Planeta Educação

A Semana - Opiniões

Erika de Souza Bueno Coordenadora Educacional da empresa Planeta Educação; Professora e consultora de Língua Portuguesa pela Universidade Metodista de São Paulo; Articulista sobre assuntos de língua portuguesa, educação e família; Editora do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br). E-mail: erika.bueno@fk1.com.br

A ampliação do olhar no poder da escola
Questionamentos e problematizações

Antes de se ensinar a ler e a escrever, toda escola poderia mudar um pouco a perspectiva e se empenhar em ensinar o aluno a olhar, a olhar mais criteriosamente, de modo que a identificação de detalhes fosse realmente possível.

Se assim fizer, a escola e o professor perceberão que a arte de ensinar e a arte de aprender ficam muito mais fáceis, muito mais evidentes, da forma como desejamos que sejam.

A tal desejada e requisita produção escrita, por exemplo, não começa na mão do aluno que precisa escrever diante da solicitação de seu professor, o qual, na maioria das vezes, solicita a confecção de uma redação sobre as férias escolares ou afins...

Não, a produção escrita não começa na mão do aluno, mas sim na sua imaginação estimulada pelo seu professor que, em vez de apenas ensiná-lo as regras ortográficas, estimula seu aluno a ver com outros olhos o mundo que o rodeia.

Tendo um olhar mais criterioso sobre a realidade que o cerca, o aluno conseguirá - não apenas quando for solicitado, mas em diversos momentos que assim desejar - produzir textos em diversas estruturas, pois seu olhar identifica pontos que, algumas pessoas, nem sequer percebem.

É o olhar do aluno que precisa de atenção, não apenas as suas mãos que trabalham na confecção de um texto, sem nem mesmo entender o sentido de ter registrado por meio da escrita o seu cotidiano, a sua vida, situações mil que o faz refletir.

Contudo, é sempre importante a escola e o professor tomarem cuidado para não viciarem a forma como o aluno vê ou verá o mundo que o rodeia, apontando a ele conceitos definidos previamente.

É importante, sem sombra de dúvidas, que o professor estimule olhares que busquem respostas para questionamentos feitos pelos próprios alunos, os quais podem se ver diante de situações-problemas reais ou, então, elaboradas pelo seu professor.

Desta maneira, fazer perguntas torna-se muito mais significativa para a construção coletiva do conhecimento, tanto de professores quanto de alunos, do que simplesmente apontar caminhos, dar respostas.

A pergunta incentiva a resposta, a qual não parecendo tão evidente, estimulará o aluno a ser protagonista da sua própria história, sempre buscando o conhecimento, questionando e problematizando tudo aquilo que a ele se apresentar.

Não apenas em nossos dias, mas sempre houve e haverá a necessidade de uma perspectiva diferente, um olhar de fora, um olhar do outro. As diversas questões que envolvem o lado social, político, financeiro, moral - estando todos estes fatores interligados ou não - anseiam por novidades, por alguém que seja capaz de sentar e repensar sobre aquilo que parece já ser definido ou definitivo, alguém que apresente um segundo olhar sobre o mesmo objeto.

Há beleza no que é diferente e, além do mais, há ainda mais naquilo que é diferente sem ser grosseiro, insensato. Por isso e por muito mais, cabe à escola e ao professor uma atenção sobre o seu poder de impacto na vida de seus alunos, considerando-os como pessoas que são uma diferente da outra, pessoas altamente capazes de apresentar uma nova possibilidade para enfrentar e vencer as diversas mazelas que há em nosso país, em nosso mundo.

Assim, a escola, enfim, está ou estará no caminho certo para preparar, verdadeiramente, para a vida longe de sua proteção física, dado que o conhecimento que o aluno conseguirá fazer somar ao seu o protegerá tal como uma mãe protege o filho a quem tanto ama.

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