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Filosofando

Ricardo Rolando Irigoyen Coordenador de espanhol da rede MOPI no Rio de Janeiro, Professor EM colégio MOPI, Professor no colégio Santo Agostinho - Leblon, Tutor de EAD do Instituto Cervantes, Membro da Banca de Elaboração das Provas de Espanhol dos Vestibulares Funenseg, Membro da Banca de Elaboração da Prova de Espanhol da FEPECS, Consultor da Fundação Roberto Marinho (Canal Futura e Tele-educação, Secretário do Centro Exame DELE (Diploma de Espanhol de Língua Estrangeira) - Instituto Cervantes Membro tribunal examinador DELE - Instituto Cervantes.

Nossas crianças, o que fazer?
Ricardo Rolando Irigoyen

Um amigo me enviou um artigo de um jornalista argentino, publicado no jornal “La Nación”. O título da crônica se chama “Los hijos de la noche”, para aqueles que não falam espanhol: “Os filhos da noite”. Faz uma série de considerações sobre os filhos da nossa geração, assim como dos relacionamentos entre pais e filhos nesta época tão conturbada.

Isto me fez perceber que os problemas geracionais são iguais nos dois lados da fronteira. Lá e cá morrem jovens em acidentes de carro nas madrugadas. Muitos saem a dançar pela madrugada e voltam somente ao amanhecer, alguns dos quais bêbados ou drogados, dirigindo carros transformados em armas que matam ou favorecem o suicídio inconsciente.

Problemas que surgem por causa da falta de limites que as famílias e o estado deveriam impor aos seus rebentos. Mas, como não sou um especialista no tema ou em qualquer outro, sou simplesmente o que poderia chamar-se de “palpiteiro profissional”, não sou ninguém para julgar.

É verdade que existem jovens com problemas, mas hoje quero falar sobre essa enorme massa da juventude que realmente tem vontade de estudar. Da enorme quantidade de jovens que começam a trabalhar quase crianças e assumem a responsabilidades de sustentar seus lares. Por cada jovem que vemos nos jornais da vida protagonistas de brigas em bares, drogando-se, andando bêbados pelas madrugadas, há muitos, mas muitos jovens dignos estudando, trabalhando, preparando-se para os vestibulares, pós-graduações e enfrentando a vida com dignidade.

Sei que devemos dar atenção às crianças abandonadas, abusadas e brutalizadas. Não estou dizendo para deixar de fazer isto, que é de suma importância, mas dar um pouco de atenção a outra parte da infância e juventude que sofre e se supera. Como educador vejo isto nas escolas, a luta para recuperar quem não quer ser recuperado e que até a própria família ignora e que manifesta que já não sabe o que fazer. E os outros? Aqueles que estudam e são bem-comportados, qual é a atenção que recebem? Pouca, os outros não deixam tempo para isto.

Vejo nas salas de aula, excelentes alunos lutando para lutar contra o “bullying” simplesmente pelo fato de gostarem de estudar, outros com ótimo potencial ficam com medo das provocações e partem para as brincadeiras porque querem fazer parte dos mais “descolados”. Mais uma vez olho para trás e escuto minha avó falando “uma maçã podre contamina toda a cesta de maçãs boas, mas uma boa não cura as maças podres”.

À diferença das maçãs, os seres humanos podem ser reabilitados, quero estar convencido disto. É a esperança que temos. Por isso, a partir dos 14 anos, os alunos que fossem reprovados teriam que trabalhar um ano como aprendiz em qualquer profissão e, caso que tivessem um bom desempenho, poderiam voltar à escola para reassumir seus estudos. Medida radical? Pode ser, mas que com certeza faria que muitas maçãs podres voltassem a ser boas e evitaria que, caso não seja feito isto, com o passar do tempo ficassem realmente estragadas e jogadas no lixo da sociedade, as cadeias.

Graças a Deus nossas crianças podem ser recuperadas à diferença das maçãs. Demos uma oportunidade para as maçãs podres serem transformadas. Não com teorias, mas com atitudes práticas. Todo aquele que sabe o que é ganhar o pão com o suor da fronte concordará comigo que não seria nenhum drama que um jovem de 14 anos trabalhasse um ano para ter direito de voltar a estudar ou não. Aprender uma profissão pode ajudar as nossas crianças a serem técnicos e trabalhadores e, ao mesmo tempo, ajudar ao nosso país.

É uma ideia, você tem alguma outra?

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