Os idosos para falar de suas experiências. Os adultos para viver sincronizados pelas batidas de seus corações e não a do tique-taque de seus relógios...
Jardins e hortas são parte da casa de Rubem Alves.
"Uma horta é uma festa para os cinco sentidos. Boa de cheirar, ver,
ouvir, tocar e comer.
É coisa mágica, erótica, o cio da terra provocando o cio
dos homens".
O Site
Vou tentar traçar um mapa que indique alguns dos caminhos a se percorrer na Casa de Rubem Alves:-
1- A princípio há o irresistível Jardim. Entre, passeie por entre as palavras sábias proferidas pelo mestre. Desfrute ao máximo o sabor contido em cada uma das histórias disponíveis. Sinta toda a vida que existe numa caminhada pelo jardim dessa casa tão original.
2- Em Carpe Diem, saboreie as experiências divididas pelo educador com outros educadores ou com empresários. Aprenda algumas receitas dando uma passadinha pela Cozinha. Descubra os segredos do Quarto do Mistério. Mergulhe fundo em busca de si mesmo em Espiritualidade.
3- Como nosso tempo de vida é finito, não perca as oportunidades e entre em Tempus Fugit. Conheça mais sobre Rubem Alves através de seu Curriculum Mortis, disponível em Cemitério. Leia, divirta-se e reflita sobre algumas Crônicas do educador. Volte a ser criança na Brinquedoteca.
4- Faça como todo bom mineiro, guarde um tempo para bater papo e trocar idéias em Proseando. Você irá encontrar idéias soltas, pensamentos, sugestões de leituras,...
5- Se puder, dê uma passada na Livraria e conheça alguns dos livros de Rubem Alves. Quem sabe você até acabe comprando algum deles...
O Jardim nos convida com suas lindas flores e a porta de entrada está aberta
para que aproveitemos nosso dia (Carpe Diem). Sejam Bem-vindos.
Aos Professores
Há algum tempo leio e releio as obras de Rubem Alves. Cada vez mais sinto-me desafiado pela sabedoria do mestre. Novas obras, novas constatações. Mais páginas lidas, maior paixão pela vida. Contatos mais freqüentes com seus pensamentos e a certeza maior de que a educação é a minha casa (como o coração de minha esposa, o abraço de meus filhos, o carinho de meus alunos, a sinceridade de meus colegas de trabalho,...).
O que me intriga é que há educadores que ainda não conhecem Rubem Alves. E não é desconhecer por não ler. É pior que isso. É o ler e o não compreender a profundidade, a emoção, o encantamento pela vida. Há toda uma integridade nesse saber de Rubem Alves que extrapola os limites estreitos e mesquinhos da vida acadêmica e nos faz sentir que vale ter fé e que a vida é uma experiência única, que deve ser explorada ao máximo.
Sinto-me um discípulo diante do mestre e sou confortado pelas palavras do próprio Rubem, transcritas de seu diálogo com o também admirável Gilberto Dimenstein:-
"Essa liberdade de dizer eu não sei, eu estou aprendendo é algo que o professor precisa aprender, pois não saber é o início da aprendizagem".
Essa sensação de eterno aprendiz tem que ser uma constante em nossas vidas. Não apenas em nossa vivência de educadores. Também em nossas relações extra-escolares. Com nossos filhos, amigos, amores,...
Converse com os livros, troque idéias com os colegas.
Viver é uma oportunidade única. Não há bilhetes
para novas viagens...
A percepção de que vale a pena viver tem que ser incorporada (tornar-se parte de nossos corpos, estar presente em nossas mentes, em nossos corações, em nossa transpiração...), tem que virar tema de nossas aulas, tem que ser parte de nosso diálogo com as outras pessoas. Temos que emocionar. Temos que sensibilizar. Temos que tirar do torpor e da dormência todos aqueles que morderam a maçã da bruxa e caíram no sono profundo do desamor, do desapego...