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Universo Escolar

Elisete Oliveira Santos Baruel Diretora de Educação da Vitae Futurekids; Pedagoga; Especialização e Extensão na Área da Aprendizagem e Fracasso Escolar pela USP; Especialização em Gestão em Educação e Novas Modalidades de Ensino – Educartis Corporation pela FECAP – Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado; Estágio Supervisionado no Projeto Educativo “Fazer a Ponte” – Ministério da Educação de Portugal e Study Group Reggio Emilia – Itália – Preschools and Infant-Toddler Centers – Istituzione of the Municipality of Reggio Emilia – Friends of Reggio Children International Association. E-mail: elisete.baruel@fk1.com.br

Educação, o exemplo que vem da Ásia
Elisete Baruel

Conhecimento (ou saber) é poder, disse o filósofo Francis Bacon. Que o digam os grandes movimentos sociais e econômicos mais marcantes no caminho da humanidade. A capacidade de acumular sabedoria e de gerar conhecimento é determinante em qualquer processo de mudança e de desenvolvimento. Na capacidade de implantar um modelo educacional que forme cidadãos sábios, mão de obra qualificada e domínio das modernas tecnologias está a base de construção de um país realmente desenvolvido.

Foi assim no mundo grego e na antiga Roma. Foi assim na Idade Média, quando a força da Igreja e o saber cultivado nas bibliotecas dos mosteiros garantiram a sobrevivência da cultura greco-romana. Foi assim no Renascimento, com o poder dos mecenas (incentivadores das artes), que permitiu a glória de gênios como Da Vinci, Michelangelo, Bernini e tantos outros. Foi assim nos grandes descobrimentos e na Revolução Industrial. Até na derrota da encarnação do mal, o nazifascismo, o conhecimento foi determinante – apesar da terrível destruição causada pelas bombas atômicas sobre o Japão e do ainda presente risco de uma hecatombe nuclear.

No mundo contemporâneo, um dos exemplos mais marcantes do poder do conhecimento vem dos chamados “tigres” asiáticos, que hoje se equiparam aos grandes países desenvolvidos da Europa e com os Estados Unidos. Seguindo o exemplo do Japão do pós-guerra, ganharam esse selo Hong Kong, Coréia do Sul, Cingapura e Taiwan, por suas elevadas taxas de crescimento e rápida industrialização entre as décadas de 1960 e 1990. A esse time se integraram depois Indonésia, Malásia, Filipinas e Tailândia e as agressivas economias da China e da Índia. As grandes transformações basearam-se em acesso à educação e na infraestrutura de transportes, esta vital para exportações competitivas.

Desses “tigres”, atenção especial merece o caso de Cingapura. Aliás, um dos mentores da contínua transformação do país, Lee Sing Kong, diretor do prestigiado Instituto Nacional de Educação, estará em abril de 2011 em São Paulo para explicar os segredos dessa mudança. Ele participará do evento “Escola de Alto Desempenho – II Seminário Internacional de Práticas Inovadoras para a Educação”, promovido pela Vitae Futurekids. A fórmula que revolucionou a educação em Cingapura e criou as bases para fazer do país um dos “tigres” asiáticos se baseou e se baseia em ações como: incentivar os jovens mais talentosos a seguir o magistério; dar status, prestígio e remunerar professores iniciantes com salários de engenheiros; formar educadores por meio de intensa prática pedagógica (espécie de residência médica); administrar escolas públicas como empresas - os melhores ganham bônus; e priorizar o uso produtivo de recursos tecnológicos na escola.

Ao Instituto Nacional de Educação (Faculdade de Formação de Professores) credita-se muito do rápido e contínuo avanço da educação em Cingapura, que estava em um patamar semelhante ao africano nos anos 60 do século passado. Hoje, o país é reconhecido entre os melhores do mundo em sala de aula, tendo um dos três melhores sistemas educacionais em matemática e ciências. No plano econômico, Cingapura tem crescido a taxas de cerca de 10% ao ano. Esse pequeno país, bem menor que o estado de Alagoas, tem conseguido a proeza de ter renda per capita de quase US$ 49 mil, acima dos EUA. Tudo isso resultado de investimento constante em educação ao longo das últimas décadas.

Na China, a educação também é componente fundamental para o crescimento estrondoso do país. A prova está nos recentes resultados do PISA 2009, programa da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) que avalia o desempenho de estudantes de 15 anos, de vários países, em matemática, ciências e leitura. Os alunos da província chinesa de Xangai, que participaram pela primeira vez do exame, ficaram em primeiro lugar em todas as disciplinas avaliadas, superando todos os países da OCDE. Os chineses obtiveram 38 pontos acima do segundo colocado, Cingapura, 113 pontos acima dos Estados Unidos e 214 pontos acima da média dos alunos brasileiros.

Os casos acima são apenas indicativos do quanto ainda temos que avançar para fazer da educação, ao lado da saúde, a grande prioridade de nosso país. O Plano Nacional de Educação para a década 2011-2020, lançado pelo governo, contém metas ambiciosas, com prioridade para a qualificação dos professores e melhoria da gestão escolar. Que ele se torne realidade. Afinal, é na escola, em todos os níveis, que podemos ganhar o conhecimento necessário para uma transformação duradoura de nosso Brasil.

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