Ensino de Línguas
O Ensino de Língua Estrangeira em uma Abordagem Psicopedagógica
Flávia Florêncio
Resumo: O presente artigo tratará da importância do ensino de uma língua estrangeira para crianças da rede pública (Ensino Fundamental I). Devido à grande demanda de trabalhos nesta área, faz necessário um novo olhar para este caso: uma visão psicopedagógica que se atente a um olhar cuidadoso e ao mesmo tempo abrangente.
O
trabalho tentará esclarecer como o tornar o ensino de uma
língua estrangeira significativo para estes alunos da rede
pública em detrimento ao desenvolvimento cognitivo dos
discentes, auxiliando-os na construção do
conhecimento de um segundo idioma, afirmando-se em sociedade enquanto
nativo digital e complementando as outras disciplinas
(língua estrangeira como ensino complementar).
Palavras-Chave: Língua estrangeira; crianças; rede pública; visão; psicopedagógica; sociedade.
Abstract: This article will address the importance of teaching a foreign language to children of public schools (Elementary School). Due to high demand of work in this area does need a new look for this case: a psychopedagogical vision that consideration is given to a careful look at the same time comprehensive.
The
work aims to discover how to make learning a foreign language
significant for these public school students rather than the cognitive
development of students, helping them to build the knowledge of a
second language, asserting themselves in society as a digital native
and complementing the other subjects (foreign language education as
complementary).
Keywords:
Foreign language; children; public school; look; psychopedagogical;
society.
1.
Introdução
O motivo da realização deste trabalho deve-se
pelos últimos anos alguns estados e municípios
nacionais sofrerem uma alta demanda de projetos e cargos
públicos voltados para o ensino de língua
estrangeira (daqui em diante LE) para crianças. Geralmente
as aulas ocorrem uma vez durante a semana, com
duração de quarenta – cinquenta
minutos, aproximadamente.
As
salas são numerosas, muitos alunos com baixa autoestima e
alguns com dificuldades de aprendizagem ou não.
Este tema é de grande importância para a comunidade científica, pois trata em harmonia dois temas atuais e discutíveis em nossa sociedade: a importância do ensino de uma LE para crianças e o papel da Psicopedagogia perante a realidade brasileira, visando à equidade e a satisfação plena do aluno na situação de aprendente e a aquisição de um novo idioma.
O trabalho a ser desenvolvido transcorre pelo atual contexto da importância e necessidade de aprender um segundo idioma, seguindo pela aprendizagem do mesmo no Ensino Fundamental I, a Psicopedagogia no Brasil aplicada à realidade institucional e como esta última pode colaborar neste processo com uma visão diferenciada e abrangente da realidade.
2.
As Línguas Estrangeiras na Realidade do Século XXI
O final do século XX e o início século
XXI foram marcados por grandes transformações
sócio-culturais, sendo o maior deles a
globalização. É certo afirmar que um
aspecto positivo deste fenômeno é o estreitamento
de distâncias, mudança costumes e até
mesmo a forma de se pensar acerca das interações
que fazemos com o outro.
Neste novo contexto parte da população vem tentando adaptar-se em suas mais variadas situações, pois a era informatizada exige atualização por parte da sociedade, já que as informações são dispostas ou modificadas a cada instante. Ninguém conseguirá saber exatamente tudo sobre um determinado campo do conhecimento.
Apesar das informações serem veiculadas por mecanismos mais modernos e ágeis, existe ainda uma outra (e grande) parte da população que não tem acesso a mesma. A mais um moderno e inteiramente infeliz fenômeno denominamos exclusão digital, este que “se apresenta como um dos maiores desafios deste início de século, com implicações diretas e indiretas sobre os mais variados aspectos da moderna sociedade, a sociedade do conhecimento” (Gomes, 2002:1).
Partindo destas ideias, se faz necessário entender também a precisão da habilidade em mais de um idioma para conseguir interagir com esta sociedade marcada por transformações e desigualdades. A princípio outros recursos de linguagem para comunicação e logo após a língua materna (daqui em diante LM) passam a ser uma conexão entre nós e a nossa primeira microssociedade que é a família.
Conforme nos desenvolvemos sentimos a necessidade de expandir nossa interação e uma língua estrangeira (LE) é também neste momento primordial para este grande passo. Este ensino-aprendizagem de uma LE merece uma atenção especial, pois ao se ensiná-la devemos ter embasamento teórico sobre (ao menos) as principais teorias de aprendizagem e qual o público será ensinado.
O presente artigo delimitar-se-á ao Ensino Fundamental I, principalmente quanto à rede pública; este é um setor que merece respeitosamente uma atenção, principalmente quanto ao ensino de uma LE para crianças, assunto este que será explanado no decorrer desta composição.
3.
A Importância da Língua Estrangeira Na
Infância
No início do século passado, o conhecimento de
uma LE estava relacionado ao status, à invasão
— ou seria bombardeio — cultural e consequentemente
a mais uma disciplina a integrar o currículo do antigo
segundo grau ou o atual Ensino Médio.
Sabemos e entendemos a importância dela em nossa realidade, assim como assinala o MEC, informando que a LE “não é só um exercício intelectual de aprendizagem de formas estruturais (...), é sim uma experiência de vida, pois amplia as possibilidades de se agir discursivamente no mundo” (BRASIL, MEC, 1998, p. 38).
A transposição deste fato para os dias atuais há de se afirmar com clareza que o uso direto ou indireto de um segundo idioma não acontecerá somente a partir do ensino Médio, pois mesmo durante a infância estas crianças consideradas nativos digitais hoje estão rodeadas por várias línguas e o aprendizado de uma segunda é extremamente fundamental.
Uma pesquisa da University College (Londres) afirma que a melhor idade para se aprender uma segunda língua é entre cinco e dez anos; período este em que as crianças encontram-se na Educação Infantil ou principalmente no Ensino Fundamental I.
Este estudo avaliou os cérebros de cento e cinco pessoas, constatando que daquelas que cursaram Língua Inglesa nessa fase fizeram mais sinapses, registraram aumento da massa encefálica e adquiriram mais chances de serem fluentes na língua. Além deste influente embasamento teórico, é perceptível que as crianças gostem de algo a mais para variar a rotina escolar, estando mais receptivas ao novo e encarando o erro com esportividade (em relação aos adultos). Portanto, segundo León, quanto mais cedo a criança tiver contato com a língua, mais fácil será o aprendizado.
O ensino de LE no Ensino Fundamental I encontra-se em alta propagação. Cidades como Rio de Janeiro (RJ) investiram duzentas vagas para cargos públicos direcionados para professores de Língua Inglesa, tal como o município de Taboão da Serra (SP) que possui um projeto há mais de seis anos destinado à Inclusão Linguística de crianças estudantes da rede municipal e comunidade, trabalho este oferecido pela empresa Planeta Educação.
A partir do que foi mencionado, devemos tratar estes novos projetos e cargos voltados ao ensino de uma LE na infância com aulas bem fundamentadas e de acordo com o currículo escolar — já que não há Parâmetro Curricular Nacional direcionado para o ensino de LE do primeiro ao quinto ano — porém com menos cobrança burocrática quanto às sistematizações obrigatórias do Ensino Fundamental II, valorizando o trabalho lúdico e atrativo para desenvolver a aprimorar entre outros a construção do conhecimento, disciplina e motivação para aprender, itens muito importantes a serem trabalhados por uma criança do Ensino Fundamental I.
Como esta atividade será realizada em cunho complementar, a mesma deverá tentar tornar-se significativa para os alunos da rede pública. Faz-se necessário um trabalho voltado para as habilidades cognitivas, a questão da autoestima e, segundo León (2009), voltada para a comunicação oral, assim desde pequenos eles conseguirão cantar, reconhecer palavras através da compreensão oral e a elaborar diálogos em situações reais de comunicação.
Já que a aprendizagem de um segundo idioma é de suma importância para a infância e este trabalho necessita de um embasamento científico muito amplo, como as teorias de aquisição de uma LE — na presente obra será delimitada em três desde a mais criticada a mais moderna —, adicionaremos a ele uma visão similar, no entanto um pouco mais ‘cuidadosa’ e que ainda está em constante estudo e elaboração: o ponto de vista da Psicopedagogia aplicado ao ensino de idiomas para o Ensino Fundamental I.
4. Língua Estrangeira e Ensino Fundamental I
4.1.
Teorias de Aquisição da Língua
Estrangeira
Quando uma criança aprende uma LE, fatores como afetividade
e meio podem influenciar este processo de
aquisição. Portanto é
necessária uma postura crítica e um
espírito de curiosidade em buscar novos meios de
ensino.
Primeiro, formando-nos e informando-nos (nós professores). Não me canso de insistir: é preciso que cada professor de língua assuma uma posição de cientista e investigador, de produtor de seu próprio conhecimento lingüístico e teórico e prático, e abandone a velha atitude repetidora e reprodutora de uma doutrina gramatical contraditória e incoerente (BAGNO, 2003, p. 140). BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. São Paulo, Edições Loyola, 2003.
Um destes meios é buscar embasamento teórico-científico acerca das teorias da aquisição de LE. Discorreremos sobre algumas delas. A teoria Behaviorista (ou comportamental) teve início por volta da década de quarenta e cinquenta do século passado por conta do aumento de interesse pelo ensino de LE.
Estudos do norte americano John Watson (1878 - 1958) e do russo Ivan Pavlov (1849 - 1930) foram utilizados para os princípios deste pensamento, porém o estadunidense Burrhus Skinner (1904 - 1990) obteve maior responsabilidade. Esta teoria acredita que adquirimos uma língua por meio da imitação, atos condicionados.
Skinner ficou famoso por lançar o conceito de condicionamento operante a partir de suas experiências com ratos em laboratório. Por condicionamento operante entende-se um comportamento seguido da apresentação de um reforço positivo (recompensa) ou negativo (supressão de algo desagradável), cujo a frequência tende a aumentar.
Em uma de suas mais importantes obras, “Ciência e comportamento humano”, de Skinner (2000), apresenta um conceito mais amplo e completo sobre o comportamento operante: O termo dá ênfase ao fato de que o comportamento opera sobre o ambiente para gerar consequências.
As consequências definem as propriedades que servem de base para a definição da semelhança de respostas. O termo será usado tanto como adjetivo (comportamento operante) quanto como substantivo para designar o comportamento definido para uma determinada consequência (Skinner, 2000, p. 71). SKINNER, B F. Ciência e comportamento humano. (J.C. Torodov & R. Azzi, Trads.) São Paulo: Martins Fontes, 2000.
Atualmente esta teoria comportamentalista é pouco utilizada para explicar como adquirimos um idioma, tanto que desde sua época até dias atuais ela foi contestada e criticada por muitos estudiosos, como segue: A teoria behaviorista de Skinner é nitidamente reducionista.
O quadro no qual ela reduz todo comportamento humano é o da recompensa e da punição. Em outras palavras, é o da “contingência de reforço”. Todos os aspectos do comportamento animal e humano não somente podem, mas devem ser modelados por meio de combinações especiais de estímulos de recompensa e de punição (JAPIASSU, 1991, p.295). JAPIASSU, H. As paixões da ciência. São Paulo: Letras e Letras, 1991.
A teoria seguinte trata-se do Cognitivismo. A mesma foi estudada por principalmente Jean William Fritz Piaget (1896-1980) e Lev Semyonovitch Vygotsky (1896), obtendo estes autores maior prestígio nas pesquisas. Ela trata da cognição, de como o indivíduo conhece, processa e atribui significados a informação recebida.
Neste caso, a filosofia cognitivista enfatiza exatamente o que é ignorado pela visão behaviorista: a cognição e o ato de conhecer o mundo. Para Vygotsky o desenvolvimento cognitivo é produzido pelo processo de interiorização da interação com o meio e os materiais fornecidos pela cultura.
Desta forma, as potencialidades do indivíduo devem ser levadas em conta no processo de ensino-aprendizagem. Segundo Piaget, a construção do conhecimento se dá através da interação da experiência sensorial com o meio.
Segundo estes autores o aluno deixa de ser um mero receptor de conhecimento e passa a ser ativo e interativo, formando conhecimentos e constituindo-se a partir de relações intra e interpessoais, seja consigo ou por meio da interação com o meio (pessoas e objetos).
De seus ideais nascem as abordagens Sócio-interacionista e Construtivista, ambas muito respeitadas em cursos de idiomas e escolas bilíngues. Neste artigo será abordada uma terceira teoria, defendida por Stephen Krashen (1941-), a Teoria da Aquisição da segunda língua (Second language aquisition) e co-fundação da conhecida Abordagem Natural (Natural Approach).
Krashen propõe cinco hipóteses para a aquisição de um segundo idioma, como seguirá a explanação. A primeira hipótese defendida pelo autor denomina-se Distinção entre aprendizagem e aquisição. A aprendizagem é consciente e intencional, pois ela dependerá de esforço intelectual e procurará produzir conhecimento consciente a respeito da estrutura da língua e de suas irregularidades, preconizando a memorização de vocabulário fora de situações reais.
A aquisição é inconsciente e incidental, pois é responsável pelo entendimento e pela capacidade de comunicação criativa. Este fenômeno ocorre por meio da familiarização com a característica fonética da língua, sua estruturação em períodos, vocábulos e tudo o que for decorrente de situações reais, assim como a descoberta e assimilação de diferenças culturais e pela aceitação e adaptação à nova cultura.
A segunda trata-se da hipótese do monitor, cujo conhecimento aprendido serve para monitorar a produção. Ela explica a relação entre aquisição e aprendizagem ao definir a influência deste sobre aquele. Este monitoramento sobre pessoas com diferentes características de personalidade serão inúmeros.
Aqueles que tendem à introversão, a falta de perfeccionismo ou autoconfiança pouco se beneficiarão de um conhecimento da estrutura do novo idioma, tal como suas irregularidades; dependendo do caso poderão desenvolver um bloqueio que compromete a espontaneidade devido ao pensamento interior da alta probabilidade de cometerem erros.
Pessoas que tendem à extroversão excessiva também se beneficiarão menos do aprender (learning) uma vez que a função de monitoramento é quase inoperante, pois está sujeita a uma personalidade irregular que se manifesta sem maior zelo.
Os que se beneficiarão de aprender são pessoas dentro dos padrões de normalidade e equilibradas, estas que saberiam aplicar a função de monitoramento de forma moderada, segundo ele: O aluno só adquirirá o que estiver no ponto certo de seu desenvolvimento maturacional, não importando a frequência com que ele é exposto, e nem o grau de dificuldade envolvido.
Assim, as estruturas que esteja além de seu desenvolvimento serão apenas memorizadas, sem contudo, serem integradas, o que significa uma não capacidade desse aluno de usá-las efetivamente” (Krashen, 1987). Krashen, Stephen D. Principles and Practice in Second Language Acquisition. Prentice-Hall International, 1987.
Porém dentro de uma situação real de comunicação, o monitoramento só ocorrerá a partir de três condições simultâneas: um tempo suficiente para que o aprendente disponha para avaliar as alternativas com base nas regras incidentes; a preocupação com a forma (conteúdo da mensagem) e o conhecimento da regra que se aplica ao caso no ato da comunicação.
A terceira hipótese refere-se à Ordem Natural, cujo algumas estruturas gramaticais são aprendidas primeiro que outras. Os aprendizes que aprenderam uma LE, assim como outros que a aprenderam como Língua materna adquiriram funções da língua alvo em sequências previsíveis.
No entanto, as regras mais fáceis de aprender não são necessariamente as primeiras a serem adquiridas. Neste caso, a ordem natural independe da ordem na qual as regras são aprendidas em uma LE.
A próxima trata da hipótese do Input, baseando-se em observações do processo da aquisição (acquisition), cujo os estudantes aprendem de uma única forma: por meio do insumo compreensível (comprehensible input); se estes insumos contiverem formas e estruturas um pouco além do nível atual de compreensão da língua, esta última e a aquisição ocorrerão em harmonia.
A quinta hipótese é a conhecida como a do Filtro Afetivo. Ela está relacionada com o papel que fatores tais como motivação intrínseca, ansiedade e autoconfiança desempenham no processo de aquisição de uma língua. Seria também uma barreira imaginária que impede os aprendizes de adquirir a língua dos insumos disponíveis.
O termo ‘Afetivo’ diz respeito aos motivos, atitudes, necessidades e estado emocional do aprendiz em relação ao estudo de uma LE. Segundo Krashen, o estado mental do aluno pode limitar o que é percebido e o que é adquirido nos insumos disponíveis. Partindo destas idéias de aquisição de uma LE e a alta demanda de estudos que propiciaram estas teorias, fazemos hoje grande uso ou pelo menos parte delas no entendimento do processo de ensino aprendizagem de um novo idioma.
4.2.
A Psicopedagogia e o Ensino de Idiomas
É certo afirmar que existem problemas e dificuldades na
aprendizagem, porém devemos ter uma postura
filosófica diante da vida. É
imprescindível saber questionar se esta
“dificuldade“ ou problema é realmente
isto mesmo, pois a Neurologia comprovou que temos ritmos diferentes de
aprendizagem, já que nossa bagagem cultural e
experiências diferem de pessoa para pessoa e, logicamente, o
aprendizado de um segundo idioma pode variar conforme estes fatores
apresentados.
A partir destas primeiras considerações podemos afirmar que é necessário ver o que acontece internamente, o que não está claro, implícito; por este motivo a Psicopedagogia se mostra interessada, pois estuda as características da aprendizagem humana: como se aprende, como a mesma varia e se evolui e como é condicionada por vários fatores (BOSSA, 2007).
No decorrer da vida é na escola o lugar em que estas aparentes dificuldades começam a ser percebidas, daí então a importância da Psicopedagogia na área Institucional. Ela aparece como um processo preventivo, tentando conhecer o maior número de variáveis que interferem na aprendizagem.
Porém não é em toda escola (principalmente as públicas) que encontramos este profissional para orientar nosso trabalho, mas um olhar mais minucioso de nossa realidade e algumas mudanças de hábito quanto ao ensino-aprendizegem podem contribuir para uma aprendizagem mais agradável e efetiva, principalmente quanto à aceitação e aprendizado de uma LE. De acordo com Larocque (1997), ao serem questionadas sobre uma recordação de alguma experiência envolvendo alguma situação de aprendizagem, grande parte das pessoas lembra de alguma situação envolvendo outras pessoas.
Apesar disto, a metodologia pedagógica encontrada nas instituições privilegiam contextos de aprendizagem individual. Desta forma, uma proposta de trabalho poderá ser de promover a aprendizagem utilizando as vantagens do convívio social: a sistematização do conhecimento por meio do coletivo.
O “pensar” psicopedagogicamente envolve trabalhar para que a escola acompanhe o desenvolvimento da humanidade e se coloque como um autêntico espaço de construção do conhecimento, auxiliando para que o grupo participe ativamente da escola e neste caso, os professores de LE juntamente a ele procurem entender “como” e “por que” transformá-la em um ambiente que propicie o conhecimento.
O agir conforme este campo do conhecimento deve levar o discente de LE a resgatar o prazer de aprender, por isto, ele deve utilizar-se de inúmeros recursos para trazer esta criança para si: um trabalho lúdico que envolva vídeos, histórias, jogos que desenvolvam o pensamento intuitivo, o raciocínio lógico, a socialização, entre outros, contribuindo assim para melhorar o desempenho escolar do aluno.
Vale salientar que em cada instituição há uma realidade, por este motivo o trabalho do profissional de LE deve possuir uma gama de habilidades com materiais pedagógicos para que ele possa adaptar-se àquela dinâmica. Esta combinação pode acontecer também através da socialização com o grupo, permissão do trabalho com alunos de diferentes níveis no desempenho escolar numa mesma sala e até mesmo a apropriação dos conteúdos escolares; este último poderá ser realizado para que o educador de uma LE juntamente ao seu embasamento teórico tenha idéia dos assuntos que estão sendo trabalhados na unidade, permitindo atividades conectadas com as da escola, porém com um caráter singular e diferenciado no que diz respeito ao ensino de idiomas.
O profissional não fará intervenções como o psicopedagogo, mas seu trabalho será tão global quanto este, pois normalmente os ambos os profissionais terão várias salas para lidar, até mesmo uma unidade inteira ou até mais! Por este motivo o ensino de LE não é direcionado necessariamente no indivíduo; com certeza este é levado em consideração, mas simultaneamente serão ponderados os demais elementos do sistema no qual ele interage.
Dessa forma, o educador de uma LE deverá de ter um olhar mais cuidadoso para com aqueles que aprendem e melhor seleção daquilo que irá ensinar e exercendo um bom trabalho conseguirá alcançar o êxito profissional e provavelmente conquistará um espaço no grupo, algo obtido por poucos profissionais.
5. A Possibilidade do Ensino de Uma Língua Estrangeira por Meio de uma Visão Psicopedagógica
É fato que o ensino de LE está em evidência e expansão em nosso país, este que antes era tratado como uma questão de status comprova-se agora como uma necessidade emergencial, pois se percebe progressivamente a sua importância em nosso cotidiano.
Por ser um assunto de suma importância para aqueles que aprendem quanto àqueles que ensinam não podemos tratar este tema com descaso, aglomerando alunos e mais alunos nas salas de aula e repetindo o mesmo círculo vicioso das outras disciplinas, gerando a totalidade errônea do sistema escolar.
Para
a presente situação ainda vale salientar que a
escola é uma instituição desvinculada
da sociedade, pois está absolutamente permeada de
situações externas a ela; esta deveria ser um
lugar para questionar estes atos, não apenas reproduzi-los,
por isto contamos agora com uma disciplina que vem não
só para adicionar, mas para complementar as outras que
vão entrando em defasagem.
Neste percurso encontramos outro campo do conhecimento que está em formação que é a Psicopedagogia, que visa possibilitar a criança se estruturar como sujeito dentro da escola para que ela possa aprender, respeitando suas possibilidades e interesses.
Este novo campo do conhecimento tem muito a contribuir para o ensino aprendizagem de uma LE, já que uma (entre outras) de suas teorias que embasam o trabalho psicopedagógico está no campo linguístico, com contribuições para entender o processo de construção da linguagem oral e escrita. Esta construção, principalmente da linguagem oral, deve ocorrer por meio de atividades coletivas, pois este ensino visa formar acima de tudo um cidadão que interage e posiciona-se perante as situações.
O ensino de idiomas com o olhar psicopedagógico visa incluir este aprendente não apenas como falante de um segundo idioma; trata-se de uma inclusão social e de uma autoafirmação, cujo o trabalho deve acontecer por meio da motivação e promovendo a autoestima.
É necessário que o aluno valorize também o que produz individualmente (ou no grupo), favorecendo a convivência com equidade e respeito mútuo para que desta forma auxilie as relações sociais e culturais daquele que aprende.
Desta forma, faz-se necessário que seja assegurado o direito das crianças da rede pública de Ensino Fundamental o acesso ao aprendizado de uma LE, esta que deverá ser de cunho complementar às outras disciplinas, que proporcione momentos lúdicos e agradáveis, merecendo um cuidado especial quanto ao ensino-aprendizagem de quem iremos formar e como iremos fazê-lo perpassando ao máximo pelos quatro pilares da educação: o saber conhecer, saber fazer, saber ser e saber conviver.
6.
Considerações Finais
A partir do que aqui foi tratado é importante afirmar a
necessidade de um psicopedagogo nas escolas da rede pública
de Ensino Fundamental I, tal como o direito assegurado de aprender uma
LE. Este trabalho tentou mostrar o quanto o papel do psicopedagogo deve
estar presente no cotidiano escolar, tal como uma visão por
meio deste campo do conhecimento é de grande valia no que
diz respeito ao ensino-aprendizagem de um segundo idioma.
Apesar de tentarmos tratar de dois campos do conhecimento diferentes, foi realizada uma pesquisa exploratória e bibliográfica que tratasse do tema escolhido, discutindo acerca da importância do ensino de uma LE como complemento educacional para o Ensino Fundamental I, tal como os benefícios dessa aprendizagem durante a infância e a justificar a necessidade de um olhar psicopedagógico na situação de ensino-aprendizagem.
Como infelizmente ainda não há obras específicas que trabalhem harmoniosamente o ensino de idiomas interligado a Psicopedagogia, convidamos a comunidade científica e demais interessados a debruçar-se também sobre este trabalho, pois as idéias não foram fechadas, pois assim como o trabalho psicopedagógico (este que não é engessado e pronto para a aplicação), a busca para melhor entender a aprendizagem — que também foi tema deste artigo — não é estagnada, é um processo de vida.
Agradecimentos
Para chegar até este ponto Deus foi a essência de
tudo, minha querida mãe foi minha vida, Alex meu paciente
indagador e meus alunos a maior fonte de
inspiração; ao professor Marcos Vella uma
gratidão imensa por me acolher e direcionar ao conhecimento.
Referências
BAGNO, Marcos. Preconceito lingüístico: o que
é, como se faz. São Paulo,
Edições Loyola, 2003.
BARBOSA, L. M. S. A Psicopedagogia no âmbito da instituição escolar. Curitiba: Expoente, 2001.
BASTOS,
R. L. G., et al... Como entender as principais teorias da
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BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental. Língua estrangeira. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, 1998.
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LAROCQUE
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Teaching in the Community Colleges Online Conference - Trends and
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LEÓN,
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como segunda língua na infância: lidando com
nativos digitais. São Paulo, 2009. Disponível em
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Comunicativo no Ensino de Línguas. São Paulo,
2007. Disponível em
SKINNER, B F. Ciência e comportamento humano. (J.C. Torodov & R. Azzi, Trads.) São Paulo: Martins Fontes, 2000.
Anhanguera
Educacional S/A
Ano 2010
Autor: Flávia Aparecida Farias Florêncio
RA: n°9081196410
flapfarias@bol.com.br
Orientador: Professor Marcos Fernando Vella
Flávia Florêncio é Professora de Língua Inglesa e Portuguesa e graduada em Pedagogia. Atua há cinco anos na área da educação.